Na Groenlândia, calota polar derrete de forma irreparável, alertam cientistas

A mudança climática está pesando sobre as geleiras e o derretimento da calota polar ameaça dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo

Agência France-Presse
postado em 17/08/2020 13:19 / atualizado em 17/08/2020 13:21
Kangiata Nunata Sermia, uma das maiores geleiras da Groenlândia. -  (crédito: Dirk van As/Divulgação)
Kangiata Nunata Sermia, uma das maiores geleiras da Groenlândia. - (crédito: Dirk van As/Divulgação)

Na Groenlândia, o derretimento da calota polar é irreparável, de acordo com cientistas que argumentam que ela continuará a diminuir "mesmo que o aquecimento global pare hoje" porque a neve não compensa mais a perda de gelo.

"As geleiras da Groenlândia passaram de um ponto sem volta, onde a queda de neve que repõe o manto de gelo a cada ano não pode mais contrabalançar o gelo que flui das geleiras para o oceano", explicou em uma declaração a Ohio State University, onde os autores do estudo publicado pela revista Nature Communications Earth and Environment trabalham, em 13 de agosto.

A mudança climática está pesando sobre as geleiras e o derretimento da calota polar ameaça dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

Nas décadas de 1980 e 1990, a camada de gelo perdia cerca de 450 gigatoneladas (cerca de 450 bilhões de toneladas) de gelo por ano, quantidade compensada pela neve, observaram os cientistas após analisar cerca de 40 anos de dados.

A partir da década de 2000, o degelo acelerou, chegando a 500 gigatoneladas, mas não foi compensado pela queda de neve.

"A camada de gelo da Groenlândia está perdendo massa em uma taxa acelerada no século XXI, tornando-se a maior contribuinte para o aumento do nível do mar", ressalta o estudo.

No entanto, embora o degelo das geleiras da Groenlândia ligado às mudanças climáticas seja extremamente preocupante, outros membros da comunidade científica consideram prematuro falar em um ponto sem volta.

"Não sabemos quanto as concentrações de gases do efeito estufa irão aumentar", disse à AFP Ruth Mottram, climatologista do Instituto Meteorológico Dinamarquês (DMI).

Os resultados publicados na Nature mostram que "mesmo se estabilizássemos as temperaturas (e as emissões de gases de efeito estufa) nos níveis atuais, a camada de gelo continuaria a derreter, mas apenas até que seu tamanho estivesse novamente em equilíbrio com o clima", disse ela.

De acordo com outro estudo recente da Universidade de Lincoln (Reino Unido), o derretimento do gelo na Groenlândia deve contribuir com 10 a 12 cm de aumento do nível do mar até 2100.

O IPCC estimou em 2013 que o nível do mar subiria 60 centímetros até o final do século.

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