O narrador Galvão Bueno classificou como “vergonha mundial” a escalação de quatro jogadores da Seleção Argentina no jogo contra o Brasil, neste domingo, na Neo Química Arena, em São Paulo, pela oitava rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2022. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Giovani Lo Celso, Cristian Romero, Emiliano Buendía e Emiliano Martínez prestaram informações falsas no formulário de entrada de estrangeiros no país. Eles atuam por clubes da Inglaterra.
“É uma vergonha mundial. Nós estamos apresentando uma vergonha para o mundo inteiro. O Brasil não teve nove jogadores porque jogam no futebol da Inglaterra. Por que a Argentina pode entrar em campo com cinco jogadores que jogam na Inglaterra? Por que a CBF mediou isso para que o jogo acontecesse? Por que a Confederação Sul-Americana mediou isso para que o jogo acontecesse? Estamos passando por uma vergonha mundial, é profundamente lamentável o que está acontecendo”, disparou Galvão na transmissão da TV Globo.
O repórter Eric Faria informou que o presidente em exercício da CBF, Ednaldo Rodrigues, e o diretor de competições, Manoel Flores, negociaram com um integrante do governo federal a viabilidade da presença dos quatro argentinos na partida. Galvão então questionou: “Seria importantíssimo saber o nome de quem do governo brasileiro deu essa liberação. Que autoridade seria essa que passou por cima da Anvisa?”.
Em outro momento, o narrador reiterou que as determinações sanitárias de cada país precisam ser cumpridas, independentemente de acordos paralelos de instituições esportivas. Ele também explicou a referência sobre “vergonha mundial”. “Me referi à atitude da Argentina e à interferência indevida de dirigentes esportivos. É a isso que eu estava me referindo. Isso não muda meu pensamento”.
O comentarista Caio Ribeiro corroborou com a opinião de Galvão Bueno. “Para mim é muito claro. O futebol não é um mundo à parte com leis próprias que podem passar por cima de um estado ou um país. A Argentina tentou dar uma de joão-sem-braço, desembarcar aqui e tentar peitar todo mundo para fazer uma partida de futebol como se nada tivesse acontecido. Esses quatro jogadores não deveriam nem ter entrado em campo”.
O jogo entre Brasil e Argentina foi interrompido pelo árbitro colombiano Tulio Moreno aos oito minutos do primeiro tempo após autoridades da Anvisa e da Polícia Federal entrarem na Neo Química Arena solicitando a retirada de Lo Celso, Romero, Buendía e Emiliano Martínez. Os quatro atletas atuam no futebol inglês - os dois primeiros no Tottenham e os dois últimos no Aston Villa.
Segundo a Anvisa, os atletas não poderiam entrar no Brasil pelo fato de terem passado pela Inglaterra nas últimas duas semanas. O certo seria que o grupo realizasse uma quarentena de 14 dias antes de desembarcar em território nacional, conforme previsto na Portaria Interministerial nº.655/2021. A medida também vale para estrangeiros oriundos da África do Sul, da Irlanda do Norte e da Índia.
A própria Seleção Brasileira, ainda que a contragosto da CBF, não pôde contar com nove nomes que defendem equipes inglesas: Alisson, Fabinho e Roberto Firmino (Liverpool); Ederson e Gabriel Jesus (Manchester City); Thiago Silva (Chelsea), Fred (Manchester United), Raphinha (Leeds United) e Richarlison (Everton).
A nota oficial da Anvisa foi publicada às 12h43 deste domingo, horas antes de a bola rolar para Brasil x Argentina. Mesmo com a determinação do órgão máximo em vigilância sanitária no país e com a presença da Polícia Federal na porta do hotel, a delegação albiceleste se dirigiu para o estádio com os jogadores que seriam deportados, o que gerou toda a confusão envolvendo Conmebol, CBF e Associação do Futebol Argentino (AFA).
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