As principais manchetes econômicas e de negócios dos dois primeiros meses do ano apontam para um período que requer reduzir os gastos e correr riscos calculados por parte das empresas. Os principais acontecimentos que ilustram esse cenário são: estamos no primeiro ano de um novo governo, que precisa ajustar a política econômica e social após um período de recessão e crise institucional; muitos negócios em estágio inicial (startups e empresas que surgiram nos últimos anos) perceberam uma diminuição do capital de risco disponível, sendo levados a demitir boa parte do quadro de funcionários para economizar; escândalos de empresas como Americanas acenderam o sinal vermelho para a concessão de crédito por parte das instituições financeiras, que estão mais conservadoras ao lidar com grandes dívidas de empresas.
O contexto macroeconômico indica que esse é um ano para realizar uma boa gestão dos recursos disponíveis, equilibrando as contas das organizações e evitando arriscar em novas iniciativas arrojadas. Quando há incerteza no mercado, é momento para ser mais austero na tomada de decisões e isso impacta diretamente nas escolhas de carreira também.
Ainda assim, uma pesquisa realizada pela consultoria Robert Half, com mais de 1.000 entrevistados em todo o Brasil, apontou que cerca de 49% dos profissionais escutados desejam mudar de emprego este ano. A maioria motivada por maiores chances de crescimento na carreira e aumento salarial. Desses, 39% também desejam mudar a área de atuação.
Considerando o grande interesse dos profissionais brasileiros em fazer mudanças importantes de carreira em um momento que pede cautela, há algumas reflexões a serem feitas e ações a serem tomadas pelos profissionais que estão considerando tomar decisões relevantes e arriscadas de carreira nos próximos meses.
A primeira reflexão que os profissionais devem fazer é sobre quais são os seus grandes objetivos de carreira e onde querem chegar. Após isso, é preciso fazer uma análise sobre como o emprego atual está contribuindo para o objetivo maior. É importante destacar os pontos considerados impulsionadores e desafiadores da ocupação atual, evitando a tendência de exagerar para um lado ou para o outro.
Em alguns casos, o profissional pode perceber que mudar de emprego pode não estar diretamente relacionado com um impulsionamento profissional para realizar os grandes objetivos de carreira. Cada organização terá aspectos considerados positivos e outros negativos, portanto a ponderação é crucial para não trocar o ambiente de trabalho e manter a mesma postura ou insatisfação que estão impedindo ou retardando o avanço profissional.
Conversar com profissionais da empresa na qual se deseja trabalhar antes de tomar uma decisão é uma forma de ter uma visão menos idealizada das opções disponíveis.
Em outros casos, a troca de trabalho poderá ser o movimento mais adequado para alavancar os objetivos profissionais. Ter clareza do que se está buscando e, principalmente, do que está disposto a abrir mão é fundamental para procurar posições que se encaixem com o momento da carreira. Para quem busca um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, escolher por um emprego que demande extensas jornadas de trabalho não é a melhor opção, mesmo oferecendo melhor remuneração e possibilidades de crescimento. Todos os aspectos envolvidos com o trabalho devem ser bem analisados e equilibrados para aumentar o sucesso na busca por uma nova posição.
Dedique horas livres para a busca e candidatura às oportunidades mais aderentes aos seus objetivos, mas não se desligue do emprego atual antes de ter uma proposta de emprego antes. Movimentações de carreira podem levar mais tempo do que o previsto e as melhores decisões não são tomadas sob pressão, ainda mais se ela for de ordem financeira. Autoconhecimento, análise equilibrada e ponderação são as palavras de ordem para quem deseja fazer mudanças de carreira bem sucedidas nos próximos meses.