Astronomia

Uma sósia da Via Lácteaa 12 bilhões de anos-luz

Correio Braziliense
postado em 12/08/2020 21:28 / atualizado em 13/08/2020 12:04
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

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Uma nova galáxia semelhante à Via Láctea foi encontrada por astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO), em parceria com chilenos. O anúncio foi feito ontem, em um estudo publicado na revista Nature. O novo sistema estelar, que foi identificado pelo código SPT0418-47, está tão distante da Terra que sua luz levou mais de 12 bilhões de anos para chegar ao ponto de sua presença conseguir ser detectada. Por isso, é visto como era quando o Universo tinha 1,4 bilhão de anos, ou seja, com apenas 10% de sua idade atual. Naquele momento, as galáxias estavam se formando, explicam os cientistas.
A galáxia “bebê” foi localizada pela poderosa rede de radiotelescópios ALMA, instalada no norte do Chile, e se parece com a Via Láctea — ambas têm a mesma grande densidade de estrelas ao redor de um bulbo central e o mesmo disco rotatório. Foi uma grande surpresa para os astrônomos, que não acreditavam que esse tipo de estrutura pudesse ter se formado há 12 bilhões de anos. “É a primeira vez que se detecta a presença de um bulbo em um Universo tão jovem na época, o que dá à SPT0418-47 o caráter de sósia mais distante da Via Láctea”, detalham os cientistas em um comunicado divulgado pelo ESO.
Outra grande surpresa para a equipe foi o fato de não haver traço de turbulência ou instabilidade dentro da galáxia, que parece surpreendentemente calma. A condição levou os astrônomos a inferirem que o Universo jovem talvez tenha sido menos caótico do que o imaginado, mesmo pouco depois do Big Bang.
“Isso que descobrimos é bastante interessante: apesar de formar estrelas a uma velocidade alta e ser palco de processos altamente energéticos, SPT0418-47 é o disco galáctico mais bem ordenado observado até hoje no Universo jovem”, detalha Simona Vegetti, pesquisadora do Instituto alemão Max Planck e coautora do estudo. “Esse resultado contradiz o conjunto de previsões das simulações digitais e de dados de observação anteriores, que são menos detalhados”, compara Filippo Fraternali, pesquisador da Universidade de Groningen, na Holanda, e também participante do estudo.
Os cientistas acreditam que a descoberta da nova galáxia pode ajudar estudiosos a entenderem como essas estruturas surgem e se desenvolvem. “Esse resultado representa um avanço no campo da formação de galáxias. Ele mostra que as estruturas que observamos em galáxias espirais próximas e até na nossa Via Láctea já existiam 12 bilhões de anos atrás”, enfatiza, em comunicado, Francesca Rizzo, uma das autoras do estudo e pesquisadora do Instituto Max Planck.

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