TECNOLOGIA

Trabalho otimizado: inteligência artificial ajuda a acelerar reuniões

Inteligência artificial ativada pela Microsoft resume os principais pontos de um encontro de trabalho on-line e cria até roteiros de perguntas para aprofundar discussões

Lara Costa*
postado em 03/09/2023 06:00 / atualizado em 03/09/2023 06:00
O Copilot contém as seguintes funções: escutar reuniões e, a partir delas, gerar listas de tarefas; legendar reuniões e categorizar as falas dos participantes e em tempo real -  (crédito: Caio Gomez)
O Copilot contém as seguintes funções: escutar reuniões e, a partir delas, gerar listas de tarefas; legendar reuniões e categorizar as falas dos participantes e em tempo real - (crédito: Caio Gomez)
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A inteligência artificial oferece uma nova ferramenta que promete impactar o mundo do trabalho. A antiga função de registrar em ata tudo o que é discutido em um encontro formal de negócios ou mesmo em reuniões internas dentro da própria organização pode estar com os dias contados. E não porque se tornou desnecessária, mas pelo fato de que os robôs também começarão a ser usados para fazer essa tarefa.

A Microsoft ativou para as empresas o Copilot Microsoft 365, em todos os programas do Teams, plataforma de reuniões on-line. A funcionalidade consiste em uma inteligência artificial que resume os principais pontos abordados em uma reunião direto na plataforma. O dispositivo é válido em todos os softwares do Microsoft 365, como o Word, o Power point e o Excel.

O Copilot contém as seguintes funções: escutar reuniões e, a partir delas, gerar listas de tarefas; legendar reuniões e categorizar as falas dos participantes e em tempo real. Além disso, a partir da "escuta" da reunião, a inteligência artificial pode estendê-la, com sugestões de argumentos aos participantes. O objetivo é que os profissionais se informem sobre os temas abordados na reunião, de forma que o tempo de trabalho dos profissionais e das empresas diminua, e que aumente a produtividade e o foco sobre as principais demandas. O serviço já conta com mil usuários no Brasil. A taxa para assiná-lo é de R$ 30.

Impactos no mercado

Homem branco de terno com braços cruzados.
Rodrigo Cardoso vê a ascensão das IAs com entusiasmo. (foto: Arquivo Pessoal)

O uso de ferramentas como o Copilot tem potencial de contribuir para aprimorar e otimizar as tarefas cotidianas das organizações, mas é importante ponderar questões envolvendo o uso de qualquer tipo de inteligência artificial no trabalho.

O professor Rodrigo Silva, da Faculdade de Ciência e Informação da Faculdade Mackenzie, analisa a ascensão dessa tecnologia de forma positiva, como aliada ao trabalho humano. "As tecnologias de IA fazem parte do rol de ferramentas que ajudam ou completam as atividades do dia a dia na internet. Na internet de hoje, tudo é software", avalia. Ele ainda defende que "as boas práticas aplicadas na engenharia de software e nas organizações já são suficientes para que os serviços ou produtos de IA estejam em regular situação e sintonia com o ordenamento jurídico brasileiro".

Já para Frank Santana Cruz, professor de Ciência da Computação (CiC) da Universidade de Brasília (UnB), isso evidencia o novo cenário "inevitável" do mercado de trabalho. "Por um lado, é positivo, porque permite que as equipes extraiam o máximo da sua produtividade e criatividade. Por outro lado, também há um risco real da retirada de postos de trabalho, uma vez que ferramentas conseguem realizar tarefas que são rotineiras realizadas por humanos, e acabam ocupando essa posição", destaca.

Além disso, o professor e pesquisador Zanei Barcellos, da Faculdade de Comunicação (FAC) da UnB, afirma que "a inteligência artificial traz revolução para o cotidiano, como tendência negativa" não apenas pela extinção de empregos, mas também pela ameaça do não surgimento de novos postos de trabalho. Zanei ainda ressalta que esse problema é mais grave em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Sobre isso, ele faz a seguinte comparação: "Em países mais desenvolvidos, estão implantando medidas que auxiliam os jovens que não terão emprego no futuro, como a renda mínima, política que se difere no Brasil, em que o Estado disponibiliza quantidade monetária mínima para que esse jovem possa sobreviver".

Para o cenário brasileiro, Frank acredita na necessidade de se pensar em estratégias que assegurem as condições de trabalho de quem vai ter a profissão afetada com a tecnologia. O professor fala que o Brasil precisa com urgência ser mais ativo no direcionamento de recursos da pesquisa nessa área, "para formar essa base pensante e criativa para, não somente ser dependente cada vez mais do tecnológico, mas também em termos de consultoria".

*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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