Carreira

ONG capacita assessores parlamentares para o mercado

ONG Legisla Brasil faz seleção, prepara e indica candidatos para trabalhar no Legislativo

Ester Cauany*
postado em 15/01/2023 15:01 / atualizado em 15/01/2023 15:01
Formação sobre carreira e relacionamento entre mandatos, com Marta Suplicy -  (crédito:  Legisla Brasil)
Formação sobre carreira e relacionamento entre mandatos, com Marta Suplicy - (crédito: Legisla Brasil)

Muitos profissionais têm interesse pelo trabalho no Poder Legislativo, seja nas esferas federal, estadual e municipal pelos inúmeros benefícios, boa remuneração e até pela função social do cargo. Para muitos, oportunidades nesse sentido significam mudar de vida, adquirir novas experiências e crescer profissionalmente. Mas você sabia que existe uma Organização Não Governamental (ONG) Legisla Brasil pioneira no processo de seleção de candidatos para atuar em cargos complementares ao Poder Legislativo, como fiscalização, comunicação, relacionamento com os cidadãos e articulação de políticas públicas.

Criada há cinco anos, a ONG mapeia, prepara e conecta profissionais qualificados, interessados em trabalhar com política e gabinetes de todo o país, além de prestar serviços de capacitação de equipes parlamentares. A Legisla Brasil  selecionou profissionais e prestou consultorias para mais de 300 mandatos parlamentares em 16 estados. Prestigiada no ramo, a organização tem modernizado o jeito de fazer política.

Elmais: promoção de capacidade interna
Elmais: promoção de capacidade interna (foto: Arquivo pessoal)

"Hoje atuamos com partidos de diferentes ideologias levando as boas experiências de gabinetes que ajudamos a construir, além de atuar com treinamentos e consultorias para criar capacidade interna nas equipes partidárias", explica a diretora-executiva da Legisla Brasil, Luciana Elmais.

Segundo dados da organização, as três esferas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário já usam o banco de talentos da Legisla.  A Legisla Brasil atendeu gabinetes do PSOL, PDT, PDdoB, PSB e outros.

Diversidade

Dentro dessa linha de atuação, a Legisla criou o programa O2 — Oxigenando a política brasileira, que busca levar diversidade para as casas legislativas. A iniciativa seleciona profissionais de grupos historicamente sub-representados na política para conectá-los com vagas de assessoria parlamentar em mandatos de todo o Brasil. No grupo estão pessoas negras, indígenas, com deficiência e de baixa renda (até três salários mínimos ou primeira geração da família a cursar o ensino superior), além de LGBTQIA+.

Criado em 2021, o programa  recrutou 220 pessoas que se enquadram em grupos sub-representados. Desse total, 50% são brancos, 42%  negros e 1% indígenas. Pela orientação sexual, 52% se declaram heterossexuais, 22% são homossexuais e 19% são bissexuais. Analisando as regiões, 64% estão no Sudeste, 14% no Centro-Oeste e 12% no Nordeste. No recorte por idade, 71% dos escolhidos são jovens, têm de 24 a 35 anos. A iniciativa concedeu à Legisla Brasil o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, premiação da Prefeitura de São Paulo.

Para a diretora-executiva Elmais, a Legisla permite sonhos às pessoas e mostra que o dia a dia da política pode ser transformador e de muito impacto. "O que falta é oportunidade. É possível criar uma carreira de trabalho ali", diz a diretora-executiva, Luciana Elmais.

A organização atua com dois tipos de processos seletivos, a seleção anual para o banco de dados, onde parlamentares e candidatos podem se inscrever. Outra porta de entrada para um gabinete é quando o parlamentar procura por profissionais de determinada área de maneira urgente. Nesse caso, o processo seletivo é personalizado, por exemplo, quando a procura é para o cargo de assessoria jurídica as provas são temáticas e aborda pautas quentes que estão em debate no congresso. Ambas as seleções são  de graça para os candidatos.

As etapas contam com atividades voltadas ao conhecimento, qualificação, motivações do candidato, e, por fim, uma entrevista de competência. Em caso de procura por profissional específico, o processo seletivo é personalizado, por exemplo, quando a procura é para o cargo de assessoria jurídica, as provas são temáticas e abordam pautas quentes que estão em debate no congresso.

Luiz ingressou na Alesp como estagiário
Luiz ingressou na Alesp como estagiário (foto: Arquivo pessoal)

O assistente parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), Luiz Soares, 24 anos, conta que decidiu experimentar novos caminhos de contribuição para a sociedade para além da área acadêmica. Escolheu o legislativo no segundo ano da graduação em ciências sociais, entrou no gabinete como estagiário, em 2019 e, hoje, atua como assistente. "A Legisla teve desde o início uma preocupação com a diversidade. Enquanto pessoa negra, aprecio em especial esse esforço. No ano, fui selecionado, e éramos alguns na rede Legisla, mas nos gabinetes ainda éramos exceção", comenta.

No dia a dia, Soares ajuda nas atribuições do deputado estadual Bruno Ganem, recebendo e registrando pedidos por projetos de lei e políticas públicas que são encaminhados pela comunidade pelos canais de comunicação abertos(Whatsapp, Facebook e Instagram). "Oriento as pessoas que precisam ser atendidas por serviços de competência municipal ou de órgãos federais, mas que não sabem por quais meios institucionais resolver suas demandas", conta.

Isabela Rahal tomou gosto pela política
Isabela Rahal tomou gosto pela política (foto: Arquivo Pessoal)

Isabela Rahal, formada em relações internacionais e mestre em desenvolvimento econômico e política, iniciou seu contato com o legislativo por meio do processo seletivo da Legisla Brasil, 2019. A carreira no congresso começou como assessora legislativa. Entre suas atribuições, ela elabora projetos de lei e ajuda nas articulações políticas

"Sempre quis causar impacto e trabalhar com propósito. Aos poucos, percebi que o melhor lugar para isso é no setor público, consequentemente na política." A verdade é que, se não houver uma política eficiente, o trabalho de ONGs e outras organizações não sairá do lugar".

Tabata Amaral recorre ao banco de talentos
Tabata Amaral recorre ao banco de talentos (foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

Rahal, foi candidata a deputada estadual por São Paulo nas eleições deste ano. Relata que sua experiência no gabinete dos deputados Felipe Rigoni e, posteriormente, deputada federal, Tabata Amaral (PSB-SP) foram imprescindível para decidir sobre sua candidatura."Percebi que era um lugar pra mim. Trabalhar no Legislativo e com a Tabata me fez romper o esteriótipo do homem branco, rico e cisgênero que ilustra esse papel", explica.

Em sua campanha, Isabela Rahal usou sua bagagem a favor de seus discursos. "Fizemos uma campanha na qual sabíamos o que era possível cumprir'', explica. "Usamos a campanha como ferramenta para a educação política".

 

Fique ligado

Para se inscrever no banco de talento da legisla brasil ou pedir indicação de profissionais acesso o site legislabrasil.org 

  • Elmais: promoção de capacidade interna
    Elmais: promoção de capacidade interna Foto: Arquivo pessoal
  • Luiz ingressou na Alesp como estagiário
    Luiz ingressou na Alesp como estagiário Foto: Arquivo pessoal
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    Tabata Amaral recorre ao banco de talentos Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
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    Isabela Rahal tomou gosto pela política Foto: Arquivo Pessoal
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