Eu, Estudante

Mulheres hipercriativas

Secretaria da Mulher inaugura pontos presenciais para cursos gratuitos

A pasta iniciou a instalação de locais de apoio nas RAs para mulheres que não têm acesso à internet. Capacitação em economia criativa ocorre há mais de um mês

A missão de promover a capacitação de 4 mil mulheres do Distrito Federal e entorno para se tornarem empreendedoras, gratuitamente e on-line, é um esforço que a Secretaria de Estado da Mulher em parceria com a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) está realizando mediante o projeto Mulheres Hipercriativas. Pontos de encontro para pessoas que não têm acesso à internet e, portanto, não conseguem fazer o curso, começaram a ser inaugurados nas regiões administrativas. Na última sexta-feira (28), foi a vez do SIA e de Ceilândia.

Segundo a Secretaria, 23% das mulheres brasilienses estão fora do mercado de trabalho, e, diferentemente dos homens, elas são as mais prejudicadas economicamente pela pandemia do novo coronavírus.

Pensando nisso, o projeto que conta com o apoio da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, viabilizou cursos on-line ministrados por mulheres para mulheres. São 32 cursos, das mais diversas áreas: publicidade; marketing; organização de eventos; design gráfico, multimídia e de produtos; moda; gastronomia e empreendedorismo. Quem quiser ainda pode se inscrever no site http://mulhereshipercriativas.com/.

A professora do curso Fotografia de Produto para Redes Sociais Nathália Millen conta que teve alunas em Roraima e no Piauí e sequer imaginava que fosse alcançar esses locais. Para ela, é gratificante poder ajudar essas pessoas, ainda que não sejam do DF. “O impacto do projeto é gigante! O curso on-line chega aonde não conseguimos chegar. Atingimos outros estados sem nem imaginar que teria essa procura. E para mim foi ótimo, se podemos ajudar e impactar a vida de mais mulheres, por que não?”, argumenta.

Ericka Filippelli, secretária da Mulher, afirma que é um novo caminho para oferecer a mulheres, principalmente porque elas foram bastante atingidas com o impacto econômico da pandemia, devido ao fato de que muitas trabalhavam no setor de serviços. “Essa parceria com as administrações oferece uma porta aberta e reforça a visão que o governo tem de abrir espaços públicos que a comunidade use, de trazer a população para perto. Muitas não têm computador ou internet em casa. Então, pensamos em criar esses pontos de encontro e oferecer às mulheres 32 cursos na área de economia criativa”, afirma sobre o projeto e os espaços que serão abertos em cada região administrativa.

“O Projeto Mulheres Hipercriativas tem a expectativa de ser a porta de acesso ao empreendedorismo para as 4 mil mulheres que desejamos alcançar por meio das capacitações e da rede que tem sido criada em torno da iniciativa. Para o sucesso, contudo, o apoio das mais diversas organizações é fundamental a fim de que possamos fortalecer a formação e o desenvolvimento nas áreas da economia criativa”, explica Raphael Callou, Diretor e Chefe da Representação da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) no Brasil.

Nathália Millen diz que a ideia é alinhada com o propósito e objetivo de vida dela, de ajudar outras mulheres. Conforme o que ela diz, sempre trabalhou com mulheres empreendedoras de vários nichos. “A fotografia é uma forma de divulgação na internet e uma vitrine para fotógrafos”.

“Eu, como profissional de retrato, ajudo mulheres a se divulgarem melhor na internet por meio da fotografia com essência, bem feita, de coração mesmo”, afirma a professora do curso Fotografia de Produto para Redes Sociais.

Ela diz, ainda, que o conhecimento é a única coisa que não pode ser tirada e que, por isso, o projeto é tão necessário. Segundo ela, o Mulheres Hipercriativas é uma plataforma que entrega com excelência vários cursos em diversas áreas. “É impactante demais!”.

Arquivo Pessoal - Para a fotógrafa, o conhecimento é a única arma que não pode ser tirada das mulheres

O resultado é sempre muito satisfatório. Segundo relato de Nathália Millen, toda última aula ela chora de emoção. “A transformação é nítida! Como professora, consigo perceber o crescimento e a dedicação de cada aluna que faz o meu curso, e é mágico comparar a primeira atividade com a última", ressalta.

O efeito começou

Emy Leitão, aluna dos cursos de Empreendedorismo Digital e de Eventos On-line e Digital, afirma que foi impactada grandemente, pois “já estava num processo de empreendedorismo e pensando em abrir um MEI (Microempreendedor Individual)”. Segundo ela, a partir da iniciativa Mulheres Hipercriativas, pôde perceber qual atividade ela se encaixaria melhor.

“Agora, eu já abri a minha empresa, o nome dela é Certifica Contabilidade, e não vou deixar de empreender com produtos de beleza. É um outro nicho que eu também aprendi a mexer nesse nesse período. E esse curso deu uma organizada na minha vida, então, tudo que eu já tinha vontade de fazer, consegui definir melhor com o curso”, explica Emy Leitão.

A empreendedora, hoje, faz declaração de Imposto de Renda, mas conclui que, no momento, precisa de parcerias com outras empresas fixas para poder trabalhar e ter condições de pagar funcionários.

“Eu fiz o curso, anteriormente, pensando em arrumar um emprego, em estar atualizada, mas aí eu percebi que eu mesma posso fornecer oportunidades de emprego para outras pessoas”, explica a dona da Certifica Contabilidade. A partir do curso, segundo a empreendedora, ela conseguiu renda. Apesar de já trabalhar com produtos de beleza, os lucros aumentaram.

Pontos de encontro

O primeiro ponto aberto foi na Candangolândia e na quarta-feira (26), foi inaugurado no prédio da Agência do Trabalhador, em Taguatinga, o espaço Empreende Mais Mulher. Nele, as mulheres poderão se conectar, fazer o curso on-line, imprimir atividades e se reunir em grandes mesas. Na última sexta-feira (28), foram abertos, também, mais dois espaços, o da administração do Setor de Indústria e Abastecimento e o da Ceilândia.

Serão inaugurados ainda pontos nas administrações regionais do Cruzeiro, São Sebastião, Paranoá, Estrutural, Vicente Pires e Guará.

“O curso on-line chega onde não conseguimos chegar. Atingimos outros estados sem nem imaginar que teria essa procura”,

Nathália Millen, professora do curso Fotografia de Produto para Redes Sociais