Claudio Yáñez presta depoimento sobre os 69 dias preso na mina de San José

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postado em 05/08/2020 15:20 / atualizado em 05/08/2020 18:11

Em 5 de agosto de 2010, 33 mineradores que trabalhavam na mina San José, em Copiapó, no Deserto do Atacama (norte do Chile), foram surpreendidos pelo desmoronamento de parte do complexo subterrâneo. Durante 69 dias, ficaram confinados a 700m de profundidade, sem a luz do sol e com escassez de alimentos. Foram obrigados a enfrentar o medo da morte, a angústia, o desespero e o difícil relacionamento em situação de perigo.

 

O Correio falou hoje, décimo aniversário do acidente, com Claudio Yáñez, um dos 33 mineradores e o oitavo a ser resgatado, em 13 de outubro. Confira o depoimento exclusivo e as fotos enviadas ao Correio. 

 

 



"Eu fui o oitavo minerador a ser resgatado da mina San José, em 5 de agosto de 2010. Eu era o décimo a sair, mas os médicos ordenaram que eu fosse salvo antes. Nesses últimos 10 anos, tenho estado muito mal, pois fiquei desempregado. A situação psicológica e a condição financeira vieram abaixo. Estou sem trabalho. Hoje é um dia em que me recordo de tudo o que de mal passamos naquela data. 

O momento mais crítico em 5 de agosto de 2010 foi quando íamos almoçar. Encontramos a rocha no nível 190, bloqueando o caminho. Foi quando começamos a nos desesperar. Foi o dia mais tenso. Ficamos sem poder sair, não havia recursos para sair por outro túnel, sabendo das condições da mina. Também foi muito angustiante o fato de que não pudemos nos abastecer de alimentos, de água e de ar. Não podíamos ver nossas famílias, nossas esposas e nossos filhos. Foi tudo um tema de desespero e angústia durante os 68 dias presos na mina, a 700m da superfície. Minha função na mina era ajudante de perfuração. Eu manejava a perfuradora. Fazíamos as perfurações para que pudéssemos colocar os explosivos. Dez anos se passaram. Tenho lembranças de tudo o que ocorreu, do primeiro dia até o resgate. Também mantenho contato com alguns dos 32 companheiros. Recordamos dos momentos difíceis, mas também dos alegres. Envio a vocês algumas fotos. Em uma delas, apareço com dois socorristas, minutos antes de sair da mina na cápsula Fênix. Também há uma foto que fiz dos companheiros, em setembro de 2010, menos de um mês antes de sairmos, e uma imagem da bandeira que mantínhamos no chamado 'refúgio'."

 

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