Emprego

Como se preparar para uma entrevista de emprego

Especialistas apontam os passos para conquistar a tão desejada vaga. E aconselham deixar claro as ambições, qualificações e possíveis contribuições caso ocorra uma contratação efetiva

Ester Cauany*
postado em 22/01/2023 00:01 / atualizado em 22/01/2023 13:30
 (crédito: Lucas Pacífico)
(crédito: Lucas Pacífico)

Participar de uma entrevista de emprego é uma experiência bastante tensa, mesmo para quem já passou por esse processo. A cada dia que passa, novas tendências nascem e morrem no mercado de trabalho. Novas formas de entrevistar, novas performances no bate papo e até questões mais ilustrativas, como o investimento em cenários para entrevistas de emprego on-line. Tudo para impressionar o recrutador e deixar claro suas ambições, qualificações e possíveis contribuições caso aconteça uma efetiva contratação.

Entre entrevistas de emprego na modalidade mais tradicional, frente a frente com o recrutador, e encontros via internet, que permitem maior liberdade geográfica, uma coisa é clara: recrutadores desejam encontrar pessoas dinâmicas e que sabem desenvolver habilidades interpessoais.

Franciele Dall', especialista gestão de recursos humanos.
Franciele Dall', especialista gestão de recursos humanos. (foto: Arquivo pessoal )

A especialista em gestão de recursos humanos e analista de recrutamento e seleção da plataforma de empregabilidade Refuturiza, Franciele Dall', afirma que a tecnologia foi a porta de entrada para os processos on-line no mercado de trabalho. Ela ressalta que a pandemia contribuiu para a aceleração desta modalidade, que considera ainda estar dando certo.

Para Franciele, entrevistas remotas e presenciais são mais parecidas do que se pensa. Pontualidade, comportamento, comunicação, experiência e conhecimento técnico são fatores essenciais em qualquer entrevista. "A vivência profissional e aparência também são importantes. Não é legal, por exemplo, fazer uma entrevista de pijama", observa a especialista.

Criar uma imagem perfeita de si, ainda segundo ela, é uma estratégia equivocada. "É necessário ser honesto e mostrar uma visão humana de sua trajetória. Esta é uma forma de cativar, passar confiança e transparência, além de ajudar a equilibrar o nervosismo", aconselha. "Os recrutadores sabem que não existe profissional perfeito, e tentar levar essa imagem pode parecer arrogante", completa.

Aécio Donizetti, 36, o enfermeiro conquistou a vaga através de processo seletivo online.
Aécio Donizetti, 36, o enfermeiro conquistou a vaga através de processo seletivo online. (foto: Isaac Oliveira Nascimento/Retrart)

No final de 2022, o enfermeiro, Aécio Donizetti, 36 anos, participou de um processo seletivo para vaga de enfermeiro emergencista e ocupacional do Serviço Social da Indústria (Sesi), em Goiás. Ele lembra que todas as quatro etapas do certame ocorreram de forma remota. Desde a inscrição e provas técnicas até, finalmente, ser submetido a uma entrevista com o corpo técnico.

Acostumado com processos e entrevistas on-line, ele considera que em casa, em um ambiente aconchegante e acolhedor, é muito mais fácil controlar a ansiedade e o nervosismo. A entrevista durou cerca de 25 minutos e, durante a preparação para o encontro, Donizetti estudou os principais requisitos e normas indicados no edital do concurso. "Procurei não ficar nervoso", afirma.

Donizetti ressalta que em uma entrevista presencial na sede da empresa os candidatos têm a impressão de não conseguir controlar variáveis e desconfortos. "Acredito que por ser remota e muitas vezes feita na própria casa, o candidato tem maior segurança e também maior chance de controlar o nervosismo. Ao contrário de quando precisamos nos deslocar para uma entrevista presencial, que pode ser em ambiente estressante."

O administrador e especialista em carreiras Guilherme Lopes explica que a revolução tecnológica do mercado observada nos últimos três anos foi a principal responsável pela tendência das entrevistas em formato remoto. "O mundo digital fornece muitos benefícios, mas o que se perde é a conexão humana", diz. "Hoje, o recrutador precisa de mais mecanismos para evidenciar as informações. Até mesmo fazer uso de testes para complementar a análise", analisa.

Lopes, divide suas avaliações em quatro partes: apresentação do candidato e comunicação; avaliação de relacionamento e comportamento; aptidão técnica; avaliação dos resultados do candidato. Ele afirma que os candidatos devem construir uma narrativa para detalhar sua caminhada profissional. "Conte sobre sua carreira como se fosse uma história, com início, meio e fim", diz.

Além disso, aconselha Lopes, estratégias pessoais devem estar alinhadas a uma profunda reflexão sobre a vaga e a empresa. "Pense em qual das suas experiências podem se alinhar à vaga. Ler o segmento da empresa também é importante, pois mostra o quanto o candidato estudou para estar ali e está preparado para alinhar sua competência e técnica aos interesses da firma", observa, lembrando que muitas pessoas se preocupam com a oferta de vagas e não se aprofundam na preparação para cada oportunidade.

E-mail ou porta em porta?

Guilherme Lopes, administrador e especialista em carreiras.
Guilherme Lopes, administrador e especialista em carreiras. (foto: Wanderlei Oliveira)

Há poucos anos, pessoas que procuravam por empregos costumavam visitar diariamente empresas e lojas para deixar seus currículos. Hoje, pouco se vê deste tipo de investida. Para algumas empresas, esse tipo de comportamento deixou de ser alternativa de recrutamento, sendo considerada até um meio incomum e inapropriado para aplicação a vagas de emprego.

O mercado de trabalho está investindo bastante em plataformas seguras e especializadas para captação e seleção de pessoas. O envio de currículo por endereço eletrônico, por exemplo, continua sendo um dos meios mais acessíveis. "A maioria das empresas já estabeleceu um fluxo inteligente para esses processos, especialmente em função da Lei Geral de Proteção de Dados (GPD), direcionando os candidatos para cadastros no site", explica o especialista em carreiras Guilherme Lopes. "Quem continua nos procurando são profissionais que têm maiores dificuldades com a tecnologia", conta.

Lopes considera, ainda, que a agilidade dos sistemas ajuda no direcionamento do recrutador até chegar aos candidatos mais alinhados à vaga. "Eu digo que é a tecnologia a serviço do recrutador. Acaba que a mão humana faz parte de todo o processo mas, efetivamente, participa na etapa final de entrevistas", comenta.

Os candidatos também são beneficiados com este tipo de ferramenta, diz Lopes. Ele lembra que as plataformas fornecem aos usuários ferramentas para consulta de cada etapa do processo seletivo. "Observa-se, nesse contexto, a possibilidade de visualizar muito mais vagas do que se pode alcançar batendo de porta em porta, tendo em vista que a tecnologia proporcionada pela internet e seus algoritmos expõem vagas e oportunidades. Outra grande vantagem é a segurança das plataformas digitais que garante a segurança dos dados pessoais de cada candidato", observa.

 

Estagiária sob a supervisão

de Ana Sá

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