Tendência

Quem está por trás das conversas com robôs

Profissional conta sua experiência como designer conversacional em uma plataforma digital

Correio Braziliense
postado em 24/10/2021 02:00
Louise compara o trabalho do designer de conversas ao de um roteirista -  (crédito: Marcius Viana)
Louise compara o trabalho do designer de conversas ao de um roteirista - (crédito: Marcius Viana)

Louise Zeni, 31 anos, é formada em tecnologia em comunicação institucional pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Nascida em Curitiba, ela se mudou para o Rio de Janeiro para estudar teatro. Ela avalia que o fato de estudar dramaturgia desde 2015 ajudou muito na sua vida profissional. Quando se mudou para o Rio, fez entrevista para a Joco, empresa de jornadas do conhecimento que usa chatbots com propósito educacional. Ela fez a entrevista, porque a empresa estava procurando alguém que fosse da área de comunicação, e ela já tinha trabalhado com mídia impressa e assessoria de imprensa. Louise passou na entrevista e começou a trabalhar como designer conversacional.

Segundo Louise Zeni, o grande diferencial da Joco é que a empresa acredita na educação por meio da tecnologia como complemento à educação tradicional. Em 2021, a Joco desenvolveu, pela primeira vez, um chatbot em vídeo para a Training Box, uma plataforma conversacional em forma de jogo. Louise explica que, na conversa da Training Box, o usuário interage com os vídeos e descobre quando acerta e quando erra as respostas; como se fosse um quiz. Por isso, a plataforma é educacional e de entretenimento.

O foco da Training Box é a melhoria da saúde mental e do desempenho profissional. Ela foi desenvolvida com a consultoria de um psicólogo, nutricionistas e um future designer. O roteiro foi feito pela Louise Zeni e pelo Bruno Pereti, que também é designer de conversas. Os conteúdos sobre sociabilidade e saúde mental e física são abordados em 15 etapas, cada uma com cerca de cinco minutos de duração. Eles são apresentados em linguagem coloquial pela jornalista Carol Barcellos, que passou por desafios extremos, como uma maratona no deserto e uma corrida no Polo Norte. A experiência do usuário é guiada e personalizada. No final, ele recebe sugestões de conteúdos extras, como materiais de leitura, vídeos e podcasts, para se aprofundar nos assuntos aprendidos na jornada da Training Box.

Por trabalhar com conversas pré-arquitetadas, Louise compara o trabalho do designer de conversas ao de um roteirista: "O chatbot fala, mas nem sempre o usuário vai dar a resposta esperada, por isso você tem que estar preparado para diferentes respostas. "O papel do designer de conversas é criar esse fluxo conversacional, caminhos para onde a conversa pode ir". Ela também observa que é importante trabalhar com arquitetura da informação, saber hierarquizar as informações priorizando a necessidade do usuário.

Além disso, Louise afirma que os designers de conversas devem usar uma linguagem simples e evitar termos técnicos. Dessa forma, eles facilitam o entendimento do usuário. Ela conta que a linguagem também deve ser "inclusiva, sem gênero, amigável e respeitosa". Para Louise, um dos principais desafios da profissão é ser conciso. Ela observa que existem várias formas de dizer a mesma coisa. "Independentemente da plataforma usada, o que o designer de conversas faz é pensar no que ele vai falar e como ele vai falar", afirma. É importante pensar na intenção da fala e no significado das palavras antes de escrever para que a mensagem cumpra o objetivo desejado. Para quem quer entrar para área, a dica de Louise é procurar comunidades na internet e fazer cursos (L.J.N.).

 

Curso para jovens e profissionais em transição de carreira

A JOCO iniciou a “Escola de Conversas” em 2019 como um projeto para ensinar jovens das favelas e da periferia cariocas a construírem chatbots. A “Escola de Conversas”, como foi batizado o projeto, surgiu com o intuito de transmitir conceitos de design conversacional, peça fundamental na construção de um bot, para capacitar jovens a entrarem no mercado de trabalho.

“Nossa ideia foi inverter a lógica de que sempre os mais ricos têm acesso às coisas mais novas e tecnológicas e começar a preparar os jovens das favelas a dominar a arte de fazer conversas de robôs”, explica Fernando Tchê Gouvêa, CEO da JOCO.

Atualmente, o projeto também abriu as portas para profissionais que estão em transição de carreira, devido à alta demanda do mercado por designers de conversas. Neste ano, por conta da pandemia, as aulas têm sido online e os participantes recebem acesso para construir seus próprios chatbots na plataforma JOCO.

Em 2019, os jovens participantes foram indicados por projetos sociais parceiros, entre eles a Associação Semente da Vida, da Cidade de Deus, e o Affrogames, de Vigário Geral. Eles foram estimulados a construírem Bots para dois temas: anticoncepcionais masculinos e vacinação. “O objetivo final é a construção de um bot de impacto social feito de forma colaborativa pelos alunos”, diz Gouvêa.

As inscrições para a nova turma da Escola de Conversas serão abertas na segunda quinzena de outubro e as aulas começarão no início de novembro, ministradas pela head de conversas da JOCO, Louise Zeni.

Para mais informações, envie um email para joco@joco.com.br

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação