De Maceió à Filadélfia. Essa é a nova trajetória da jovem de 20 anos Ana Júlia Monteiro. Dedicada a mudar a educação brasileira por meio da robótica, ela ganhou uma bolsa integral na Universidade da Pensilvânia, conhecida como UPenn. Já faz um mês que a estudante desembarcou na maior cidade do estado norte-americano.
A alagoana se formou no ensino médio na escola Sesi Cambona de Alagoas, que tem como propósito transformar a vida das pessoas e das indústrias como ponte para o futuro. O Sesi Cambona conquistou o 1º lugar no Prêmio Inspiração do Festival Sesi de Robótica, em 2022. A estudante trabalha com robótica desde os 12 anos. A paixão pela área foi inevitável.
"No meu estado, não existiam muitas atividades ou oportunidades extracurriculares. E robótica era uma das principais que ainda tinham. Foi aí que eu iniciei essa minha carreira na robótica. Hoje, quero fazer com que outros estudantes tenham essas mesmas oportunidades", conta Ana.
Realizações
Aos 18 anos, a estudante foi finalista no Top 10 Global Student Prize, uma premiação responsável por reconhecer jovens talentosos que demonstram criatividade, inovação e compromisso com o bem-estar global. Ela apresentou algumas de suas propostas ao prefeito de Maceió e conseguiu um emprego na Secretaria Municipal de Educação (Semed).
"Ele acabou gostando e me contratou para desenvolver uns projetos, sendo um deles um projeto piloto de robótica em uma escola", explica a jovem. Em 2022, Ana Júlia criou uma startup ao lado da amiga Joyce Sapucaia. A plataforma, chamada Daxi Education, liga estudantes à tecnologia e à engenharia com kits educacionais aliados aos conteúdos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A co-fundadora da Daxi Education quis aperfeiçoar seus estudos e aplicar para universidades americanas. Ela recebeu acompanhamento por um ano da Crimson Education, uma consultoria educacional que está presente em mais de 30 países. A Crimson é especializada no serviço de assessoria para estudantes na preparação e candidatura para as melhores universidades nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Europa.
"A Crimson me acompanhou durante um ano em todos os processos da aplicação, desde escrita de essays até entrevistas. Eu me sinto muito grata de ter tido todo esse suporte, até porque a aplicação para os EUA é muito diferente do processo brasileiro", explica a alagoana.
Conquistas
A estudante recebeu uma bolsa integral para cursar business (negócios) com foco em empreendedorismo social na UPenn, uma das oito universidades particulares reconhecidas como uma Ivy League, a "Liga da Hera", em tradução livre. A agremiação, criada em 1954, apenas reunia grupos esportivos Hoje, ganhou grande relevância, é sinônimo de excelência acadêmica e sonho de estudantes ao redor do mundo. Reúne as oito melhores universidades dos Estados Unidos.
A jovem visionária não pensou que iria tão longe assim. "Nunca realmente imaginei que chegaria até o ponto de estudar em uma Ivy League, mas sempre trabalhei por tal. Vou cursar provavelmente finanças e empreendedorismo, tendo uma atenção para ESG, o que se conecta com o meu sonho de trabalhar com empreendedorismo social, desenvolvendo empresas que tenham um foco em influenciar positivamente a sociedade", afirma Ana.
Ela ainda disse que o momento de receber a notícia da bolsa foi inesperado. "O resultado da minha universidade veio em um dia conhecido como Ivy Day, quando todas as Ivy Leagues disponibilizam os resultados de suas aprovações. Não estava esperando muito desse dia e, inclusive, nem gravei nada. Mas quando liguei o computador, minha reação não foi gritar e, sim, encarar o computador para saber se aquilo era real. Passei uns cinco minutos com essa informação só para mim antes de falar com os meus pais. Foi um dia muito feliz", explica a universitária.
Desafio no Brasil
"Sinto que durante meu ensino médio tive muitas oportunidades em STEM (science, technology, engineering and mathematics — ciência, tecnologia, engenharia e matemática), participei de competições de robótica desde os 12 anos. Mesmo assim, cheguei aqui nos EUA sentindo que tenho muito a evoluir. Quero que a educação brasileira seja uma referência, e sei que isso envolve muitas outras áreas fora do STEM. Mas a minha forma de alavancar o nosso país é essa: com a robótica", destaca Ana Júlia.
Há 30 dias em território norte-americano, a alagoana conta que a experiência está sendo bem movimentada. "A vida aqui na universidade é uma correria. Sempre algo está acontecendo, seja um evento social, sejam grupos de estudo", complementa.
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer