Bielorrússia

Protesto histórico pela saída do presidente

Correio Braziliense
postado em 16/08/2020 23:14
 (crédito: Sergei/AFP)
(crédito: Sergei/AFP)

A Avenida da Independência, no centro de Minsk, capital da Bielorrússia, foi tomada ontem por dezenas de milhares de pessoas que exigiam a saída do presidente Alexandre Lukashenko, reeleito há uma semana em um pleito considerado fraudulento pela oposição. Veículos de imprensa independente consideram que o protesto foi o maior ocorrido no país desde a sua independência, em 1991.

Levando flores e vestindo branco, os participantes agitavam bandeiras brancas e vermelhas, cores históricas da oposição. Membros da elite do país aderiram ao movimento que tem Svetlana Tijanóvskaya como uma das principais porta-vozes. A mulher de 37 anos é novata na política, entrou na disputa presidencial depois que outros candidatos, incluindo seu marido, foram presos. Segundo os dados oficiais, Lukashenko recebeu 80% dos votos no pleito do último dia 9. Sua rival, 10%.

Protestos contra o resultado das eleições ganham as ruas desde então. As manifestações realizadas até quinta-feira foram reprimidas com violência, com mais de 6.700 pessoas detidas, centenas de feridos e dois mortos. Aparentemente, o governo recuou ante as críticas dos países ocidentais e anunciou a libertação de mais de 2 mil pessoas. Ex-detentos têm denunciado as condições insalubres nas prisões e casos de tortura. Em entrevista à agência de notícias France-Presse (AFP), manifestantes contam, por exemplo, que ficaram privados de água e foram queimados com cigarro.

Aparição inesperada
Ao meio-dia de ontem, Lukashenko, que se vê ameaçado pela primeira vez depois de 26 anos à frente da antiga república soviética, fez uma aparição inesperada na Praça da Independência, onde se reuniam cerca de 10 mil apoiadores. Cercado por seguranças, ele chamou os manifestantes de criminosos controlados por forças estrangeiras e rejeitou o pedido de realização de um novo pleito. “As eleições foram válidas. Não poderia haver mais de 80% dos votos falsificados. Não vamos entregar o país”, justificou.

O presidente denunciou ainda que há a vontade de alguns de impor ao país “um governo a partir do exterior” e conclamou os apoiadores a “defenderem a independência de seu país e sua independência”. As denúncias de fraude nas eleições e de excesso na repressão aos protestos levaram a União Europeia a anunciar, na sexta-feira, novas sanções contra autoridades bielorrussas. No dia seguinte, Moscou afirmou estar pronta para oferecer ajuda militar para solucionar a situação de “ameaça” a Lukashenko e “a toda a região”. Há um temor entre os manifestantes de que o país sofra uma intervenção russa.

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