Há cerca de um mês, a Inteligência Artificial era uma promessa com potencial de influenciar as nossas vidas de maneira única, mas que ainda não havia tomado conta do nosso dia a dia a ponto de mostrar os seus impactos na maneira como realizamos as principais atividades cotidianas —seja no trabalho ou na vida pessoal.
Após o lançamento da ferramenta gratuita de inteligência artificial da Microsoft, o Chat GPT, conhecemos a dimensão prática de como a tecnologia já está modificando a maneira como produzimos. Com alguns comandos e referências, a ferramenta de IA nos retorna textos elaborados em diferentes assuntos. Se por um lado as informações contidas ali não são completamente confiáveis e apuradas, necessitando de uma revisão humana para validar a coerência e veracidade, por outro lado chamou a atenção a agilidade e nível alto de acertos que a ferramenta apresenta, principalmente por ainda estar em estágio inicial de funcionamento.
Ao observarmos a tecnologia realizando com mais eficiência (em menor tempo e com menos envolvidos no processo) tarefas antes executadas apenas por humanos, reacendemos a discussão sobre qual será o papel da força de trabalho nas próximas décadas, em uma sociedade que lidará com os impactos do avanço das ferramentas digitais.
Para trazer uma perspectiva histórica, as revoluções industriais dos últimos séculos trouxeram disrupções que modificaram as formas de trabalho vigentes, exigindo uma nova adaptação na instrução dos trabalhadores e oferta dos postos de trabalho. O que aprendemos ao olhar para trás é que os impactos iniciais são sentidos por aqueles que têm as suas funções básicas parcialmente substituídas ou completamente automatizadas, mas que também há uma adaptação rápida da força de trabalho para atender às novas demandas profissionais.
O que torna a situação atual mais alarmante é a velocidade e escala das transformações que vivemos nessa nova era digital. Se antes havia um maior tempo de assimilação e adaptação às mudanças, a sensação presente é que corremos contra o tempo para compreender e nos ajustar às novas realidades.
Nesse contexto, é necessário fazer algumas reflexões e tomarmos ações para nos posicionar frente às mudanças em curso, sabendo tirar o melhor proveito delas para não ser uma mera "vítima das circunstâncias".
A tecnologia não irá substituir todas as tarefas humanas, mas sim nos permitirá ganhar em produtividade para realizar outras tarefas mais complexas e que exijam uma capacidade de julgamento e relacionamento que a máquina não pode reproduzir.
Como ação prática, é necessário aprender a utilizar as ferramentas disponíveis como aliadas do seu trabalho e não como inimigas. Exercite utilizar o Chat GPT para auxiliar em pelo menos três tarefas que você executa semanalmente e observe o seu ganho de produtividade (redução do tempo gasto na execução das atividades).
Utilize o tempo extra disponível para desenvolver e aprimorar habilidades mais complexas, que agregam maior valor aos principais resultados do seu trabalho. Invista principalmente nas competências que envolvem relacionamento e julgamento (tomada de decisão em cenários desafiadores), que são pouco ou nada substituíveis por ferramentas digitais.
A mensagem central para fazer o melhor uso dos avanços dessa era em que vivemos é utilizar a tecnologia como uma aliada para desenvolver o seu potencial, não como profissional, mas como ser humano. É isso o que vai fazer cada vez mais diferença no presente e futuro próximo.