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Especialistas descrevem mudanças no mercado de trabalho pós pandemia

Em entrevista ao Correio, Daria Neto, representante do ICCB destaca mudanças que vieram para ficar. Rina Xavier, do Ibmec/DF, pontua novas habilidades necessárias ao empregado

Diante da realidade imposta pela disseminação da covid-19 e o isolamento social, profissionais de todo o mundo precisam encarar um mercado de trabalho diferente. A tecnologia passou a fazer ainda mais parte da vida de todos no novo normal. A adaptação para ambientes digitais foi rápida e forçada, mas ainda gera atritos.

Os desafios não são poucos para empregados, empregadores e para aqueles que ainda querem entrar no mercado. Apesar das dificuldades, a pandemia foi capaz de apressar tendências que já estavam em curso para o futuro do trabalho.

Para esclarecer mudanças em curso e traçar um panorama da atual situação, confira entrevista com Dario Neto, diretor-geral do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), CEO do grupo de gestão de investimentos Anga, engenheiro ambien.


Há uma nova dinâmica de trabalho daqui para a frente?
Sim. A gente tinha movimentos em franca ascensão falando de novos sistemas de gestão e de distribuição de poder e da quebra da hierarquia. A gente também tinha movimentos que já falavam de trabalho remoto. Como uma tendência da pandemia, essa agenda está caminhando para o centro da discussão, não é mais uma discussão periférica.

Em função da pandemia, pode-se dizer que houve uma evolução tecnológica do mercado de trabalho?
Eu diria que é uma evolução não só de adoção das tecnologias, mas é uma evolução cultural acima de tudo. As ferramentas e os softwares já existiam antes da pandemia. Talvez agora a gente acelere a adoção de muitas dessas ferramentas que viabilizam um bom trabalho remoto.

Como suavizar as dificuldades que empregadores e funcionários enfrentam com as novas tecnologias?
Muitas vezes a gente trata como óbvia essa adaptação às novas tecnologias e ao trabalho remoto, o que não é. Muitas boas soluções estão sendo desenvolvidas tanto para a capacitação de ferramentas quanto para o desenvolvimento da consciência criativa digital. É superimportante que as áreas de recursos humanos das empresas não partam do pressuposto de que isso vai acontecer naturalmente para todos os times de pessoas e que exista investimento.

De algum modo, a relação entre empregador e empregado muda neste novo normal?
De maneira geral, sinto que essa crença que o colaborador não é digno de confiança, de que ele não vai trabalhar e de que é preciso controlar, para muitas organizações caiu. Acho que isso surpreendeu as empresas não só porque elas estavam, sim, trabalhando de casa, mas, de certa forma, produzindo mais.

Quais atribuições de um líder são necessárias para melhor atuar neste momento e no pós-pandemia?
De fato, eu sinto que a gente tem uma aceleração da agenda de consciência e da agenda de digitalização e isso demanda novos comportamentos de liderança. Então a gente tem falado muito que os novos comportamentos de liderança demandam do líder uma capacidade emocional muito maior do que se demandava antes, tendo uma abordagem muito mais humana, pautada em amor e cuidado nas relações.

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PALAVRA DE ESPECIALISTA

O novo mercado de trabalho: habilidades à prova

Arquivo Pessoal - Rina Xavier Pereira, gerente-geral do Ibmec em Brasília, doutora em administração com ênfase em finanças pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

“A maior preocupação quanto à pandemia da covid-19 no Brasil foi a possibilidade de tirar vagas do mercado de trabalho, o que jogou luz na preparação dos profissionais que já estavam nele inseridos. Nunca havíamos mudado a forma de trabalho de maneira tão rápida e dinâmica.

Assim, vieram as perguntas: estou preparado? Tenho condições para desempenhar meu papel da mesma forma? Muitos correram atrás de cursos, outros aprenderam com a rotina. Porém, fica a questão: quais são as habilidades que eu preciso ter?

Ficou muito claro que os que mantiveram o emprego durante a pandemia foram aqueles que tinham habilidades específicas para atender ao negócio. A importância de estar capacitado é gritante e não tem como ser escondida.

O novo normal envolve estar capacitado, ter habilidades técnicas, saber trabalhar em equipe remota e estar antenado com novos conhecimentos.”

 

*Estagiário sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa