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Bolsa-estágio

Pesquisa revela as carreiras que melhor remuneram estagiários

Segundo levantamento do Nube, a média nacional da bolsa de estágio ficou em R$ 1.007,06. Cursos mais bem pagos são agronomia, ciências atuariais e econômicas

A média nacional das bolsas de estágio é de R$ 1.007,06, segundo pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube). Os cursos de ensino superior, tecnólogo e técnico mais bem pagos são, respectivamente, agronomia, tecnologia em banco de dados e técnico em edificações.

Agronomia estava em quarto lugar no último estudo e, agora, desbancou ciências atuariais com uma diferença de 4%. Os futuros agrônomos recebem, em média, R$ 1.847,97 ao mês. Para os cursos tecnólogos, o de banco de dados permanece no topo, com remuneração média de R$ 1.360,20. Secretariado caiu quatro posições, e gestão comercial entrou na lista dos cursos mais bem pagos.

No nível técnico, o curso de edificações saiu do quarto lugar para o primeiro, com uma bolsa média de R$ 916,32. A área de eletro teve queda com os cursos de eletromecânica, eletroeletrônica e eletrotécnica, que deram lugar a marketing, rede de computadores e contabilidade.

Aprendendo a lidar com pessoas

Arquivo Pessoal - "O agronegócio sustentou a economia do país e o agro alimentou o Brasil e outros países do mundo inteiro" Maria Clara Magalhães, estudante de agronomia e estagiária

Estudante do curso superior mais bem remunerado do mercado, Maria Clara Teixeira Magalhães, 22 anos, já tem duas experiências de estágio. Ela estuda agronomia na Universidade de Brasília (UnB) e estagiou no campo, na Fazenda Água Limpa (FAL-UnB), e, agora, estagia na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ela está no estágio há um ano e seis meses e participa da elaboração de planilhas e compilação de dados.

O principal desafio que ela enfrenta, além de lidar diariamente com pessoas, o que não ocorria no estágio em fazendas, é conciliar a atividade com o curso. Para ela, o agronegócio não foi impactado pela pandemia, pois as necessidades dos brasileiros, quanto à alimentação, por exemplo, continuam existindo e aumentando.

“O agronegócio sustentou a economia do país e alimentou o Brasil e países do mundo inteiro”, ressalta a estudante do 8º semestre. Para o futuro, ela almeja uma carreira financeiramente estável: “Pretendo trabalhar, de preferência, em multinacional ou fazer concurso público, visando a uma estabilidade financeira”.


Áreas aquecidas

Nube/Divulgação - "Agronomia cresceu bastante nos últimos anos, e é o agrobusiness que tem a carreira de estágio com a maior bolsa-auxílio do Brasil" Seme Arone, presidente do Nube

De acordo com Seme Arone Junior, presidente do Nube, as carreiras mais bem remuneradas nos cursos superiores, tecnólogos e técnicos estão em alta porque o mercado tem muitas vagas. Dentre as áreas de maior destaque em relação ao ano anterior estão os cursos de engenharia, tecnologia e agronomia.

“Agronomia cresceu bastante nos últimos anos, e é o agrobusiness que tem a carreira com a maior bolsa-auxílio do Brasil”, pontua o presidente do Nube. Para os cursos técnicos, o destaque fica com o técnico em edificações. “Vale a pena a gente lembrar que, mesmo com a crise, houve uma retomada muito grande do setor de construção civil por causa da alta na busca de um imóvel para morar e dos juros menores”, ressalta.

Análise por regiões

A região Sul segue como a que melhor paga estagiários, com bolsa média de R$ 1.136,80. O Centro-Oeste, antes ocupando a segunda posição, deu lugar ao Sudeste (média de R$ 1.007,89). O Nordeste também ultrapassou o Centro-Oeste com uma diferença de menos de um real: R$ 981,18 e R$ 980,73, respectivamente. No Norte, o resultado ficou em R$ 776,62.

Ao ponderar o desempenho por idade, quem tem entre 24 e 29 anos ficou na frente dos demais quanto ao salário, com média de R$ 1.161,15. O presidente do Nube acredita que a maior concentração se deu nos jovens adultos pelo perfil mais maduro. “As empresas, quando vão contratar, buscam o perfil comportamental de melhor comunicação, maturidade, compromisso, e esse perfil está nessa faixa de 24 a 29 anos”, diz.

Estágio a distância

Nem tudo na pandemia foi perdido. Seme Arone, do Nube, acredita que 2021 tem tudo para democratizar ainda mais as vagas de estágio e ser um ano melhor para quem não conseguiu conquistar a primeira experiência no ano passado. Também há chance de aumento das bolsas: para 2021, a expectativa do Nube é de um aumento entre 3% e 5% no valor pago aos estagiários.

“A possibilidade de trabalhar a distância pode trazer mais vagas e ajudar estudantes que não conseguiram chances em outras regiões a terem acesso às oportunidades das empresas que procuram profissionais e não conseguem encontrar”, afirma. “Vamos democratizar o acesso por causa da tecnologia, podendo aumentar o valor das bolsas em algumas carreiras pela melhor distribuição de vagas.”

 





Homens X mulheres

A pesquisa do Nube analisou a diferença entre o desempenho dos estagiários homens e das estagiárias mulheres, que foi de 8,8%. O público masculino retira mensalmente R$ 1.057,40, enquanto o feminino, R$ 964,23.

Seme Arone, presidente do Nube, explica que não pode haver diferenciação de gênero durante a contratação. Por isso, essa diferença não está relacionada às mesmas posições ou funções, mas, sim, à escolha do curso.

“Isso acontece porque há uma concentração de homens em carreiras de exatas e faltam profissionais. As áreas de exatas acabam remunerando melhor esses profissionais por causa da oferta e da demanda; você tem mais vagas e menos pessoas”, explica.

Saiba Mais


Representatividade feminina impactada

Segundo levantamento feito pelo Ciee, a pandemia impactou a representatividade feminina entre estagiários. O índice de mulheres passou de 65%, em 2020, para 63% no início deste ano.

Pedagogia, curso com presença majoritariamente feminina, apresentou queda de nove pontos percentuais em relação a 2020. O curso de psicologia se manteve estável, e o de engenharia civil regrediu 2% em comparação com o ano anterior.

A pesquisa também analisou a idade de entrada no mercado de trabalho. Em 2020, estagiárias entre 17 e 19 anos representavam 12% do total de estudantes mulheres. Porém, em 2021, essa relação caiu para 10%. Na faixa etária entre 20 e 25 anos, passou de 82% para 58%.


Participação feminina


Confira as porcentagens da presença de estagiárias em sete cursos em 2020 e 2021 segundo estudo do Ciee:

Ano - 2020 2021

» Direito - 27% 26%
» Pedagogia - 24% 15%
» Administração - 14% 11%
» Ciências contábeis - 4% 3%
» Psicologia - 3% 3%
» Enfermagem - 2% 3%
» Engenharia civil - 3% 1%

 

*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa