Mudança de carreira e planejamento

Correio Braziliense
postado em 02/01/2022 00:01
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

A atriz e dubladora Nany Assis, 31 anos, é exemplo de como a organização e o planejamento ajudam no cumprimento de metas e no processo de mudança de carreira. Ela conta que, desde criança, sonhava em ser dubladora, mas, como morava em Brasília, não pensava que se mudar para uma cidade com mais mercado na área era uma possibilidade. Quando ela teve de escolher qual faculdade faria, optou por arquitetura e gostou muito do curso. Depois de formada, abriu um escritório com duas amigas, mas, apesar de gostar de exercer a profissão, sentia-se dividida entre a arquitetura e a arte.

O contato com a arte começou cedo. Aos 13 anos, ela dançava e cantava em coral. Durante a faculdade, teve de parar, mas sentia muita falta. Tudo mudou em 2016, quando ela começou a fazer teatro musical, área que, além da atuação, envolve teatro, música e dança: "Voltei de uma vez só com a arte".

Em uma aula de teatro, Nany lembrou do sonho da dublagem e começou a pesquisar. Em 2018, foi para São Paulo fazer um workshop de dublagem. Ela percebeu que "precisava trabalhar com isso". No ano seguinte, se programou para ir mais vezes para São Paulo fazer cursos curtos. Depois de um tempo indo e voltando, percebeu que o melhor era se mudar, porque não ia ter a base de estudo e experiência necessárias se não estivesse na cidade onde há mercado.

Ela conta: "A primeira coisa que eu fiz foi conversar com meus pais sobre a vontade de sair de Brasília". O pai dela logo perguntou "vai para fazer o quê?" Como estava envolvida em três carreiras — arquiteta, atriz e dubladora —, ele disse que ela não ia conseguir fazer tudo. Então, sugeriu, em tom de brincadeira, que ela fizesse uma apresentação de slides com o planejamento. Ela levou a sério e admite que isso a ajudou muito, além de ter sido divertido.

Ao preparar a apresentação de slides, escreveu em quais áreas achava que tinha habilidade e em quais pontos precisava melhorar. Nesse planejamento, conseguiu ver que não tinha como seguir todas as áreas de uma vez, ou seria dubladora e arquiteta ou seria dubladora e atriz de teatro musical. Então, fez a escolha: o plano era seguir o caminho da arquitetura e da dublagem. Se seguisse só a carreira artística de início, não teria estabilidade e segurança financeiras.

Ela também planejou em que local da cidade moraria, quais cursos faria e quanto gastaria com tudo isso. De acordo com Nany, ela foi muito pé no chão e estabeleceu que a meta era começar a trabalhar com dublagem e ter um retorno financeiro do investimento em 2022, mas isso aconteceu bem mais rápido do que o planejado. Em 2020, começou a trabalhar com dublagem e voz original para animações. Em 2021, conseguiu o retorno de todo o investimento que tinha feito e pôde sair do escritório de arquitetura para se dedicar exclusivamente à carreira artística.

No entanto, nem tudo saiu conforme o planejado. Depois de ter se mudado para São Paulo, veio a pandemia. Nesse período, ela começou a fazer aulas on-line com professores do Rio de Janeiro e surgiram oportunidades de trabalho lá. No mesmo ano, ela se mudou pela segunda vez. "Claro que as coisas acabam tomando rumos diferentes, mas, no fim das contas, eu estava sempre com o mesmo foco", observa. Essa atitude foi essencial para que hoje ela possa dizer que não está mais dividida, mas sim realizada e muito feliz. (L.J.N)

Planejamento a longo prazo

Tiago Versiani tem 21 anos e é coordenador de projetos no Grupo Gestão, empresa júnior de engenharia de produção da Universidade de Brasília. Ele está no oitavo semestre do curso e vai sair da empresa para buscar outras oportunidades. É uma fase de mudanças, e ele tem várias metas para o futuro.

A experiência na empresa júnior o ajudou a adquirir conhecimento, experiência profissional e contatos no mercado de trabalho. "A gente entra em contato com vários clientes de empresas e estabelece uma relação de confiança. Muitas empresas querem puxar a gente para trabalhar lá", diz. Com isso, surgiram duas oportunidades para Tiago. Ele está planejando seus próximos passos: "Vou analisar direitinho as propostas que me fizeram, ver o que vale a pena para mim. Como ainda sou jovem e tenho o privilégio de não precisar me sustentar, minha decisão não é pensando em valores, mas, sim, na que vai me proporcionar mais crescimento".

Ele reconhece a importância de saber conviver com as incertezas: "A pandemia ensinou para gente que muitas coisas são incertas, que a gente tem uma expectativa, mas novas coisas acontecem". Por isso, ele acredita que o melhor é não fazer metas anuais. "Em vez disso, pensar em objetivos cada vez mais a longo prazo e se planejar pouco a pouco para atingir essas metas", sugere.

O plano dele a longo prazo é empreender, ter o próprio negócio. Ele avalia que suas ações e as metas de agora estão alinhadas com seus planos a longo prazo: "Acho que está tudo completamente alinhado. Conhecendo empresas de todos os tipos, tendo noção de negócios, o ramo de consultoria lhe prepara para ter um negócio".

Antes disso, ele planeja trabalhar em empresas seniores de consultoria empresarial ou financeira. Essas firmas são um pouco maiores, e ele acredita que, nelas, poderá aprender, crescer e estar pronto para o que vier. Para conquistar esse objetivo, Tiago afirma que o principal são estudo, disciplina e capacitação. Ele pretende entrar em processos seletivos de empresas, buscar informações sobre como funcionam essas seleções, falar com pessoas que já passaram nesses processos seletivos e preparar um bom currículo.

Para quem está se aproximando do final do curso na faculdade, a dica de Tiago é enriquecer a formação complementar: fazer cursos e atividades extracurriculares, estudar por conta própria e aproveitar as oportunidades que a universidade oferece, como projetos de extensão, empresas juniores, oficinas, palestras e iniciação científica. "O mercado mostra que só o diploma não basta", afirma. Para quem ainda não definiu o objetivo a longo prazo, ele opina que é importante ter um momento de autorreflexão: "Pensar no que você quer, saber que nem tudo segue conforme o planejado e estar sempre aberto a oportunidades". Ele complementa que é preciso ver sentido no que se faz: "O principal para cumprir uma meta é ver sentido nela. Você precisa, entre outras coisas, da motivação para seguir a rotina e conseguir cumprir seus objetivos". (L.J.N)

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