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Dicas

Como se preparar para uma entrevista de emprego

Controle emocional e saber sobre a empresa são dois critérios essenciais que vão demonstrar mais assertividade dos candidatos, segundo especialistas da área de gestão de pessoas e coordenação de empresas

Para estar bem preparado para uma entrevista é preciso saber qual lugar o candidato quer ocupar no mercado de trabalho. A partir dessa clareza, será mais fácil vender o currículo para o potencial empregador. Há especialistas que afirmam a necessidade de ser um vendedor em todas as carreiras, porque, de qualquer maneira, um profissional sempre estará colocando à disposição o seu trabalho, que, para ser bem-sucedido, precisa ser atraente.

Com o reaquecimento lento do mercado, desempregados veem novas chances de serem contratados por empresas que nunca imaginaram trabalhar. A taxa de desocupação caiu 0.6% no segundo trimestre deste ano, passando para 14,1%. Entre os fatores que desinflou a taxa de emprego no país, estão a vacinação cada vez mais rápida e a reabertura do setor de comércio e serviços. Mas, de acordo com a psicóloga e doutora em psicologia social do trabalho e das organizações Polyana Andrade, o contexto externo ainda impacta muito o candidato.

O indivíduo pode estar numa situação de ansiedade e insegurança e traz junto a ele a realidade econômica, social e pandêmica atual. “Dessa maneira, a pessoa não sabe se, de fato, vai dar conta ou não das atribuições descritas no cargo. Trata-se, também, de uma autocobrança”, afirma.

Arquivo Pessoal - O contexto externo impacta muito o candidato, segundo a psicóloga Polyana

A psicóloga enfatiza que um desempregado pode ter uma situação psíquica mais frágil sem que isso prejudique a inserção dele no mercado de trabalho. “Quando falo de ansiedade, insegurança e autocobrança, são características que, via de regra, todos podemos ter. Então, é pensar que pode se tornar um problema quando essas características extrapolam o limite da normalidade”, diz.

Sobre esse mesmo aspecto psicológico, Felipe Calbucci, diretor de vendas do Indeed Brasil, site de empregos, afirma que enquadrar a discussão da entrevista em torno de palavras positivas e fortes pode ajudar o candidato a adquirir confiança e equilíbrio neste momento. Por isso, o especialista deixa seis palavras-chave essenciais para serem utilizadas na recrutação.


Motivação

Quando estiver em uma entrevista, tente dizer: "Estou motivado em discutir o que posso trazer para a sua empresa". É uma linguagem positiva e esperançosa que mostra confiança em suas habilidades. Em seguida, durante a entrevista, você pode usá-la para explicar os aspectos da vaga que mais gostaria de desempenhar ou explicar seu estilo de trabalho.

Respeito

Após se familiarizar com a empresa, você pode descrever ao entrevistador aspectos específicos sobre os produtos, práticas, diversidade ou projetos da companhia que você respeita. Isso mostra que pesquisou e pode levar a uma conversa mais profunda sobre esses tópicos. Você também pode descrever mentores ou líderes, e as qualidades sobre eles que respeita e se inspira.


Oportunidade

“Oportunidade” é uma palavra que descreve as chances que você teve de desenvolver suas habilidades e mostra possibilidade e gratidão. É frequentemente associada a uma oferta de emprego na entrevista. Você pode falar sobre oportunidades anteriores e como está animado com as perspectivas de novas.

Experiência

Embora seu currículo deva falar de sua experiência de trabalho, geralmente é um resumo das muitas tarefas que você realizou durante sua carreira. Quando possível, é bom descrever na entrevista funções, projetos ou resultados em termos de experiência de trabalho, de estudos e intercâmbios que sejam relevantes. Usar essa palavra vai lhe ajudar a soar como alguém qualificado.


Liderança

Mesmo que você não esteja em uma entrevista para um cargo de gestão, a liderança em qualquer função é valiosa. Descreva uma ocasião em que você recebeu uma posição de liderança ou experiências que o ajudaram a desenvolver habilidades de liderança. Pense sobre o que ser um líder significa para você e, então, elabore sua fala.

Flexibilidade

Se você demonstrar que pode trabalhar com várias pessoas em muitos ambientes diferentes, como o trabalho remoto, e se adaptar a mudanças em projetos, prazos e escopo, irá parecer uma adição flexível e positiva para o time. Você pode explicar como se adaptou a uma mudança em circunstâncias do passado, e o que ser flexível ensinou a você sobre si mesmo.

ENTREVISTA / Felipe Calbucci

Thais Falcão/Olho do Falcão - As roupas são essenciais na hora da entrevista, pois é necessário estar confortável, segundo Felipe

"Quanto mais informado e preparado estiver o candidato, mais confiante ele ficará"

Diretor de vendas do Indeed Brasil, site de emprego, dá dicas importantes sobre como o futuro empregado deve se apresentar na etapa da seleção e o que um recrutador espera ouvir dele para que possa contratá-lo

O que o candidato deve fazer para estar mais confiante e equilibrado nos processos seletivos?
Passar confiança em uma entrevista de emprego pode ser tão importante quanto mostrar habilidades e demonstrar qualificações. É importante praticar a maneira como você transmite sua confiança e profissionalismo, porque isso pode melhorar seu desempenho na entrevista e também lhe ajudar a se acalmar. Quanto mais informado e preparado estiver o candidato, mais confiante ele ficará. Algumas outras dicas que podem ajudá-lo a ficar mais confiante em uma entrevista de emprego são: fazer contato visual e manter uma boa postura (se pessoalmente); acalmar a inquietação ou movimentos das mãos e falar devagar. Além disso, preparar e ensaiar suas respostas é uma boa maneira de aumentar a confiança.

Quais outros aspectos, sejam palavras, comportamentos ou mesmo visual, você acha que podem contribuir na busca dos candidatos por vagas no mercado de trabalho?
Seu tom de voz pode dizer muito sobre sua personalidade e sua confiança. Se você deseja causar uma boa impressão nos entrevistadores, pratique falar de forma confiante, profissional, mas amigável ao mesmo tempo. Além disso, concentre-se em sua linguagem corporal e preste atenção em como você gesticula, como entra em uma sala, como mantém o contato visual e quando e como sorri. Às vezes, ao se preparar para uma entrevista, pense em selecionar seu traje como o detalhe final que une todos os seus esforços. Ao considerar como se vestir para uma entrevista, escolha roupas que façam você se sentir confortável e confiante.

Enfrentamos um certo tempo de pandemia que tornou comum os processos seletivos on-line. Existem maneiras de se portar melhor em uma entrevista remota?
Com certeza. De novo, a preparação é um passo essencial para qualquer entrevista, seja on-line ou presencial. Mas as entrevistas on-line exigem alguns recursos específicos, por isso, é importante estar familiarizado com o equipamento e software necessários. O candidato pode agendar uma chamada de teste com um amigo ou familiar, por exemplo, e verificar se o microfone e os alto-falantes estão funcionando corretamente, ou se a conexão de internet oferece suporte para vídeo ao vivo. Escolher um fundo neutro e um local o mais silencioso possível também ajuda, pois qualquer distração pode deixar o candidato ainda mais nervoso. Além de tudo isso, as mesmas recomendações para as entrevistas presenciais valem para as on-line, como vestir-se de maneira mais profissional, é claro, e um detalhe que as pessoas tendem a esquecer nas entrevistas. Use calças, ou saias, e sapatos, porque você nunca sabe se vai precisar levantar ou se afastar da câmera por algum motivo.

Como foi o ano de 2021 para a Indeed em termos de conectar pessoas e empregadores? Foi melhor,
quando comparado ao ano de 2020? Houve algum crescimento ou diminuição de disponibilidade de vagas,
bem como de contratações?
O ano passado foi difícil para todos os setores, principalmente para o mercado de trabalho. Ainda assim, o Indeed continuou com sua missão de conectar as pessoas ao seu emprego dos sonhos. Embora as contratações em todo o país tenham sido impactadas no início de 2020, desde então, vimos um rápido crescimento nas contratações e, segundo dados puxados na plataforma no dia 27 de agosto, as vagas de emprego no Brasil agora estão 98,5% acima dos níveis pré-pandêmicos. Os empregadores estão contratando em um ritmo acelerado, conforme a demanda por colaboradores se fortalece. É um ótimo momento para as pessoas procurarem empregos.

Saiba Mais


Dicas de como passar numa entrevista

1 - Procure o máximo de informações que puder sobre a empresa que está lhe entrevistando. Você pode pesquisar a missão, visão e valores e observar o que você gosta nelas, isso irá lhe ajudar a ter uma noção sobre a instituição e fazer você se sentir preparado.

2 - Procure possíveis perguntas a serem feitas na entrevista. Embora não seja possível prever o que será perguntado,
há alguns questionamentos frequentes, pois há questões técnicas dependendo da vaga ou setor.

3- Prepare as respostas para essas perguntas e pratique-as com um colega. Peça a opinião desse colega sobre a qualidade das respostas, ou pratique sozinho com o gravador do celular, ouvindo suas respostas depois.

4- Tenha clareza do seu autoconceito. As organizações têm orientado processos seletivos para a busca de candidatos diferenciados. Ou seja, que conheçam seus talentos e dificuldades e que, além das competências técnicas exigidas para a atividade, consiga transpor saberes para situações não previstas.

5- Demonstre ser (e seja) um indivíduo adaptável. Essa pessoa precisa demonstrar ser adaptável e se dispor
a atuar em diferentes áreas, nas mais variadas modalidades de trabalho: presencial, remoto ou híbrido. Ademais, há uma maior valorização de candidatos que têm competências socioemocionais (habilidade relacional, empatia, flexibilidade, resiliência, entre outras).

Conheça a si mesmo antes de ir para a seleção

Ao falar sobre como recusas em entrevistas podem afetar os candidatos nos processos seletivos seguintes, a psicóloga e doutora em psicologia social do trabalho e das organizações Polyana Andrade afirma que os resultados vêm com uma negativa mas sem a justificativa dela.

“Essas organizações não dão visibilidade para um candidato sobre qual foi a falha ou quais competências precisam ser desenvolvidas. Uma pessoa que recebe diversas negativas não tem condições de desenvolver novas habilidades, de buscar o conhecimento necessário para dar conta de se inserir no mercado”, diz.

Com esse esclarecimento, o candidato pode entregar à organização um perfil completo e assertivo. Esse momento é a oportunidade para essa pessoa perceber que precisa desenvolver novos talentos ou desenvolver habilidades.

“Será que essa negativa e dificuldade é em função de uma competência que precisa ser desenvolvida ou é porque, de fato, o mercado não está conseguindo dar conta dessa demanda de candidatos?”, questiona Polyana.

O conselho é: evite negativas. O candidato não tem controle, mas pode minimizar as chances de receber um não. Para isso, é importante ter clareza do cargo que ele se aplica e do que a vaga exige. Não é recomendado distribuir aleatoriamente currículos para qualquer lugar. O indivíduo, na opinião da psicóloga, precisa estar atento e se aplicar a vagas que tenham mais chances de ser chamado e passar.

“A gente sabe que, às vezes, o candidato tem as competências dele, até busca uma oportunidade que possa de fato se encaixar com as expectativas dele. Mas, em um contexto de recessão e de dificuldade do mercado de trabalho, as pessoas se submetem às condições que aparecerem e às vagas que surgirem. Então, isso também precisa ser considerado”, diz Polyana.

Uma dica de ouro para os candidatos é que eles se apropriem do que sabem fazer. Sugiro um exercício: pegue um papel e escreva de forma livre quais são os conhecimentos que consegue identificar.


Coloque em um papel

» O que eu sei fazer?
» Quais são as minhas habilidades?
» O que eu quero fazer?
» Estou disponível e mobilizado para o quê?

Crise sanitária

Renato Souza/Divulgação - Marcelo Treff afirma que há uma longa lista de especificações do mercado para cada segmento

O especialista em gestão de carreira e professor de gestão de pessoas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Marcelo Treff, comenta que o índice de desemprego vem com tendência de alta desde 2014. Além do cenário econômico, a crise sanitária (covid-19) contribui para a manutenção das condições ruins para o emprego.

Nas outras questões devem ser levadas em conta para o desemprego elevado, a automação de algumas atividades, o desaparecimento de postos de trabalho e de profissões, a falta de políticas públicas voltada para programas de requalificação profissional, a insuficiência de programas educacionais focados nos ensinos técnico e tecnológico, principal demanda do Brasil, e, evidentemente, a falta de competências de boa parte da força de trabalho para atender às novas exigências do mercado.

No papel de professor, Treff toma como missão preparar os alunos para enfrentarem ou mesmo não sofrerem com o desemprego, alicerçando os conteúdos programáticos em reflexões acerca das mudanças e das novas demandas do mundo do trabalho. Além de capacitá-los para atuarem com autonomia em objetivos cujo propósito seja claro.

“Procuro, frequentemente, envolvê-los em atividades que lhes permitam atentar para a importância da orientação para o autodesenvolvimento, alinhada ao conceito de lifelong learning, conceito da língua inglesa que significa que nunca é cedo ou tarde para aprender”, afirma.

Sobre as necessidades do mercado, o gestor de carreira afirma que há uma gama imensa de exigências específicas de cada segmento. Nesse sentido, Marcelo aponta como promissoras as áreas relacionadas às novas tecnologias. No entanto, esse é um mundo muito amplo e complexo, pois está relacionado a aplicativos, computadores, smartphones, mas estão ligados também ao agronegócio, ao comércio eletrônico, à grande indústria do entretenimento etc.

“O século 21 é tido como a era da gestão, pois há uma demanda crescente por profissionais das mais variadas organizações. Assim, tanto os cursos técnicos e tecnológicos, quanto os bacharelados e pós-graduações em gestão, são ótimas opções”, explica o especialista.

De modo específico, os cursos que devem ser considerados, de acordo com o professor, são ciência da computação; redes de computadores, multimídia/social mídia, robótica, marketing digital, cursos na área de gestão. Além desses, a área da saúde passa por uma alta demanda de profissionais qualificados. Os principais são oriundos dos cursos de enfermagem, fisioterapia, biomedicina e biologia.

 

*Sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo