Os investimentos, que deveriam ser a mola propulsora para o crescimento econômico do paÃs, estão em queda livre. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que inclui desembolsos públicos e privados, caiu 15% no terceiro trimestre do ano na comparação com igual perÃodo de 2014. É a sexta queda consecutiva no perÃodo. Em relação ao segundo trimestre de 2015, o recuo ; pela nova vez seguida ; foi de 4%. Com isso, a taxa de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 18,1%, o mais baixo patamar para o perÃodo desde 2006, quando foi de 17,5% do PIB. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE).
Em termos nominais, os aportes para FBCF recuaram para R$ 268,4 bilhões entre julho e setembro deste ano. A gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, Claudia DionÃsio, explicou que esse tombo, de 15%, é a maior queda trimestral na história para o indicador na base comparação anual. ;A gente constatou uma demanda interna mais fraca, o que acaba retraindo o investimento. A queda das importações, de 20% no trimestre, também está batendo nos investimentos, porque a desvalorização cambial desfavorece a compra de bens de capital;, destacou.
Apesar de apresentar números aterradores, a técnica do IBGE evitou admitir que o paÃs está mergulhado em uma recessão. Reconheceu, porém, que a economia registrou uma ;piora expressiva;. ;O investimento já cai há mais tempo do que o consumo;, comparou.
A taxa de investimento em relação ao PIB é o principal indicador de uma economia para mostrar seu potencial de crescimento. Mas ela depende da taxa de poupança, pois quanto mais economiza um paÃs, mais dinheiro tem para investir. Porém, a taxa de poupança também está em queda livre. Caiu de 17,2% do PIB no terceiro trimestre do ano passado para 15% em igual perÃodo deste ano.
Receio
Conforme especialistas, para uma economia ter crescimento sustentável, a taxa de investimento precisa estar acima de 25% do PIB. Desde o inÃcio do Plano Real, no entanto, o Brasil nunca atingiu esse Ãndice. Nem chegará lá tão cedo. Pelas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), a taxa vai cair até 14,9% em 2020, o menor patamar desde 2003, quando foi de 14,1% do PIB.
Para Fernando Ferrari Filho, economista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a alta taxa de juros derruba as intenções de investimento, que é a variável mais importante para a retomada do crescimento. ;O quadro polÃtico, de muita incerteza, amplifica o receio dos investidores. Além disso, o mercado está encolhendo, com o consumo das famÃlias em queda. Ninguém quer investir para produzir mais, se não houver demanda;, assinalou.
No entender do economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo, a deterioração do quadro polÃtico empurrou todos os Ãndices para baixo. ;Sem ajuste fiscal, não há como colocar a economia em equilÃbrio e, sem isso, o setor privado não vai investir;, destacou. (Colaborou Rosana Hessel)