Lima, Peru - Mais de 900 mulheres, a maioria crianças e adolescentes, desapareceram no Peru durante os três meses e meio de quarentena nacional pela pandemia, um aumento em comparação com os números anteriores, informou nesta segunda-feira (27/7), a Defensoria do Povo.
O desaparecimento de mulheres é um problema endêmico no Peru. Antes do confinamento, eram relatados em média cinco casos por dia, mas o número subiu para oito durante o crise de saúde, segundo a Ouvidoria.
"Durante a quarentena, de 16 de março a 30 de junho, 915 mulheres foram registradas como desaparecidas no Peru", disse à AFP Eliana Revollar, defensora dos Direitos da Mulher.
"Precisamos saber o que aconteceu com elas", disse o defensor Walter Gutiérrez à rádio RPP.
Revollar afirmou "os registros de meninas e adolescentes desaparecidas são os mais altos e excedem 70% do número total".
Ela informou que, embora algumas mulheres tenham reaparecido mais tarde, por falta de um registro policial nacional, não se sabe quantas ainda estão desaparecidas.
Segundo ONGs feministas, a polícia e os promotores não costumam investigar estes casos porque acreditam que elas saíram voluntariamente, sem considerar o alto número de feminicídios, tráfico de seres humanos e prostituição forçada no país.
"Há resistência da polícia em pegar esses casos. Exigimos que o registro nacional de pessoas desaparecidas seja concluído", disse Revollar.
Em janeiro, um caso de grande repercussão foi de Solsiret Rodríguez, estudante universitária e ativista contra a violência de gênero. Ele havia desaparecido há três anos e seu paradeiro não despertou a atenção das autoridades até que seu corpo mutilado fosse encontrado em Lima.
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