Professores

Saiba como se preparar para o concurso da Secretaria de Educação do GDF

Certame oferece 4.254 vagas para professores de ensino básico, orientadores pedagógicos e outros cargos

Millena Gomes*
postado em 22/05/2022 06:00 / atualizado em 22/05/2022 06:00
William Dornela, especialista em seleções da área de educação -  (crédito: Arquivo Pessoal)
William Dornela, especialista em seleções da área de educação - (crédito: Arquivo Pessoal)

Sem editais para professores efetivos desde 2016, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) autorizou novo certame para março deste ano. O concurso ainda não tem data definida, assim como o início das inscrições, mas muitos profissionais já estão se preparando. Especialistas em cursinhos para concurso e candidatos dão dicas para conquistar uma vaga de professor efetivo na rede básica de educação.

Voltada para o ensino superior, o concurso oferece 4.254 vagas totais para professores de ensino básico, orientadores pedagógicos e analistas de gestão educacional da carreira de assistência à educação. A carga horária é de 40 horas semanais para os três cargos. A remuneração varia entre R$ 4.076,99 para analistas e R$ 5.016,53 para professores e orientadores. A taxa de inscrição ainda não foi divulgada.

De acordo com especialistas, os candidatos que estão se preparando para concorrer a uma vaga para professor efetivo não encontrarão muitas novidades na prova, isso porque a SEDF tem a tradição de manter a mesma estrutura de conteúdos. A primeira alteração que os candidatos poderão notar é a mudança de banca organizadora da Cebraspe, no último edital, para o Instituto Quadrix.

O coordenador de carreiras educacionais do Gran Cursos e servidor da SEDF, William Dornela, observa que os candidatos irão encontrar perfis diferentes de provas. Além disso, o edital não muda muito. "O que mudou de um edital para o outro foi a inclusão de temas como a Base Nacional Comum Curricular e a Lei Brasileira da Inclusão. O candidato pode ir se preparando com o edital anterior", explica.

Para o professor, o nível de complexidade da prova é médio e são aguardados, pelo menos, 100 mil inscritos. "É considerada uma prova de alto padrão de competição e concorrência. Vamos encontrar candidatos bem focados, que já conhecem a SEDF, pois grande parte deles já são professores temporários", diz Dornela. O coordenador lembra que não haverá prova de redação no processo seletivo de professores temporários.

Para outro especialista, o professor Carlos Costa, a prova não é mais considerada fácil e tranquila, como nas edições anteriores. "Muita gente passava até sem estudar, mas, nos últimos processos seletivos, se tornou uma prova grandiosa. Os candidatos precisam estudar muito'', diz. "Eu acredito que terá um nível de dificuldade alto, porque serão muitos os inscritos", prevê.

Graduada em pedagogia, a candidata Viviane Lisboa de Melo, 33 anos, está se preparando há dois anos para tentar uma vaga. Professora temporária da rede pública, ela participou do último concurso para professores efetivos. "Tem muita concorrência. Foram quase sete anos sem concurso. Lembro que, no último, pessoas de outros estados vieram até em caravanas", lembra. A professora dá dicas nas redes sociais sobre como se preparar para concursos da área de educação. O seu perfil soma mais de 11 mil seguidores.

Viviane conta que estuda de 3 a 4 horas por dia, mas não considera a prova difícil para quem está se preparando. "A Secretaria de Educação do DF está mais exigente. O nível de dificuldade e competição, agora, é bem maior, mas para quem já vem se preparando será mais tranquilo", diz a candidata, considerando que a língua portuguesa deverá oferecer maior grau de dificuldade para alguns concorrentes. "Se você tem dificuldade com alguma disciplina, tem que estudar muito. Tem que fazer planejamento e saber montar um cronograma", conclui a professora.

Em sua rede social @pedagogavivi, Viviane ensina como montar o planejamento e o cronograma de estudos. "Essa é a principal queixa dos meus seguidores. As pessoas não têm planejamento. Para encarar provas de concurso é preciso técnica apurada", explica.

Jennifer Priscila também dá dicas em seu perfil @estudaretomarposse sobre organização e estudos
Jennifer Priscila também dá dicas em seu perfil @estudaretomarposse sobre organização e estudos (foto: Arquivo Pessoal)

As candidatas Bruniely Ketlen de Jesus dos Santos, 23, e Jennifer Priscila Ferreira da Silva, 32, vão disputar vaga de professora de atividades do 1º ao 5º ano. Ambas são professoras temporárias e dividem o tempo entre dar aulas e estudar para o concurso. Para Bruniely, é difícil conciliar as duas tarefas. "Tenho me preparado em casa, sozinha. Quando tem 'aulões' presenciais nos cursinhos participo sempre. Escolho entre acordar mais cedo e estudar antes de ir trabalhar ou estudar de noite, de domingo a domingo.", diz.

Para Jennifer da Silva, as salas de aulas superlotadas atrapalham sua rotina de estudos. "Fica mais difícil, mas estudo de segunda a sábado antes de ir trabalhar. Assisto a vídeoaulas, faço atividades, me empenho ao máximo", afirma. As duas professoras se mostraram surpresas com a escolha da nova banca, devido ao histórico do último processo seletivo temporário, em 2018. "A princípio, fiquei muito preocupada, porque houve alguns erros e alterações de gabaritos. Mas acredito que a banca fará um bom trabalho", diz.

Vagas insuficientes

O concurso para professores efetivos é aguardado há seis anos. Desde então, o GDF tem autorizado processos seletivos para professores temporários. A falta de certames para professores efetivos deu espaço à urgência e necessidade para o preenchimento de vagas, como forma de manter a qualidade de ensino nas escolas. Segundo os professores, a contratação temporária é prejudicial ao ritmo de ensino e à própria educação pública. Alegam que, além da interrupção do ritmo de ensino, as salas superlotadas e aumento nas matrículas são consequências do longo período sem editais para professores efetivos.

A diretora e coordenadora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Letícia Montandon, observa que a contratação temporária é precarizada em função da continuidade pedagógica no processo de ensino. "Os professores temporários são contratados, então há um tempo de permanência para estes profissionais em cada escola e isso prejudica o processo de aprendizagem dos estudantes", avalia.

Das 4.254 vagas oferecidas, apenas 776 são para provimento imediato. De acordo com Letícia Montandon, seriam necessárias mais de cinco mil vagas para suprir a atual demanda de professores no Distrito Federal. Levantamento do Sinpro-DF, mostra que, entre 2015 e 2021, foram registradas 8.757 desocupações de vagas na educação pública, derivadas de aposentadorias, falecimentos, exonerações e demissões. "Essas nomeações têm que acontecer. Não adianta ter concurso e não ter nomeação. Então, é necessário que o GDF reveja essa quantidade de vagas ou faça outro concurso em breve", afirma Letícia.

 

Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende

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