MERCADO

Brasil se consolida como referência mundial em computação em nuvem

Atualmente, 94% das empresas utilizam o serviço e 66% contam com equipe interna, comprovando que o Brasil deixou de ser um mero consumidor de tecnologias globais para se tornar referência

Diogo Albuquerque*
postado em 21/08/2022 10:40 / atualizado em 21/08/2022 10:40
Participantes em palestra principal da AWS Summit São Paulo -  (crédito: Estúdio Ricardo Hara/Divulgação)
Participantes em palestra principal da AWS Summit São Paulo - (crédito: Estúdio Ricardo Hara/Divulgação)

Impulsionadas pelos desafios da pandemia, diversas organizações passaram a testar os benefícios da economia de escala que os serviços de computação em nuvem proporcionam. A tecnologia, que tem sido amplamente utilizada por grandes empresas, permitiu acelerar o desenvolvimento e lançamento de novos produtos, com redução de custos de infraestrutura e complexidade.

A AWS Summit 2022, que ocorreu em São Paulo em 3 e 4 de agosto, reuniu milhares de participantes interessados no que há de mais moderno na área de tecnologias complementares e híbridas. Ao longo de dois dias e mais de 60 sessões, profissionais iniciantes no mercado de trabalho puderam se inteirar sobre o uso da tecnologia de nuvem para otimizar resultados e impulsionar o crescimento de startups.

O diretor-geral para setor público da AWS no Brasil, Paulo Cunha, conta que muitas instituições educacionais optaram por usar o armazenamento em nuvem para conseguir dispor de material aos alunos. O diretor lembra, também, que diversas edtechs — startups que trabalham com o desenvolvimento e aplicação da tecnologia na aprendizagem — tiveram crescimento exponencial durante a pandemia. "Com uma tecnologia de identificação de gestos faciais, elas compreendem se o aluno está ou não estimulado e percebe o tempo de retenção de conteúdo desse aluno. Ou seja, é possível maximizar o aprendizado com base nessa retenção e oferecer ao estudante um conteúdo dinâmico, reduzindo bastante os índices de evasão escolar", afirma.

Para Gustavo Rabelo, CEO do Extreme Group, uma das patrocinadoras do Summit, os números apresentados no evento comprovam que o Brasil deixou de ser um mero consumidor de tecnologias globais para se tornar referência na área. "Um dos desafios, agora, é manter essa capacidade de inovar, de adotar tecnologias rápidas e gerar produtos locais para ajudar no impulsionamento do setor de TI no país. Podemos verificar que as grandes empresas estão apoiando essa estratégia. E os indicadores apresentados mostram que o Brasil e a América Latina estão, sim, em um caminho sólido de desenvolvimento tecnológico", destaca.

Santiago Ciciliani: "Segurança de ambientes e otimização de custos"
Santiago Ciciliani: "Segurança de ambientes e otimização de custos" (foto: Arquivo pessoal)

Arquiteto de soluções para nuvem da Turing — unicórnio americano que conecta desenvolvedores de software do mundo inteiro a oportunidades de trabalho remoto em grandes empresas dos EUA —, Santiago Ciciliani destaca que, nos próximos anos, a expectativa é de que as organizações incluam cada vez mais volume de trabalho à nuvem. "Haverá um aumento no desenvolvimento de produtos nativos da nuvem, ou seja, aqueles especialmente projetados para trabalhar nesse ambiente, além de um aumento substancial no uso de estratégias multinuvem. Assim, o uso de vários provedores de computação em nuvem maximizará a redundância e a segurança dos ambientes, otimizando seus custos", diz.

O especialista em nuvem afirma que a percepção da liderança é o primeiro passo para as empresas se prepararem para esse novo mercado. "Essa conscientização deve se aliar a um planejamento robusto e quebra de paradigmas para a redefinição de processo. Esse conjunto se traduz em investimento no desenvolvimento de soluções inovadoras, como processamento de dados e acesso universal à inteligência artificial", ressalta.

Ciciliani afirma que 94% das empresas já utilizam algum serviço em nuvem e 66% contam com uma equipe interna. Pesquisa da consultoria Gartner projetou que, neste ano, os investimentos em nuvem devem atingir a marca dos US$ 482 bilhões — cifra bem superior aos US$ 396 bilhões movimentados em 2021. "Os benefícios de escala, produtividade e eficiência já se mostram válidos em várias empresas que entraram de cabeça na jornada da transformação digital de suas estruturas e cultura", disz o especialista.

 

Estagiário sob a supervisão de Jáder Rezende

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