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"Enem dos concursos": especialistas dão dicas para a nova onda dos certames

Especialistas dão dicas de como se preparar e o que esperar da novidade anunciada pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos: o "Enem" dos certames

Correio Braziliense
postado em 03/09/2023 06:00 / atualizado em 03/09/2023 06:00
Bruna Cristina Caravalho tem expectativas altas para a nova prova -  (crédito:  Carlos Vieira/CB/DA Press.)
Bruna Cristina Caravalho tem expectativas altas para a nova prova - (crédito: Carlos Vieira/CB/DA Press.)
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Mais uma novidade no mundo dos concursos públicos foi anunciada pelo governo federal na última semana. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) prevê a realização de um Concurso Nacional Unificado, para preenchimento de aproximadamente 8 mil vagas. As oportunidades foram autorizadas neste ano pela pasta, e distribuídas entre 100 órgãos do Executivo federal. 

O ministério está realizando estudos com o objetivo de deixar o certame nos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que é aplicado simultaneamente em todo o país. Representantes da pasta se reuniram pela primeira vez na última sexta-feira com os órgãos autorizados a realizar concursos públicos.

A previsão é de que a prova seja aplicada em 179 municípios, em fevereiro de 2024. O secretário de Gestão de Pessoas do MGI, José Celso Cardoso Jr., fez as duas primeiras apresentações a cerca de 100 órgãos sobre a proposta de prova única e esclareceu dúvidas. José Celso detalhou, em entrevista, que um dos objetivos é atrair pessoas que, de outra forma, jamais teriam a oportunidade de concorrer a uma vaga no setor público. 

De acordo com a ministra do MGI, Esther Dweck, o número de servidores no poder Executivo federal é insuficiente para garantir a prestação de "bons serviços para a população". Sendo assim, o governo tem focado no estudo e na abertura de novos concursos públicos. 

Estrutura da prova

Técnicos do MGI afirmam que o ato oficial que vai definir a estrutura de governança do Concurso Nacional Unificado será publicado até meados de setembro. Os órgãos deverão aderir à proposta de forma voluntária. A expectativa é de que o edital seja publicado até dezembro deste ano. A data prevista para a realização das provas é 25 de fevereiro de 2024. 

O concurso será dividido por regiões, sendo que a Nordeste deverá conter o maior número de cidades em que serão realizadas as provas (50), seguida por Sudeste (49), Norte (39), Sul (23) e Centro-Oeste (18). 

A previsão é de que sejam ofertadas 7.826 vagas, distribuídas entre os seguintes blocos temáticos: administração e finanças; setores econômicos, infraestrutura e regulação; agricultura, meio ambiente e desenvolvimento agrário; educação, ciência, tecnologia e inovação; políticas sociais, justiça e saúde; trabalho e previdência; dados, tecnologia e informação pública; e nível intermediário.

O exame será dividido em duas partes: provas objetivas, com matriz comum a todos os candidatos; e provas específicas e dissertativas, por blocos temáticos. A expectativa é de que os resultados sejam divulgados até o fim de abril e os cursos de formação dos aprovados comecem entre junho e julho de 2024.

 

De olho nas novidades

Fernando Mesquita, diretor de mentoria do Gran Cursos Online, aponta os pontos positivos e negativos do Concurso Nacional Unificado. De acordo com o especialista, os fatores favoráveis giram em torno de estrutura de prova. "É mais fácil de realizar do ponto da administração pública, pois exige menos tempo — é, em tese, apenas uma prova. É uma seleção teoricamente mais simples de construir. Do ponto de vista do candidato, tende a ser um pouco pior, por reduzir a quantidade de chances e depender mais de uma data específica."

O mentor esclarece que a unificação das provas não vai acabar com a participação das bancas organizadoras no processo. "A banca continua existindo, como sempre existirá. É ela que realiza o concurso. A diferença será no escopo e na dimensão do trabalho realizado. Antes, uma prova mais simples; agora, outra, com milhões de candidatos e centenas de cidades. Os problemas potenciais permanecem, e a escolha de uma boa banca será primordial para o sucesso do projeto", relata.

Já na vida dos concurseiros, a novidade pode impactar negativamente, aumentando o nível de concorrência. "O candidato ao Executivo federal teria menos oportunidades e, portanto, menos tempo de experimentação. Ele tem menos espaço para errar, e a preparação precisa de muito mais profissionalismo. Ao mesmo tempo, demanda mais conhecimento dos cargos e das áreas para fazer uma boa escolha. Além disso, se bem-sucedido, esse modelo pode se estender para outros Poderes", finaliza.

Bruna Cristina Carvalho, 25 anos, estuda há um ano para concurso público e está otimista com a ideia. "Eu nunca nunca tinha visto nada parecido, e estou com a expectativa boa, porque são bastantes vagas", avalia. 

A concurseira almeja concorrer a uma vaga do bloco de administração e finanças, para aproveitar o que está estudando para o certame da Polícia Civil do DF, para área administrativa. Bruna estuda on-line e, para chegar preparada ao dia da avaliação, pretende intensificar os estudos. "Acredito que vá atrair muitas pessoas e todo mundo que está mesmo querendo fazer essa prova vai se preparar para valer."

*Estagiária sob supervisão

de Mariana Niederauer

E agora, como se preparar?

Confira dicas de Victor Tanaka, especialista em concursos públicos do Estratégia Concursos, sobre como estudar para a nova seleção:

1. Planejar os estudos

O planejamento de estudos precisa ser dinâmico e estar sujeito a ajustes constantes. Estar atento também à criação de uma rotina diária, com o acompanhamento de conteúdo estudado e quantidade de exercícios resolvidos por dia, é importantíssimo.

2. Manter-se atualizado

É fundamental manter contato semanal com todas as disciplinas que estarão na prova, seprando mais tempo para as que envolvam maior complexidade ou que tenham um peso maior na prova.

3. Testar novas técnicas

É fundamental seguir algumas técnicas, como intercalar a maratona de estudos com pausas. Por exemplo: estudar 50 minutos, seguidos de 10 minutos de descanso. Cada pessoa precisa saber adaptar as pausas da maneira mais adequada à sua rotina.

4. Seguir as fases de estudos

A primeira fase é a criação da base, consolidando a teoria e tendo exercícios como forma de reforço. Em um segundo momento, praticar com muitos exercícios e revisar a teoria estudada.

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