A Nasa lançou nesta quinta-feira (30/7) o robô explorador Perseverance com destino a Marte, projetado para buscar rastros de vida antiga e explorar o Planeta Vermelho com o pequeno helicóptero que leva a bordo.
Um foguete Atlas V da United Launch Alliance decolou, de acordo com previsto, às 7h50 (8h50 de Brasília) do Cabo Canaveral, na Flórida, para uma viagem de quase 480 milhões de quilômetros em sete meses.
O primeiro estágio do foguete foi liberado poucos minutos depois, antes de uma segunda separação na órbita terrestre que deu um novo impulso ao Perserverance em sua trajetória rumo a Marte.
"É realmente fantástico vê-lo partir depois de todo trabalho árduo da equipe", declarou o diretor da Nasa, Bobby Braun.
Se tudo correr bem, em 18 de fevereiro de 2021, o Perseverance será o quinto rover a completar a viagem desde 1997.
Todos os veículos exploradores que pousaram em Marte até hoje eram americanos, mas a China lançou seu primeiro rover com destino ao Planeta Vermelho na semana passada e programa sua chegada para maio de 2021.
Assim, Marte pode receber ao mesmo tempo três rovers ativos no próximo ano, ao lado do americano Curiosity, que percorreu 23 quilômetros da superfície do planeta desde desde 2012.
A principal missão do robô da Nasa consistirá em buscar rastros de vida passada.
Os cientistas acreditam ter provas de que, há mais de três bilhões de anos, Marte era mais quente e estava coberto por rios e lagos, elementos que fizeram nascer os micróbios na Terra. Depois, o Planeta Vermelho se tornou frio e seco, por motivos que os astrônomos ainda não sabem.
- Helicóptero a bordo -
Construído no lendário Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na cidade californiana de Pasadena, o novo rover é uma versão melhorada do Curiosity: as seis rodas são mais fortes, o veículo é mais rápido, mais inteligente e pode se autopilotar por 200 metros a cada dia.
O veículo tem três metros de comprimento, pesa uma tonelada, tem 19 câmeras, dois microfones - uma novidade - e um braço robótico de dois metros. Um gerador de plutônio carregará suas baterias.
Uma vez em Marte, a Nasa tentará fazer decolar o helicóptero Ingenuity, de 1,8 quilo, no ar marciano, que tem apenas 1% da densidade da atmosfera terrestre. O objetivo é demonstrar que é possível.
A Nasa está muito interessada na exploração planetária aérea, já que os rovers conseguem percorrer apenas algumas dezenas de quilômetros em toda sua vida útil e são vulneráveis às dunas e a outros relevos, embora o Perseverance consiga escalar obstáculos de 40 cm de altura.
Um primeiro drone (Dragonfly) será enviado em 2026 para Titã, a maior lua de Saturno.
Também vai coletar 30 amostras de rochas em tubos, que uma futura missão conjunta dos Estados Unidos e da Europa deve recuperar e transportar para a Terra não antes de 2031.
A prova incontestável de uma vida passada em Marte, se realmente existiu, provavelmente não será confirmada antes da análise destas amostras na próxima década, disse o diretor científico da Nasa, Thomas Zurbuchen.
Que vida?
"Buscamos seguramente uma forma de vida muito primitiva, não formas avançadas como esqueletos, ou fósseis", explicou Ken Farley, cientista do projeto na Universidade Caltech.
A Nasa pretende fazer o Perseverance pousar na cratera de Jezero, formada há quase 3,8 bilhões, e, mais precisamente, em um local parecido com um delta.
Estes acidentes geográficos são formados quando os rios depositam sedimentos em sua foz.
"Os deltas são locais magníficos para preservar matérias orgânicas e outros tipos de bioassinaturas", disse Tanja Bosak, integrante da equipe científica da missão e membro do MIT.
Ao contrário da Terra, a vantagem de Marte é que a crosta não é constantemente renovada pelo movimento das placas tectônicas. Na Terra, é muito difícil encontrar terrenos intactos de há três bilhões de anos.
"Marte preserva em sua superfície uma geologia incrivelmente complexa e diversificada", afirmou a diretora dos Programas de Exploração Planetária da Nasa, Lori Glaze, acrescentando que toda história do planeta ficou gravada em sua superfície.
Mais de 350 geólogos, geoquímicos, astrobiólogos, especialistas em atmosfera e outros cientistas do mundo inteiro participam da missão, que deve durar pelo menos dois anos, e provavelmente muito mais tempo, dada a grande resistência dos rovers anteriores.
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