Sendo 2020 e 2021 os anos em que quase não ocorreram concursos em razão da pandemia, é natural que 2022 seja o resgate do tempo perdido. Além de terem sido criados cargos, os próprios órgãos públicos carecem de funcionários, uma vez que muitos aproveitaram a situação caótica para se aposentar. Os dados confirmam essa tese. Estão previstas 73.640 vagas de concurso para 2022, 4.097 são de criação e 69.543 de provimento para candidatos aprovados em certames públicos com data de validade em curso ou para aprovados em novos concursos. Somente no Distrito Federal, a previsão é de abertura de 11 mil vagas.
A Secretaria de Economia explica que no Orçamento de 2022 "estão previstos investimentos para nomeção de servidores, como forma de melhorar ainda mais a prestação de serviços à população do Distrito Federal". São 28 categorias profissionais, em áreas estratégicas do governo, e também em setores da administração pública com deficit de servidores por conta de exonerações e aposentadorias. No âmbito nacional, concurseiros esperam ansiosamente pelos certames do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Controladoria Geral da União (CGU), do Ministério Público da União (MPU), do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Além desses, o concurso da Receita Federal é muito aguardado.
As áreas são as mais variadas: execuções penais, políticas públicas e gestão governamental, apoio às atividades policiais civis, assistência pública à saúde, atividade de defesa do consumidor, atividades do trânsito — técnico e analista, auditoria de atividades urbanas, cirurgião-dentista, desenvolvimento e fiscalização agropecuária, enfermeiro, gestão de resíduos sólidos, médico, planejamento urbano e infraestrutura, assistência à educação, magistério, auditoria de controle interno, carreira técnica em enfermagem, delegado da Polícia Civil do DF (PCDF), soldado, polícia militar, oficiais do quadro de saúde, agente policial de custódia da PCDF, auditoria fiscal da Receita, agente de polícia, escrivão de polícia, regulação de serviços públicos, apoio às atividades jurídicas, procurador do DF, vigilância ambiental e atenção comunitária à saúde.
Foi aprovada, na metade de dezembro, a Lei Orçamentária Anual do Distrito Federal. No texto estão previstos recursos financeiros a fim de serem utilizados com novos funcionários públicos. Isso significa que a nomeação de novos servidores pode ocorrer, bem como a realização de novos concursos públicos.
O Ministério da Economia autorizou a realização de concursos para 2022. Em janeiro, estão previstos pelo órgão o certame do Ministério das Relações Exteriores, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para maio está autorizado o da CGU, e julho, o do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Expectativas
Nos últimos dois meses, foram abertos muitos editais. Gabriel Henrique Pinto, diretor da Central de Concursos, explica que a tendência é de que aumente ainda mais, visto que 2022 é um ano de eleições, e contratar servidores é uma premissa muito utilizada para se conquistar eleitores. Saúde e segurança, de acordo com Gabriel, são as áreas mais privilegiadas. Isso ocorre porque são locais da política muito fáceis de serem enxergados pela população que vota.
De servidor do Tribunal de Justiça de São Paulo a professor e diretor da Central de Concursos, Gabriel Henrique está com grandes expectativas para 2022 na área de certames. Segundo ele, a busca por cursos "praticamente desapareceu" em 2020 e 2021. Somente 20% dos alunos continuaram estudando nas plataformas on-line.
"Começou a voltar ao normal em abril ou maio. Agora, estamos perto do patamar de normalidade e vislumbramos para janeiro uma explosão de procura. Nos primeiros três meses do ano, sempre temos bastante procura, principalmente com esse cenário de retomada, a expectativa é ainda maior para o começo de 2022", conta. O curso on-line, na visão do diretor, é uma ótima saída para quem não pode estar presencialmente nas aulas, no entanto, o presencial "não tem comparação". Gabriel diz que o envolvimento é maior, o aspecto social tem mais apelo e, além disso, é possível conhecer as pessoas e o que elas fazem para estudar.
"Aula on-line é contraproducente, a aula é uma dinâmica, e no ambiente virtual essa dinâmica se perde", explica. Ainda assim, ele entende que há pessoas incapazes de chegar no horário da aula, e plataformas na internet são ótima saída para quem tem restrição de tempo.
Para cada certame, há um curso diferente com a reunião de todas as matérias cobradas nesse concurso. Inclusive no on-line. Uma boa saída, segundo Gabriel, são as aulas ao vivo nas quais ocorre interação, e os alunos geralmente participam mais, pois o professor está ali para responder às perguntas.
A dica que o professor deixa é se preparar com a maior antecedência possível, uma vez que, publicado o edital, o tempo aperta e, geralmente, são só dois meses de intervalo até ocorrer a prova. "Quem consegue se preparar para um concurso em dois meses?", questiona. Gabriel afirma que os que passam nos exames são os que se preparam há mais tempo. Entre esses, o nível de aprovação é mais alto se comparado aos que deixam para estudar mais perto da prova.
Um dos concursos que é muito esperado é o do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O diretor da escola de preparação afirma que ele virá com "força e muitas vagas". Conforme ele disse, o órgão está em "situação calamitosa" pela falta de servidores. Quem quer fazer parte do órgão deveria estar estudando. Gabriel conta que as aulas para o certame estão ocorrendo há quatro meses e o edital ainda nem foi publicado.
Por fim, ele diz que, para cargos de nível superior, o ideal é estudar durante oito meses. Os de nível médio, é necessário uns quatro ou cinco meses de estudo intenso.