Oportunidade

Como se dar bem no concurso do TCU?

Confira dicas de professores das áreas de contabilidade, de direito civil e de língua portuguesa para fazer uma boa prova, marcada para o próximo ano. Inscrições abertas

Ana Luisa Araujo
postado em 07/11/2021 06:00 / atualizado em 07/11/2021 06:00
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

Quem pretende fazer a prova do Tribunal de Contas da União (TCU) pode se inscrever até 20 de dezembro, bem como realizar o pagamento. Mas os candidatos que tiverem dúvida sobre qual a melhor maneira de se preparar ou quais assuntos dar mais atenção até o dia da aplicação dos testes podem seguir as dicas dos professores entrevistados para esse guia.

O concurso do TCU, que ocorrerá na data provável de 13 de março de 2022, é um dos mais difíceis do Brasil, segundo Daniel Negreiros, professor de contabilidade de custos e análise das demonstrações contábeis. Além de ajudar candidatos a passarem no certame, o professor também é auditor no órgão e afirma que é um concurso de preparação de médio e longo prazos. Ou seja, não adianta estudar em cima da hora.

"É muito difícil um aluno conseguir aprovação com pouco tempo de estudo, porque são muitas disciplinas e o grau de complexidade é alto", aconselha o profissional do Direção Concursos. Além disso, as matérias são diferentes entre si. Sendo assim, não basta somente conhecer a fundo, mas se dedicar a disciplinas cujas áreas de conhecimento são muito distantes umas das outras.

O professor diz que é preciso haver organização, foco e disciplina. Segundo Daniel, essas seriam as principais dicas para se dar bem no concurso. O conselho que ele deixa é que façam, em primeiro lugar, a base de contabilidade geral. Conforme ele, entender os fatos contábeis é o que as bancas têm cobrado.

Em relação à organização pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Daniel ressalta que é a primeira vez que a banca organiza uma prova para o TCU. Sendo assim, não se sabe o que esperar. O palpite dele é que a prova será difícil, pois os certames para esse órgão, geralmente, são. A FGV, segundo Daniel, é imprevisível. Na última prova de grande escala, como foi a do Senado Federal, com aplicação da banca em questão, houve muitas polêmicas. "Ela não tem uma consistência ou um padrão de cobrança", explica o professor. Apesar de estar aberto a todo o Brasil, o concurso do TCU está menos assustador do que parece.

"Entre 10 mil inscritos, se houver mil, 800 ou 900 realmente bem preparados, é muito. Há muitos concorrentes, mas a menor parte deles, cerca de 5% ou 10%, está bem qualificada para a prova", afirma.

Banca diferenciada

Na parte de português, quem dá as dicas é José Maria, professor de língua portuguesa no Direção Concursos. Segundo ele, a Fundação Getulio Vargas (FGV) é uma banca diferenciada quando cobra a disciplina, uma vez que explora interpretação textual, e a gramática não é posta de maneira isolada, mas contextualizada.

O professor da Direção Concursos avisa que a banca está acostumada a cobrar altos padrões nas questões. "É muito importante que o aluno faça o mapa das provas mais recentes, porque a probabilidade de encontrar alguma coisa parecida na prova do TCU é grande", diz.

"A prova estará muito difícil e concorrida, afinal, estamos falando de um cargo que está no topo da administração pública federal", declara o professor de português.

Patrícia Dreyer, professora de direito e processo civil, acredita que o nível da prova é difícil, pois a FGV é uma banca "com muita tradição". "Muito boa em fazer provas. A maioria delas com questões contextualizadas em situações-problema. Outras questões, que não são inseridas em contextos, pedem o conhecimento tanto legal quanto de jurisprudência", alerta.

Mudança de carreira

David Telles, 41 anos, entende a necessidade de comprometimento e, por isso, tem regrado seus dias à base de disciplina nos estudos. O advogado foi servidor do Governo do Distrito Federal, e durante nove anos trabalhou no Departamento de Trânsito do DF. "Saí por falta de perspectiva de crescimento e salário baixo. Preferi investir em algum concurso da minha área, pois sou formado em direito", afirma.

O foco dele tem sido as matérias de contabilidade e a parte de controle que, segundo ele, é a mais exigida no TCU. Ele já estudava para outros concursos há algum tempo, mas esperou terminar de fazer direito, que é sua segunda graduação, para retomar aos estudos.

"Este ano resolvi sair do GDF, que eu era concursado, de um salário não tão atrativo, e investir na minha área. Foi uma decisão difícil, mas creio que é acertada", diz.

O que diz o edital

» Órgão: Tribunal de Contas da União

» Inscrições: Até 20 de dezembro

» Taxa: R$ 180

» Cargo: Auditor de controle externo

» Vagas: 20


» Data da prova: 13 de
wmarço de 2022

» Salário: Inicial de R$ 21.947,82

» Requisito: Nível superior

» Banca: Fundação Getulio Vargas

Questão comentada

1. (FGV) "O bom juiz não deve ser jovem, mas ancião, alguém que aprendeu tarde o que é a injustiça, sem tê-la sentido como experiência pessoal em sua alma; mas por tê-la estudado, como uma qualidade alheia, nas almas alheias". (Platão)

Segundo Platão, a qualidade básica do bom juiz é:

A) ter idade avançada;

B) fazer estudos profundos;

C) haver experimentado injustiças;

D) estudar impessoalmente a injustiça;

E) criticar a injustiça nas almas alheias.

Comentário: A letra A (ter idade avançada) não representa a qualidade básica apontada por Platão. Os vocábulos "jovem" e "ancião" estão empregados em sentido figurado, associados não à idade, mas à maturidade e ao conhecimento.
Outro argumento é que de nada adianta a idade avançada, se o juiz não observou, ao longo da sua vida, a injustiça.


A letra B (fazer estudos profundos) pode gerar dúvidas.
Não adianta estudar profundamente qualquer assunto ligado à justiça, segundo o autor. É necessário estudar especificamente e profundamente a injustiça de que são vítimas os outros.

A letra C (haver experimentado injustiças) contradiz o texto. O autor foca a injustiça sofrida pelos outros, e não a sofrida pelo juiz durante sua vida.

A letra D (estudar impessoalmente a injustiça) é o nosso gabarito. Deve-se estudar a injustiça
não sob o ponto de vista
pessoal (intimista, subjetivo), mas sim sob a visão de quem as sofre. Deve-se tratar a injustiça algo alheio, e não íntimo, pessoal.

A letra E (critica a injustiça nas almas alheias) foge do conteúdo abordado no texto. Nele, não há uma crítica, mas sim uma descrição dos
atributos de um bom juiz.

Resposta: D

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