Falta de incentivo
Há 30 anos no segmento moda praia, com a marca Vento Radical, a empresária Maria do Socorro Vale, 84 anos, chegou a contar com 11 colaboradoras até meados de 2010. Hoje, tem apenas duas auxiliares, sendo uma estagiária. "No início, trabalhávamos,também, com uniforme escolar, embora o foco fosse moda praia e fitness. Depois, a coisa complicou. A dificuldade em encontrar mão de obra passou a nos assustar", lamenta. "O mercado de moda praia também estagnou justamente por falta de qualificação", completa. Para ela, a saída para essa crise recai sobre o Estado. "Falta incentivo do governo. Hoje, quem permanece no ramo é herói. Infelizmente, costureira deixou, há muito tempo, de ser uma profissão atrativa."
Busca incessante
Também especializada em moda praia, Marinalva Fernandes, 47 anos, mantém, há 16 anos, em Taguatinga, o atelier de costura de sua grife Flor de Praia. Atualmente, ela conta com a colaboração de apenas duas costureiras, mas precisa ampliar sua equipe. A empresária afirma que tornou-se uma tarefa árdua encontrar profissionais que lidem com produtos diferenciados, como trajes de banho. "Até mesmo o manuseio das máquinas requer domínio e qualificação. Além disso, a lycra é traiçoeira, diferente dos outros tecidos e, para confeccionar cada modelo, existe uma máquina específica, assim como os acessórios que envolvem a produção, como bojos de biquinis, por exemplo", afirma. Marinalva revela,ainda, que a falta de costureiras no DF resultou, em vão, na busca dessas profissionais até em outros estados, mesmo com a promessa de moradia e salários vantajosos.
Terceirização como saída
Com mais de 15 anos no ramo de confecção, com foco em uniformes escolares, Jesualdo dos Santos Neto, 39, emprega, atualmente, em sua empresa, Fio de Ouro, em Taguatinga Norte, 30 costureiras, com expectativa de contratar, pelo menos, mais 12 para atender à demanda do mercado. É mais um a lamentar a carência de profissionais qualificados na praça, fator apontado por Josualdo como grande entrave para a ampliação de sua empresa, mesmo garantindo salários atrativos. Segundo ele, a oferta de cursos profissionalizantes na área é limitada e, quando há essa possibilidade, os custos são elevados e, geralmente, oferecidos em locais distantes. "No fim do ano passado, veio um sopro de esperança, com três novas costureiras, que alegaram ter experiência, mas, infelizmente, elas não deram conta do recado", conta, argumentando que encontrou na terceirização de serviços a saída para atender aos crescentes pedidos.(JR)