Executivas no topo

Conheça mais três gestoras que lideram áreas antes dominadas apenas por homens

Correio Braziliense
postado em 20/03/2022 00:01
 (crédito: Arquivo Pessoal / Cristiane )
(crédito: Arquivo Pessoal / Cristiane )

Para a executiva Yana Dumaresq, 37 anos, a discussão sobre gênero nas empresas deve ser vista por uma perspectiva distinta, dissociando a vida pessoal da profissional. "A verdadeira questão que, como sociedade, precisamos discutir é a sobrecarga imposta à maior parte das mulheres. Cuidar dos filhos, dos afazeres domésticos e de parentes que necessitem de assistência não é atribuição exclusiva da mulher, assim como cuidar da própria carreira e bem-estar não é direito apenas do homem", analisa a responsável por gerenciar uma das maiores holdings do país, a Meta, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp.

Graduada em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade de Cambridge, a brasiliense observa que a área em que atua é bastante misógina, ainda que de forma velada. "O ambiente para mulheres executivas ainda é hostil e bastante desafiador. Temos que comprovar, a todo instante, nossa capacidade técnica, gerencial e emocional. Muitas vezes, não há crítica direta, mas comentários travestidos de piadas machistas, um falar mais agressivo ou cético direcionado a nós, ou até mesmo uma postura mais ostensiva em nos ignorar, interromper ou corrigir", relata.

Ainda segundo Yana, até mesmo em momentos descontraídos no ambiente de trabalho, a mulher pode sofrer tentativas de ser calada. "Isso já aconteceu no meu dia a dia. Nem sempre os comentários têm teor positivo. Já passei por várias situações difíceis pessoalmente, bem como já presenciei outras mulheres passando por situações hostis", lembra, descrevendo uma vivida recentemente. "Ao terminar um discurso em um evento internacional, um empresário que, até então, não me conhecia pessoalmente, foi até mim e disse: quando você subiu ao palco, eu pensei, nossa, o que essa menina tem pra falar? Mas, depois que a ouvi, fiquei muito impressionado. Além disso, um chefe em uma reunião de equipe disse que não poderia me promover por eu ser muito nova e meus subordinados, por serem homens, não iriam me respeitar".

A internacionalista, que também já ouviu frases como: "A senhora é a primeira mulher a se sentar nesta mesa" e "Estamos felizes e orgulhosos junto com você", afirma fazer questão de compartilhar episódios como esses para mostrar os percalços que as mulheres enfrentam. (MA)

*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende

  • Yana Dumaresq 
afirma que, mesmo em momentos descontraídos no ambiente de trabalho, a mulher sofre tentativas de ser calada
    Yana Dumaresq afirma que, mesmo em momentos descontraídos no ambiente de trabalho, a mulher sofre tentativas de ser calada Foto: Sarah Noemi
  • A cineasta Érika Candido afirma não ser reconhecida em muitos projetos por ser mulher e negra
    A cineasta Érika Candido afirma não ser reconhecida em muitos projetos por ser mulher e negra Foto: Arquivo Pessoal / ÉRIKA

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