Concurso Nacional Unificado

Concurso Nacional Unificado: prazo para adesão termina nesta sexta-feira (29)

O prazo para adesão termina nesta sexta-feira (29/9). Até o momento, 10 órgãos participarão da prova, a exemplo da Funai, IBGE, Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos

Raphaela Peixoto* Yasmin Rajab
postado em 24/09/2023 06:00 / atualizado em 24/09/2023 06:00
 Arthur Sudre, 28 anos, considera uma grande oportunidade para conquistar a tão sonhada estabilidade
 -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Arthur Sudre, 28 anos, considera uma grande oportunidade para conquistar a tão sonhada estabilidade - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
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Os órgãos públicos e ministérios têm até a próxima sexta-feira (29) para manifestarem interesse em aderir ao Curso Nacional Unificado. Até o momento, o novo formato de certame já conta com a adesão de 10 órgãos, segundo lista preliminar divulgada pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que organiza a seleção. Isso assegura a oferta de pelo menos 4.800 vagas.

Ao Correio, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) confirmaram a participação na nova modalidade de concurso. No caso do MDIC, a pasta deu a seguinte resposta: "Essa foi uma lista preliminar, pois o MDIC ainda não se manifestou". Os demais órgãos não responderam até o fechamento desta edição. Confira a lista preliminar dos órgãos que aderiram ao modelo: 

  • Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – 814 vagas;
  • Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) – 502 vagas;
  • Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) – 1.250 vagas;
  • Ministério da Saúde (MS) – 220 vagas;
  • Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – 900 vagas;
  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – 895 vagas;
  • Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) – 30 vagas;
  • Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) – 40 vagas;
  • Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) – 50 vagas;
  • Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) – 100 vagas.

Já os órgãos que não aderiram e poderão realizar concursos separados, de acordo com o levantamento feito pelo Correio, são: a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

A Fundação Oswaldo Cruz informou ao Correio que até o momento, devido ao avanço dos procedimentos internos para a organização do certame, "a opção é pela realização de um concurso próprio". No entanto, ainda há tratativas entre a Fiocruz e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) no sentido de analisar a viabilidade de adesão ao concurso unificado ao menos em parte de seus editais.

O novo certame possibilita que os candidatos concorram a várias vagas de uma mesma área de atuação. No momento da inscrição, os concurseiros optarão por um dos blocos das áreas de atuação disponíveis. Em seguida, o candidato escolherá o cargo ou a carreira, por ordem de preferência, entre as vagas disponíveis no bloco de sua escolha. A publicação do edital de abertura do concurso está prevista para até 20 de dezembro, segundo o MGI.

As oportunidades foram divididas em oito blocos temáticos: administração e finanças; setores econômicos, infraestrutura e regulação; agricultura, meio ambiente e desenvolvimento agrário; educação, ciência, tecnologia e inovação; políticas sociais, justiça e saúde; trabalho e previdência; dados, tecnologia e informação pública e nível intermediário.

Como funcionará essa nova seleção?

A ideia do Ministério da Gestão é criar algo similar ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que é aplicado simultaneamente em todo o país. O exame será dividido em duas partes, por meio de provas objetivas, com matriz comum a todos os candidatos, e de provas específicas e dissertativas por blocos temáticos. Ambas as partes do exame serão aplicadas no mesmo dia.

A expectativa é de que a prova seja aplicada em 179 municípios brasileiros em 25 de fevereiro de 2024 e a publicação dos resultados gerais da primeira fase até o fim de abril. Segundo o MGI, os municípios onde será aplicada a prova, foram selecionados mediante fatores como densidade populacional, raio de influência microrregional de cidades médias e grandes e as facilidades de acesso entre elas, delimitando municípios com mais de 100 mil habitantes. No caso específico da região Norte, o mínimo é de 50 mil habitantes.

Após a primeira fase poderão ser acrescentadas pontuações relativas à titulação acadêmica, experiência profissional, apresentação de memoriais, provas práticas, etc. O acréscimo é mediante critério dos órgãos ou por determinação legal de carreiras específicas.

Fernando Mesquita, diretor de mentoria do Gran Cursos Online, aponta os pontos positivos e negativos do Concurso Nacional Unificado. De acordo com o especialista, os fatores favoráveis giram em torno de estrutura de prova. "É mais fácil de realizar do ponto da administração pública, pois exige menos tempo — é, em tese, apenas uma prova. É uma seleção teoricamente mais simples de construir. Do ponto de vista do candidato, tende a ser um pouco pior, por reduzir a quantidade de chances e depender mais de uma data específica."

Mesquita também esclarece que a unificação das provas pode impactar negativamente a vida do concurseiro, uma vez que aumentará o nível de concorrência. "O candidato ao executivo federal teria menos oportunidades e, portanto, menos tempo de experimentação. Ele tem menos espaço para errar, e a preparação precisa de muito mais profissionalismo. Ao mesmo tempo, demanda mais conhecimento dos cargos e das áreas para fazer uma boa escolha. Além disso, se bem-sucedido, esse modelo pode se estender para outros poderes", finaliza.

De olho nas novidades

Arthur Sudre, 28 anos, vê no concurso unificado uma oportunidade de conquistar a tão sonhada estabilidade financeira. Sudre está com expectativas elevadas e acredita ser "um momento promissor para os concurseiros". Ele estuda para concursos há um ano e meio e aponta como vantagens da prova unificada a redução dos gastos com deslocamento para fazer as provas de órgãos localizados fora de sua cidade e a possibilidade de uma nota de corte menor devido ao grande número de participantes.

Lucas Rocha, 33 anos
Lucas Rocha, 33 anos (foto: Arquivo pessoal)

Para Lucas Rocha, 33 anos, esse novo formato de concurso está sendo implementado de forma rápida, gerando muitos questionamentos, como por exemplo a respeito da lotação. Ele também acredita que esse formato pode agilizar a contratação de novos servidores. Em contrapartida, acaba limitando as escolhas dos concurseiros. "Você perde a chance de migrar rapidamente pra outra carreira ou área. As vagas mais cobiçadas ficarão sempre com os melhores colocados." O concurseiro também questiona a periodicidade em que esses certames serão realizados.

Danilo Meira, 43 anos
Danilo Meira, 43 anos (foto: Fotos: Arquivo pessoal)

Quem também irá participar dessa seleção é o concurseiro Danilo Meira. Ele estuda há uma década para concursos e, apesar de considerar uma "oportunidade interessante, especialmente na questão da economia nas taxas de inscrição", está receoso se a "vantagem do conteúdo único realmente vai se consolidar". Para Meira, o que mais lhe chama a atenção foi a revalorização dos concursos. "O serviço público precisa de mais atenção e trazer novos servidores para manter a qualidade e bom atendimento à população."

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá

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