Pesquisa

Independência financeira é objetivo de 80% dos jovens brasileiros

Programas como jovem Aprendiz abrem as portas para aqueles que buscam oportunidades e melhores colocações no mercado profissional

Samara Bandeira*
postado em 09/07/2023 06:00 / atualizado em 09/07/2023 06:00
 (crédito: Arquivo Pessoal/Reprodução)
(crédito: Arquivo Pessoal/Reprodução)

A independência financeira é um objetivo cada vez mais almejado entre os jovens brasileiros. De acordo com recente pesquisa do Ensino Social Profissionalizante (Espro), 84% dos jovens aprendizes têm como principal motivação trilhar o caminho da autonomia econômica. O levantamento faz parte da Pesquisa de Satisfação Jovem feita anualmente pela entidade para entender as principais aspirações, opiniões e necessidades de quem passa por programas de socioaprendizagem como o Jovem Aprendiz.

A pesquisa mostra que entre as aspirações para o futuro apontadas no levantamento estão o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional (74%), comprar uma casa própria (65%), ter uma carreira de sucesso em uma grande empresa (54%), sair da casa dos pais (49%) e fazer a diferença no mundo por meio de ações sociais (40%). Seguir uma carreira acadêmica em uma universidade é o objetivo de 36% dos jovens, estudar fora do país de 33% e ter o próprio negócio, de 26% dos 5.616 jovens participantes. A pesquisa foi realizada com menores e jovens aprendizeses de 15 a 22 anos em Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. 

A evasão escolar durante o programa de aprendizagem é zero, pois é obrigatório estar na escola durante o programa.
A evasão escolar durante o programa de aprendizagem é zero, pois é obrigatório estar na escola durante o programa. (foto: Fotos: arquivo pessoal)

Gerente da Espro São Paulo, Richard Piveta explica que os programas de socioaprendizagem têm papel fundamental na construção da confiança e perspectiva de futuro do jovem, principalmente por valorizar os estudos. "O princípio no programa de aprendizagem é o jovem estar estudando ou ter terminado o ensino médio. A maioria dos jovens tem o desejo de continuar estudando e no nosso programa a taxa de evasão escolar é zero", aponta.

Piveta conta que os programas de socioaprendizagem são necessários especialmente para os jovens de baixa renda. "O nosso público-alvo é o jovem de alta e altíssima vulnerabilidade. São os jovens que nós priorizamos para inserir no mercado de trabalho", explica.

Orientação

Wellington Mozarth, pedagogo
Wellington Mozarth, pedagogo (foto: Arquivo Pessoal)

Aprender um ofício ou desenvolver habilidades valorizadas pelo mercado de trabalho é uma missão difícil para quem está começando. Para o pedagogo e empresário Wellington Mozarth, programas como o Jovem Aprendiz são fundamentais para suprir essa lacuna.

"Os ambientes que implantam programas de socioaprendizagem tendem a ter preocupações com o indivíduo além das questões profissionais. Eles fortalecem a sensação de capacidade e pertencimento", afirma Mozarth.

O pedagogo explica que a inserção do jovem no meio profissional de maneira educativa favorece o crescimento pessoal do indivíduo. Para ele, os programas de socioaprendizagem não superprotegem ou amenizam a responsabilidade do jovem, o que permite que as frustrações e erros façam parte do processo de aprendizado profissional.

Estudante de Medicina Veterinária, integrante do programa Jovem Aprendiz de Brasília
Estudante de Medicina Veterinária, integrante do programa Jovem Aprendiz de Brasília (foto: arquivo pessoal)

De acordo com dados do relatório da Espro, 48% dos jovens inseridos nos programas de jovem e menor aprendiz aspiram ter um emprego que ajude a bancar os estudos. É o caso do estudante de medicina veterinária Rômullo Vieira, de 19 anos, que faz parte do Jovem Aprendiz e utiliza os valores recebidos para ganhar mais autonomia.

"Hoje atuo principalmente na área da logística e, mesmo não sendo minha área de interesse, me ajudou a ter um crescimento financeiro considerável e pude adquirir itens básicos por conta própria, além de poder comprar itens importantes para a minha formação acadêmica", conta.

Vieira relata ainda que, graças ao programa, adquiriu também experiências essenciais para o mercado. "Aprendi a me portar e entendi o que eu irei enfrentar no ambiente profissional, de fato", explica.

Ganhos pessoais

Os resultados da análise reforçam a visão abrangente dos programas socioeducativos, que vão além da preparação para o mercado de trabalho. Segundo o levantamento, 68% dos alunos consideram que a socioaprendizagem melhora a qualidade da vida familiar. Já para 90%, as aulas os tornam mais responsáveis. Da amostra, 86% se sentem protagonistas do próprio desenvolvimento e 77% consideram o programa de aprendizagem uma transformação na própria vida.

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Mariana Vasconcelos, psicóloga (foto: Arquivo Pessoal)

Segundo Mariana Vasconcelos, Psicóloga e especialista em Saúde Mental e Desenvolvimento Humano, os programas de socioaprendizagem têm papel fundamental no desenvolvimento de perspectivas de futuro e escolha da trilha profissional.

"Esses programas têm a potencialidade de ampliar suas visões de futuro, abrindo um leque de possibilidades, proporcionando autoconfiança e autoestima necessárias para preparar o jovem para as escolhas da vida adulta", esclarece.

Estudante de biomedicina diz que "participar do programa me ajudou a escolher a faculdade que faço hoje."
Estudante de biomedicina diz que "participar do programa me ajudou a escolher a faculdade que faço hoje." (foto: Arquivo pessoal)

Para Samara Rodrigues, 19 anos, que foi menor aprendiz aos 16 na área de perícia do Corpo de Bombeiros, o programa foi relevante para seu direcionamento vocacional.

"Ter trabalhado no Corpo de Bombeiros me ajudou a escolher a faculdade que eu faço hoje em dia. Estou cursando biomedicina e gostaria de atuar, inclusive, nos Bombeiros", conta a estudante.

De acordo com a jovem, no período em que esteve no programa de socioaprendizagem desenvolveu habilidades pessoais que dificilmente treinaria fora do Menor Aprendiz. Para ela, o programa foi capaz de lhe tornar uma profissional competitiva.

"Minha função era fazer o primeiro contato com os civis e isso me ajudou a aprender a lidar com as pessoas e com o estresse diário. São coisas que a gente não aprende no dia a dia normalmente, e acredito que isso possa me colocar à frente no mercado de trabalho", comemora Rodrigues.

Estagiária sob a supervisão de Ana Sá

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