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Capacitação

Conheça os vencedores das Competições Senac de ensino profissional

Os jovens classificados das Competições Senac — disputa nacional de ensino técnico e profissional —, e vão representar o Brasil na etapa internacional WorldSkills Competition, em Xangai, na China

 
De 18 a 20 de setembro, 110 jovens de todo o país participaram das Competições Senac, disputa de educação e habilidades profissionais. Os jovens inscritos, de até 22 anos, competiram nas ocupações de culinária, floricultura, cabeleireiro, serviço de restaurante, entre outras, aplicando conhecimentos técnicos aprendidos durante a formação profissional. Além disso, o vencedor de cada uma das categorias foi classificado para a WorldSkills 2026, em Xangai, na China, para a etapa mundial, marcada para 22 de setembro do próximo ano. 
Na última edição da WorldSkills, no ano de 2024 em Lyon, na França, o Brasil levou uma medalha de ouro, conquistada pela cabeleireira Bruna Pimentel, 23 anos. Hoje, a jovem é treinadora de apoio das cabeleireiras da equipe do Rio de Janeiro e apoia a modalidade como embaixadora, trazendo credibilidade como a porta-voz da disputa: “Eu fui campeã mundial, sou considerada a melhor do mundo em cabeleireiro, então hoje as pessoas têm confiança no meu trabalho”, diz. 

Conheça os talentos 

VISUAL OLIVER - Gustavo Argould (RS) é o destaque da cozinha
O representante na cozinha é o gaúcho Gustavo Argould, 20 anos, de Porto Alegre. Com pai churrasqueiro profissional e mãe confeiteira, o jovem começou a graduação em cozinha aos 17 anos, no Senac, e, desde então, trabalhou em restaurantes, como Uno Bistrot e Patisserie Marcelo Gonçalves, em diversas funções da cozinha. Para Gustavo, seu diferencial na competição não foi só sua experiência profissional, mas também seu jeito descontraído, se alongando e brincando entre as provas: “Eu já entrava quente para a competição”, diz. 
Para classificar para as competições nacionais do Senac, os participantes  tinham se consagrado como campeões regionais, etapa em que o competidor do Rio Grande do Sul enfrentou uma grande dificuldade — havia se envolvido em um acidente de carro com amigos duas semanas antes das provas. “Achei que não ia conseguir competir”, disse Gustavo, que teve várias lesões e estava em repouso, mas, mesmo assim, perseverou e se classificou para a etapa nacional: “Eu aprendi nessa situação crítica que se eu realmente quiser algo, eu consigo” 
O último dia da etapa fez exatamente um ano do meu acidente, e para mim foi uma data muito especial. Enquanto eu fazia a prova eu pensava naquilo e me fazia dar o meu melhor”, conta. O cozinheiro considera as competições, tanto nacionais quanto mundiais, positivas para sua formação como profissional, já que, além dos treinamentos de alta performance que os competidores receberam da instituição, disputar com o mundo todo dará a Gustavo uma visibilidade importante para a profissão da gastronomia, principalmente para o jovem, que planeja passagens por restaurantes de todo o mundo. 

Expressão criativa 

VISUAL OLIVER - Karol Casique (AM) campeã brasileira de floricultura
A campeã brasileira de floricultura é Karol Casique da Silva, 18 anos, de Manaus. Aluna de história da Universidade Federal do Amazonas, a jovem conta que começou a trabalhar com flores de forma inusitada: “Eu estava atrás de horas complementares para a faculdade e achava que seria uma oficina de floricultura de quatro horas, mas, quando eu vi no fim do dia, estava inscrita no curso de três meses. No fim do curso, fiz a seletiva para a etapa regional, e quando vi estava na competição nacional conhecendo meus adversários, e quando vi, de novo, estava no pódio”. 
Karol atribui a vitória pela sua ousadia, de experimentar com arranjos de flores e da coragem de inovar. A competidora se considera naturalmente criativa, e conta que gosta de criar na escassez, com os materiais à sua disposição: “A Ufam fica em área de preservação ambiental, então eu catava capim e folhas secas do câmpus para os arranjos e para estimular minha criatividade”, diz Karol, que considera a biodiversidade da Amazônia uma das principais inspirações para a floricultura. 
Para a jovem, sua formação em história e florista não são distintas, e que colaboram com sua formação pessoal, que acaba transparecendo para suas criações: “Eu conecto os dois. Toda vez que estou fazendo um arranjo, eu penso em algo muito pessoal para mim”, diz. Karol é neurodivergente, ainda em processo de laudo, mas explica que não acha que seja um fator limitante, e de acordo com a jovem, só a faz ter mais garra, para ultrapassar paradigmas sociais — “O meu único problema era o barulho na competição. Minha barraca estava sempre cheia de pessoas curiosas, já que eu estava sempre fazendo coisas bem diferentes”, conta. 

Bem equipados 

TADASHI - Matheus da Silva (PR) brilhou em serviço de restaurante
Na ocupação de serviço de restaurante, Matheus Henrique da Silva, 21 anos,  provou ser o mais apto tecnicamente e em atendimento — “Eu sou muito competitivo. E meu treinador do Senac me levava em várias competições”, conta. Natural de Cerro Azul, no Paraná, Matheus se mudou para Curitiba aos 17 anos para seguir carreira militar, por influência do tio, que também introduziu o sobrinho ao serviço de restaurante: “Quando vim para Curitiba não tinha profissão, e então fiz curso de garçom por indicação do meu tio, que faz eventos, formatura e até churrasco”, lembra o jovem, hoje soldado da Força Aérea. 
Durante as provas, os participantes do serviço de restaurante tiveram que demonstrar habilidades técnicas, como cortes de frutas, mixologia e finalização de pratos. Também apresentaram habilidades de atendimento, sendo atenciosos e interagindo com os clientes em inglês. Para Matheus, o treinamento para as competições será essencial no mercado de trabalho, onde as habilidades técnicas e comportamentais são altamente valorizadas: “Tenho vários planos, desde trabalhar nos melhores restaurantes do mundo até coordenar equipe de garçons para eventos”, complementa. 
TADASHI - Angélica Matsuda (PR): melhor na categoria de cabeleireiro
A vencedora da categoria de cabeleireiro, Angélica Matsuda, 19 anos, compartilha da ideia da excelência profissional por meio do treinamento competitivo. Outra representante do Paraná, natural de Maringá, a jovem fez curso de cabeleireiro do Senac indo atrás de sua paixão pela área da estética, onde trabalhou como assistente de cabeleireiro. Para Angélica, o valor das competições está no aprimoramento profissional dos competidores, e pretende continuar atuando nas disputas: “Nós passamos pela área de competição, mas acho que isso não tem que morrer aqui. Eu quero passar o que eu aprendi para os outros, e a área de ensino me desperta”, diz. 
“Eu acho que é muito bom uma treinadora  ter tido experiência como competidora”, complementa a jovem, que foi treinada por Renata Camargo, que fez parte da comissão de treinamento da última edição do WorldSkills, onde o Brasil foi medalha de ouro em cabeleireiro. Hoje, os planos de Angélica consistem em se dedicar ao máximo para a etapa mundial, mas logo depois deve compor a equipe técnica do Senac, enquanto faz faculdade de estética e cosmética, para no futuro ingressar como docente. 

Credibilidade 

Do interior do Rio de Janeiro, a campeã mundial Bruna Pimentel se formou pelo Senac como cabeleireira na unidade de Nova Friburgo, onde, no seu último dia de aulas, conheceu as competições. “Eu me apaixonei pela profissão quando percebi que conseguia transformar a vida de outras pessoas por meio da autoestima”, diz a jovem, e afirma que seu nome como profissional mudou completamente desde que ingressou nas competições profissionais, tanto dentro do Senac quanto fora. 
Para Bruna, a preparação técnica do Senac foi essencial para sua conquista internacional, trazendo confiança para qualquer referência: “Nas provas, nós temos que fazer um penteado do desejo do cliente, o mais similar possível. Mas, além da confiança que o conhecimento técnico me trouxe, minha maior vantagem foi meu foco”, explica. 
“A síndrome de vira-lata é muito real”, afirma Ricardo Dornelles, embaixador de culinária do evento, e medalhista de bronze na WorldSkills em 2015. De acordo com o cozinheiro, a educação profissional brasileira não perde para países, como França e Canadá, referências na culinária, e Corria do Sul, que possui um ensino profissional muito forte — “Hoje. temos excelentes profissionais e amadurecemos muito em questão técnica” 
* Estagiário sob a coordenação de Ana Sá 
* Artur Maldaner cobriu o evento a convite do Senac