Salário mínimo

Correio Braziliense
postado em 27/02/2022 00:01
Camila foi ser Au Pair nos Estados Unidos, e desistiu de ser professora por enquanto -  (crédito: Arquivo pessoal)
Camila foi ser Au Pair nos Estados Unidos, e desistiu de ser professora por enquanto - (crédito: Arquivo pessoal)

Camila Taveira, 24 anos, ainda está finalizando o curso de pedagogia na Universidade de Brasília. No entanto, está morando neste momento nos Estados Unidos. O salário que ela recebia era tão baixo e a rotina, tão desgastante, que a jovem tomou a decisão de ser Au Pair no país norte-americano. Au Pair é uma expressão francesa para quem faz intercâmbio cultural para ser fluente em uma língua em troca de cuidar de crianças.

Em razão de o seguimento da jovem ser o de educação bilíngue, esse trabalho ficou ainda mais facilitado. De acordo com ela, a educação infantil tradicional paga mal. "É um salário mínimo, e acabou", conta. "Com os preços das coisas subindo, fica muito complicado trabalhar o dia inteiro para receber tão pouco. As professoras precisam pegar uma turma de manhã e à tarde para conseguirem se sustentar, fora o trabalho do fim de semana, porque precisa ter planejamento. Tudo isso só para conseguir sobreviver, sabe? É um trabalho bem ingrato", desabafa.

Segundo ela, a principal questão é a quantidade de trabalho em comparação com a remuneração recebida. É desproporcional, na visão de Camila. "Você não se sente bem remunerado para o tanto de coisa que precisa fazer", diz.

"Vim ser Au Pair nos Estados Unidos porque não aguentava mais, trabalhei três anos em escola e já me senti muito exausta", afirma. Ela diz que ainda tem contato diário com crianças, algo que ela aprecia muito.

Outro ponto para o qual Camila chama a atenção é o fato de a carreira não ter um conselho regional para regulamentação. Para ela, essa é a primeira mudança que deveria ocorrer. "Qualquer um pode ser professor", diz. Os exemplos que ela dá são da formação de magistério e letras, segundo ela, há diversos professores que não são pedagogos alfabetizando crianças e ocupando esses cargos.

Apesar de haver o sindicato, ela afirma que, na questão desses direitos específicos, somente um conselho poderia resolver. O segundo ponto é o piso salarial que precisa ser aumentado. "Tenho uma amiga que ganha um salário mínimo, e aí tem que morrer de trabalhar para pagar as contas", conta.

Mais respeito

No ensino médio, Rodrigo Rafik, 17 anos, diz que para a carreira de professor se tornar atraente, principalmente para pessoas da idade dele, é necessário que se tenha mais respeito, "assim como ocorre em países como o Japão", ele cita. No país asiático, segundo ele, professores são tratados com muita importância. "Mas, infelizmente, como a gente sabe, o respeito é uma questão que vai bem mais fundo que apenas uma escolha de profissão, é um problema social que temos em nosso país", diz.

O estudante diz que pretende seguir algum curso de engenharia, provavelmente computação ou software, por se interessar bastante por programação. "Desde pequeno tenho facilidade para mexer com computadores", conta.

Para ele, se tornar professor, por exemplo, seria importante receber até mais incentivo. "Costumam colocar algumas frases na nossa cabeça desde cedo, como se você virar professor, vai passar fome", diz. Ainda assim, o jovem diz que "sem dúvida nenhuma" a profissão é a mais importante que existe, apesar de não receber o devido valor. Na opinião de Rodrigo, educar é uma responsabilidade enorme.

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