Previsões para um novo ano têm todas algo em comum: nenhuma delas consegue antecipar com precisão as mudanças futuras, principalmente eventos inesperados em um contexto dinâmico como o que vivemos.
No entanto, fazer uma análise dos últimos meses e nos preparar para o que está por vir com as informações que temos disponíveis hoje é um exercício válido que nos ajuda a fazer escolhas de ordem profissional e pessoal.
Para apoiar a reflexão de cada um sobre o ano que passou e o que vislumbramos para 2021, trarei algumas tendências e contribuições para o planejamento profissional nas duas primeiras colunas do ano, começando nesta de janeiro.
Home office permanente?
O trabalho híbrido, no qual os colaboradores passam alguns dias da semana trabalhando remotamente, em casa, e outros no escritório, parece ser uma mudança que se estenderá pelos próximos meses, principalmente enquanto ainda estivermos em um cenário de pandemia e sem vacinação. Essa tendência traz uma série de implicações de ordem coletiva, organizacional e individual.
Migração para cidades menores continua
No aspecto mais amplo, há uma expectativa de que pessoas abandonem os grandes centros urbanos — em geral, mais caros, populosos e com menor qualidade de vida — para viver em cidades próximas das grandes capitais.
Essa migração seria uma oportunidade para alavancar o desenvolvimento econômico e cultural de municípios menores, aquecendo o mercado imobiliário e o comércio dessas regiões.
Suporte para o trabalho remoto
Nos âmbitos organizacional e individual, o trabalho remoto requer uma série de adaptações e auxílio das empresas aos seus colaboradores, desde aspectos relacionados à estrutura física até a cultura de trabalho.
É importante que os colaboradores recebam suporte para implementar uma estação de trabalho em casa, com acesso à internet rápida, mesa e cadeira adequados e plano de dados móveis para o telefone (se essa for uma ferramenta necessária ao trabalho do profissional).
Jornada adaptada
A jornada de trabalho deve se adaptar ao contexto do home office, respeitando os horários de início e término do dia produtivo, assim como pausas para almoço e café. Os fluxos de comunicação também precisam ser repensados, evitando o uso de canais pessoais, como o WhatsApp, para troca de mensagens profissionais e adotando o uso de ferramentas oficiais da empresa para este fim.
Desigualdade de gêneros acirrada
Também é importante chamar atenção, como já abordado nesta coluna, para o fato de que homens e mulheres têm jornadas de trabalho remoto distintas.
Enquanto as mulheres equilibram a atenção entre a casa, os filhos e o trabalho externo, os homens são beneficiários de uma cultura que proporciona maior facilidade para se dedicarem com exclusividade ao trabalho.
Essa desigualdade se intensifica no contexto remoto, precisando haver entendimento e ação das empresas para auxiliar as colaboradoras mulheres que estão nessa condição.
Reuniões por vídeo revisadas
As reuniões por videoconferência aumentaram muito nos últimos meses. No entanto, após este período inicial de adaptação, a frequência e a duração das reuniões também precisa ser revista, evitando que as pessoas passem horas em encontros remotos intermináveis que poderiam ser estruturados de forma mais eficiente.
Próxima coluna
Na próxima coluna, em 7 de fevereiro, abordarei as tendências de trabalho por projeto, flexibilização das relações empregatícias e atuação com organizações internacionais, trazendo uma análise sobre os aspectos positivos e desafiadores de cada uma delas, além de explicar o perfil profissional de quem mais se beneficia dessas mudanças.