"É possível empreender com brother?"

Mariana Andrade*
postado em 24/07/2022 00:01
 (crédito: Divulgação/Cherto)
(crédito: Divulgação/Cherto)

Empreender é um processo que demanda o desenvolvimento de diversas competências. De acordo com diretor da Cherto, maior consultoria em franquia da América Latina, Américo José da Silva Filho, 65 anos, ao administrar um negócio com amigos é necessário se dedicar ainda mais para garantir relações de trabalho e interpessoais saudáveis. "Os envolvidos devem colocar em cheque todas as expectativas para o empreendimento, delimitando com clareza os papéis e funções de cada um. Para evitar, assim, um possível desconforto", recomenda Américo.

O diretor, ainda, defende que é possível gerenciar um negócio entre amigos, principalmente se a relação for pautada na prática do alinhamento. Para Américo, essa característica é a base para desenvolver uma boa relação entre os parceiros de negócios, o conselho serve tanto a pessoas sem ligações afetivas quanto com ligações afetivas. Ele pontua que a maioria dos conflitos surgem com a omissão de assuntos relacionados à empresa e ausência de dedicação equivalente.

Américo percebe uma certa banalização na função de amizade na sociedade brasileira. Segundo ele, atualmente qualquer pessoa recebe o título de amigo, o que pode implicar em expectativas que nem sempre são atingidas. "As pessoas confundem o conceito da palavra. O amigo é aquela pessoa que podemos contar com a ajuda sempre que for preciso. Em uma amizade de verdade, não existe a mesma cobrança que entre sócios sem vínculos pessoais, mas sim um entendimento das fraquezas e competências do outro", diz.

Segundo o diretor, outra prática que enfraquece a amizade é o repasse de críticas. "Ninguém gosta de ser criticado, essa é a verdade. Dar e receber feedbacks não é uma tarefa fácil. Portanto, é necessário se preocupar em repassar sugestões de maneira construtiva, sempre colando a crítica ou sugestão como foco e não o indivíduo", afirma.

O gerente de competitividade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Cesar Rissete, confirma que diversos empreendimentos nascem de relações interpessoais próximas, seja entre a família ou amigos. Porém, para ter um negócio sem futuras complicações é necessário separar o relacionamento pessoal do empresarial, independentemente da longevidade de amizade.

De acordo com Rissete, empreender com amigos pode ser prazeroso e realizador. A solução para manter uma boa relação com seu parceiro de negócios é planejar com antecedência, seguindo todos os acordos formais e informais. Além de delimitar as participações no investimento, na retirada de lucro e repartição de prejuízos.

Para ele, um dos pontos positivos em montar sociedades entre amigos é a resolução de problemas durante momentos de "turbulência" no empreendimento.  "Essa sociedade é mais um momento para reforçar os laços. A gente gosta de trabalhar com pessoas que nos identificamos, mesmo que existam diferenças, esse contato é capaz de fortalecer a confiança fora e dentro do território empresarial", diz Rissete.

Estagiários sob a supervisão
de Jáder Rezende

 

  • Cesar Rissete, gerente de Competitividade do Sebrae
    Cesar Rissete, gerente de Competitividade do Sebrae Foto: Hugo Santarem Rodrigues
  • Cesar Rissete, gerente de 
Competitividade do Sebrae
    Cesar Rissete, gerente de Competitividade do Sebrae Foto: Erivelton Viana

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