Carreira

Professor de escola pública ajuda estudantes na definição de carreira

Professor de escola pública cria e oferece, gratuitamente, curso de orientação profissional para estudantes com dificuldade em escolher a área que mais se enquadra em seu perfil

Nathalia Sarmento
postado em 05/02/2023 06:00 / atualizado em 05/02/2023 06:00
O professor Tarso Lima, que ministra curso sobre carreira profissional a estudantes da Escola Técnica de Brasília (ETB), e parte da turma -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)
O professor Tarso Lima, que ministra curso sobre carreira profissional a estudantes da Escola Técnica de Brasília (ETB), e parte da turma - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)

Ajudar estudantes a abraçarem uma carreira que garanta satisfação pessoal e bom desempenho profissional sempre foi um dos principais anseios do professor de escola pública Tarso Regis Lima, 61 anos. Guiado por essa vocação, o mestre desenvolveu o curso Programa de Expansão da Mente Acadêmica (XMA), de orientação profissional, para os estudantes da Escola Técnica de Brasília (ETB).

Lima conta que a inspiração para começar um projeto capaz de transformar e auxiliar na construção da carreira profissional desses estudantes surgiu ao acaso, após ler o caderno Trabalho&Formação Profissional, do Correio, publicado em dezembro, em 2018, com a manchete "Matemáticos fora de série". Atualmente, o professor procura por patrocínio para desenvolver um aplicativo de carreira. Contatos no perfil do Instagram @formacaoxma.

A matéria publicada no Correio aborda a variedade de escolhas que um graduado em matemática pode fazer. Formado em engenharia civil pela Universidade de Brasília (UnB) e em matemática pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub), Lima lembra que os profissionais citados na matéria trabalhavam em diversas áreas, como mercado financeiro, marketing, computação e no setor bancário.

Projeto social

Para entender melhor os anseios dos alunos e as dificuldades que os afligem durante a busca pela carreira ideal, assim como a conciliação com o mercado de trabalho atual, o professor altruísta realizou uma pesquisa na própria instituição, com 645 estudantes. "Com 10 anos na área tecnológica e 25 anos como educador, me inquietava o fato de muitos jovens ainda se encontrarem perdidos sobre a carreira a seguir ou sobre como se preparar para a profissão escolhida", diz Lima.

Atualmente, afirma ele, a meta é ressignificar a vivência dos estudantes, evidenciando três parâmetros fundamentalmente dinâmicos abordados durante sua formação: corpo, mente e alma. Na perspectiva do gaúcho, natural de Santa Maria, o corpo simbolizaria a profissão, a devida função escolhida pelo estudante; a mente representa a bagagem educacional do indivíduo referente à sua área profissional; e a alma corresponde à vocação pelo trabalho cotidiano.

Com especialização em carreira, ele frisa que, para concretizar ideia, recebeu o auxílio do consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Walney Nunes Silva, 41, que contribuiu com o desenvolvimento da metodologia comportamental. "Nosso curso foi baseado em duas técnicas de aprendizagem eficiente: a área de carreira, quando se adquire todo o conhecimento técnico sobre a futura profissão, e a comportamental, que auxilia os estudantes a pensarem além das grades de disciplinas, reformulando os hábitos para se adaptar melhor ao mercado de trabalho", afirma Lima.

Finalizando o curso técnico de informática na ETB, o estudante Guilherme Samambaia, 18, lembra que desde criança se identificava com a área militar, mas aos 14 anos, seguindo orientações dos pais, começou a se interessar pela área tecnológica, visando maior oportunidade na área, em franca ascensão no mercado de trabalho.

O brasiliense, que iniciou o curso em fevereiro de 2022, considera que um dos diferenciais abordados nos laboratórios tecnológicos é a metodologia comportamental. "O projeto é muito interessante, principalmente quando o associamos à vivência diária dos profissionais de TI. É uma experiência que nos possibilita sonhar com um futuro promissor na profissão", pontua Guilherme.

Mestrando em políticas públicas, infância e juventude na UnB, o psicólogo Vinícius Mota enfatiza que não se deve normalizar a indecisão profissional durante a juventude e, sim, estimular um diálogo capaz de guiar o estudante ao êxito profissional. "Devemos encarar essa incerteza na hora de definir o ofício como uma ferramenta que se desenvolve em concordância com o ambiente sociocultural de cada jovem" pontua o especialista.

Mota ressalta que a busca pela autonomia é o ponto essencial para sanar as dúvidas no momento da escolha da profissão a seguir. Uma boa saída, indica, é participar de encontros vocacionais realizados em várias universidades, que também oferecem atendimento terapêutico voltado à construção da carreira.

 

*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende

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