Carreira em TI

Plataforma forma para carreira em tecnologia, suprindo déficit de talentos

Revelo UP analisa os perfis dos usuários, oferece sugestões de cursos e os ajuda a conseguir emprego. Conheça outras iniciativas para se capacitar em TI

Isabela Oliveira*
postado em 28/02/2021 15:03 / atualizado em 28/02/2021 15:07
Lucas Mendes, cofundador da Revelo: falta gente capacitada -  (crédito:  Revelo/Divulgação)
Lucas Mendes, cofundador da Revelo: falta gente capacitada - (crédito: Revelo/Divulgação)

A Revelo, startup de recrutamento e seleção na área de tecnologia, criou uma plataforma de aceleração de carreiras para auxiliar as pessoas a estarem aptas para vagas de emprego em tecnologia e fazer o “match” com empregadores.

A iniciativa se chama Revelo UP, tendo o foco de dar um “up” na carreira. Mais do que nunca, os processos seletivos mostram para os candidatos que não basta ter somente uma graduação no currículo. É preciso estar constantemente capacitado e fazer outros cursos a fim de aumentar as chances de contratação.

No entanto, as empresas encontram dificuldade para achar pessoas que tenham pré-requisitos fundamentais para as vagas, os quais, muitas vezes, seriam preenchidos com cursos extracurriculares.

Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) calcula que o déficit na força de trabalho do setor de TI (tecnologia da informação) deve chegar a 270 mil profissionais até 2024.

A cada ano, o Brasil precisaria formar 24 mil novos profissionais a mais na área para suprir a demanda das empresas. Anualmente, o país forma 46 mil, o que ainda não é suficiente. No mercado de tecnologia brasileiro, ainda sobram vagas de trabalho por falta de mão de obra qualificada.

Impacto social

O cofundador da Revelo Lucas Mendes conta que a ideia da plataforma surgiu para auxiliar as empresas com mão de obra especializada, mas o dever é muito maior com os funcionários.

“Não falta gente no mercado, falta gente capacitada com as habilidades que o mercado precisa. Por isso, nosso objetivo é fazer os profissionais crescerem na carreira e não cobrar nada para que se inscrevam na plataforma e consigam trocar de emprego”, afirma Lucas.

Os beneficiados se comprometem a restituir os valores após finalizarem a capacitação. Os alunos começam a pagar 30 dias após a conclusão do curso, e o débito pode ser quitado em até 24 vezes no boleto.

Há juros e o valor não é fixo, pois depende da formação e da escola que o estudante escolher. Em alguns casos, as empresas contratantes decidem pagar pelos trabalhadores.

A plataforma funciona desde 2019, mas foi lançada oficialmente em setembro de 2020. O programa, até o momento, oferece opções de capacitação nas carreiras de desenvolvimento, dados, UX/UI Design (design de experiência e interface do usuário), produto, marketing digital e vendas.

Desde o lançamento, a Revelo registrou um crescimento de 150% na procura pela plataforma. Houve uma diversidade muito grande em todo o Brasil de pessoas cadastradas, sendo que a concentração fica com as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

“A gente operou a plataforma por tanto tempo antes de começar para garantir que a gente conseguisse entregar esse resultado”, explica Lucas Mendes. “Esse produto não é só um negócio, ele realmente tem um impacto transformacional para mudar a vida das pessoas”, comemora.

Todo mundo ganha

Quem se inscreve na plataforma ganha o benefício de poder finalmente estar preparado para uma candidatura e receber auxílio da Revelo no processo. Para Lucas Mendes, o principal propósito da plataforma é promover transformação social na carreira dos candidatos.

“A gente consegue pegar pessoas que não tinham uma perspectiva de carreira e conseguimos abrir portas para elas”, afirma o engenheiro formado pela Universidade de São Paulo (USP).

O aumento de chance de contratação do candidato, que triplica as possibilidades, e a mudança salarial estão entre os maiores impactos da plataforma. A maior parte dos profissionais que se formam pela Revelo UP conseguem emprego novo em menos de 60 dias depois da formatura, de acordo com o cofundador Lucas Mendes.

Para ele, isso demonstra a agilidade do processo em contribuir para a mudança de carreira do candidato. Por sua vez, empresas têm acesso a profissionais mais qualificados e poderão economizar custos que seriam destinados à capacitação interna de funcionários. Além disso, as instituições que recebem os alunos têm o dever de oferecer cursos de acordo com a demanda do mercado.

Estude e prepare-se!

Quer mudar de carreira ou investir em outros cursos on-line na área de tecnologia da informação? Confira opções gratuitas ou com pagamentos possíveis só após o término do curso:

Academia Tech
A Faculdade Anhanguera de Brasília, unidade Pistão Sul, lança o Academia Tech, programa com 12 capacitações em tecnologia para o ensino superior. Os cursos abordam temáticas como computação em nuvem, cibersegurança, inteligência de mercado e análise de dados, ciência de dados, arquitetura de dados, análise e desenvolvimento de sistemas, desenvolvimento web e marketing digital. A duração é de quatro a cinco semanas. Para se matricular, acesse: academia-tech.anhanguera.com. Mensalidade a partir de R$ 149.

Kenzie Academy
A escola de programação Kenzie Academy Brasil oferece formação para programadores web full-stack de maneira on-line com duração de 12 meses. Inscreva-se em: www.kenzie.academy. Os estudantes não pagam nada durante o curso e, depois de empregados com renda mínima de R$ 3.000, devolvem 17% à Kenzie Academy por até 60 meses.

Bootcamp para mulheres
A Laboratória, organização social com o objetivo de auxiliar na formação de mulheres, está com inscrições abertas para um bootcamp de seis meses sobre programação. O curso começará em maio e será remoto. Para poder participar, a jovem precisa ter estudado em escola pública e ter disponibilidade de frequentar as aulas cinco vezes por semana, de segunda a sexta, à tarde. As alunas não pagam nada durante o curso e, depois de empregadas, devolvem 15% do salário por até dois anos. As inscrições da seleção vão até 21 de março pelo site: selecao.laboratoria.la.

Samsung Ocean
O Samsung Ocean, programa de capacitação da Samsung, fará uma série de cursos on-line e gratuitos sobre Python durante o mês de março. Os cursos serão ministrados por professores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Universidade de São Paulo (USP), e por parceiros, com certificado de participação. Confira a programação completa e se inscreva pelo site: www.oceanbrasil.com.

Cinco passos para acelerar a carreira

A inscrição na plataforma é totalmente gratuita, e somente as empresas que contratam por meio da Revelo UP pagam uma taxa. Para otimizar a carreira e aumentar as chances nas vagas de emprego, o trabalhador interessado precisa seguir alguns passos.

Formulário
O candidato entra na plataforma e responde a uma série de perguntas sobre currículo, habilidades, pretensão salarial e objetivos profissionais;

Conversa pessoal
A Revelo entra em contato para uma conversa individual, com o objetivo de identificar as forças e as fraquezas da pessoa;

Comparação
A empresa compara o perfil do candidato com os perfis que as empresas buscam para o cargo indicado;

Curso
A plataforma indica vários cursos, de valores e instituições diferentes, para a pessoa estar mais preparada para a vaga;

Quem paga
Por fim, a Revelo banca todos os custos diretamente com a escola e, ao concluírem o curso, os estudantes começam a pagar. Ou, caso o candidato consiga uma vaga, algumas empresas oferecem o benefício de pagar a formação para o funcionário.

Para conhecer a plataforma e efetuar a inscrição, acesse: up.revelo.com.br.

Conhecimento faz diferença

Nykolle Malone, engenharia de software, fez um curso pelo programa
Nykolle Malone, engenharia de software, fez um curso pelo programa (foto: Arquivo Pessoal)

Uma das primeiras alunas da Revelo UP, antes mesmo de a plataforma ser lançada, foi Nykolle Malone, 27 anos. A engenheira de software se formou em enfermagem em 2016, mas percebeu que o trabalho desempenhado não fazia os “olhos brilharem”. Ela conheceu a Revelo UP por indicação de amigos e decidiu se inscrever.

Nykolle escolheu o curso de desenvolvimento web full stack (capacitação para formação de desenvolvedores nas principais metodologias e linguagens de desenvolvimento de software) e fez a formação presencialmente em São Paulo. Foram dois meses e meio de estudo, entre 18 de novembro de 2019 e 7 de fevereiro de 2020. Após concluir a capacitação, Nykolle quem arcou com os custos e escolheu parcelar em 18 vezes.

A engenheira tinha conhecimento básico da área e optou por um segmento tão diferente da saúde pelo dinamismo e desafios prometidos pela nova carreira. “Gosto do desenvolvimento web pelos aprendizados diários e crescimento. O desenvolvimento dentro da área é sempre muito rápido”, explica Nykolle.

Na última semana de aulas, a escola forneceu atividades de contratações, em que os alunos fazem testes de cultura organizacional para saber se davam “match” com empresas conveniadas. Nykolle sempre esteve em contato com a escola e com a Revelo para ficar a par de possíveis vagas, mas, antes de concluir a formação, ela estava em negociação com uma companhia.

“Meu primeiro emprego como engenheira de software consegui um mês após acabar o curso. Foi um processo seletivo por fora, sem auxílio da Revelo ou da escola, e trouxe bons frutos. Antes de acabar os estudos, eu já estava com proposta na mão”, celebra. Atualmente, Nykolle mora em São José do Rio Preto (SP).

Recompensas

Caio Rocha, desenvolvedor júnior, conseguiu um salário maior
Caio Rocha, desenvolvedor júnior, conseguiu um salário maior (foto: Arquivo Pessoal)

Caio Rocha, 31 anos, desenvolvedor júnior em São Paulo, conheceu a Revelo UP depois de ver uma propaganda na internet. “Fiz o cadastro em outubro de 2019 e fui contratado em março de 2020. Estava passando por um processo de transição de carreira e falei: preciso investir em mim”, conta.

Ele teve uma experiência muito positiva. “Para mim, fez toda a diferença porque hoje eu estou bem empregado em uma posição muito boa com tendências de crescer”, comemora.

Caio relata que a contração ocorreu por meio de um teste que ele só pode fazer por causa do conhecimento que adquiriu nos cursos de HTML, CSS e Javascript, que são as bases da programação. “Atualmente, atuo como desenvolvedor júnior e meu salário é quase três vezes maior do que costumava ser”, celebra. O desenvolvedor júnior optou por parcelar o curso em 15 vezes e ainda restam cinco parcelas para quitar o valor.


Transformação digital em curso

A pandemia trouxe consigo uma mudança de paradigma e acelerou a transformação digital das organizações. As empresas começaram a operar em home office, a fazer uso de aplicativos e reuniões por videoconferência. Houve também uma grande oferta de cursos on-line gratuitos ou com descontos para que as pessoas se capacitassem.

Dentro desse contexto, a Revelo funciona como uma curadoria, entendendo as verdadeiras necessidades dos usuários e quais lacunas precisam ser preenchidas. “A gente consegue direcionar as pessoas para os cursos que efetivamente têm um impacto na empregabilidade delas”, explica Lucas Mendes.

Nesse contexto de transformação digital, a startup acredita que as mudanças vieram para ficar e trouxeram consigo competências diferentes a serem exigidas no mercado. “A capacitação, mais do que nunca, vai se tornar algo contínuo e absolutamente necessário”, observa Lucas.


*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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