Kamala Harris aceita nomeação democrata para vice-presidente e condena Trump

Harris aceitou oficialmente a nomeação para ser candidata à vice-presidência dos Estados Unidos na convenção nacional do partido, nesta quarta-feira (19/8)

Agência France-Presse
postado em 20/08/2020 11:54 / atualizado em 20/08/2020 11:57
 (crédito: Olivier DOULIERY / AFP)
(crédito: Olivier DOULIERY / AFP)

Kamala Harris fez história nesta quarta-feira (19/8) ao aceitar a nomeação democrata para ser candidata à vice-presidência dos Estados Unidos, unindo forças com Barack Obama e Hillary Clinton para condenar o presidente Donald Trump pelo "fracasso" no papel de líder do país, durante a convenção nacional do partido.

Harris, uma senadora negra que poderá se tornar a primeira mulher vice-presidente da história dos Estados Unidos, acusou Trump de transformar "nossas tragédias em armas políticas". A senadora também pediu aos americanos para que votem no líder da chapa democrata, Joe Biden, "um presidente que irá nos unir".

"O fracasso de liderança de Donald Trump custou vidas e sustento", disse Harris, ex-procuradora-geral da Califórnia, durante o discurso de aceitação da nomeação.

Harris criticou o "caos constante, a incompetência e a insensibilidade" do governo Trump de um palanque localizado em Wilmington, a cidade de Biden no estado de Delaware.

Biden, que enfrentará Trump nas eleições de 3 de novembro, fará seu discurso de aceitação da nomeação nesta quinta-feira, no encerramento da convenção nacional do Partido Democrata realizada virtualmente pela primeira vez na história devido à pandemia da COVID-19.

Pouco antes de Harris se pronunciar, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, discursou. O ex-mandatário atacou Trump e deu seu aval à candidatura de Biden.

Obama afirmou que "esperava, pelo bem do nosso país, que Donald Trump pudesse mostrar algum interesse em levar o trabalho a sério, que pudesse chegar a sentir o peso do cargo (...) Mas nunca o fez".

Como resultado, Trump "libertou os piores impulsos da América, enfraqueceu nossa orgulhosa reputação pelo mundo e nossas instituições democráticas ficaram ameaçadas como nunca antes", continuou Obama, que passou o poder ao atual presidente republicano em 2017.

Trump reagiu de imediato a estas afirmações.

"Vejo o horror que nos deixou, a estupidez dos acordos que fez", disse Trump em alusão a Obama, a quem tachou de "ineficaz" e "terrível".

"O presidente Obama não dez um bom trabalho. A razão pela qual estou aqui é o presidente Obama e (seu vice) Joe Biden", destacou.

Obama, que se manteve com perfil discreto nas disputadas primárias democratas, declarou oficialmente seu apoio ao seu ex-vice em 14 de abril, e será o terceiro ex-presidente americano a declarar seu apoio a Biden na convenção, depois de Bill Clinton e Jimmy Carter.

"Votem"

Harris, de 55 anos, filha de imigrantes da Jamaica e da Índia, falou de Wilmington, cidade natal de Biden em Delaware, transformada em sua sede de campanha.

Biden foi oficialmente nomeado na terça-feira para as eleições de 3 de novembro, quando enfrentará Trump em um país polarizado politicamente e abalado pela crise sanitária, a recessão econômica e uma onda de clamor contra o racismo e a violência policial.

"Muito, muito obrigado do fundo do meu coração. Obrigado a todos. Significa muito para mim e minha família", disse Biden, de 77 anos, após a votação em que cada estado e território do país mostraram por meio de mensagens virtuais sua diversidade geográfica e cultural, algo muito comentado nas redes sociais.

A ex-primeira-dama Hillary Clinton, derrotada por Trump em 2016, também discursou na convenção esta noite, com um forte apelo à mobilização dos eleitores no que promete ser uma disputa acirrada até o fim.

"Votem como se nossas vidas e nosso sustento estivessem em jogo, porque estão", pediu.

A noite é delas

Exceto por Obama, esta foi uma noite das mulheres na grande convenção democrata.

Além de Harris e Clinton, discursaram Nancy Pelosi, presidente da Câmara e líder democrata no Congresso, a senadora progressista Elizabeth Warren, ex-rival de Biden, e a governadora do Novo México, Michelle Lujan Grisham, uma das personalidades latinas mais importantes dos Estados Unidos.

Também participou a ex-legisladora do Arizona Gabrielle Giffords, que se tornou ativista pelo controle armamentista depois de ser gravemente ferida por um tiro em um atentado em 2011.

Antes dela também falou Emma González, uma sobrevivente do massacre no colégio Parkland, na Flórida, que se tornou um símbolo da frustração sentida pelos jovens por causa da inércia dos políticos em relação à violência com armas de fogo.

Além disso, uma imigrante sem documentos na Carolina do Norte, Silvia Sánchez, contou sua história com suas filhas, uma delas uma "dreamer", que faz parte do programa DACA criado por Obama para proteger da deportação aqueles que chegaram ao país ainda crianças junto aos seus pais, sem documentos, que Trump tentou cancelar.

Biden, que teve pouca exposição pública para minimizar os riscos de contaminação, passa na frente de Trump nas pesquisas por 7,6 pontos em todo o país, com base na média do RealClearPolitics. Mas a diferença entre os dois diminuiu nas últimas semanas.

O Partido Republicano fará sua convenção, também virtual, na próxima semana, na qual indicará Trump para um segundo mandato.

"Ao contrário de Michelle Obama, estarei ao vivo", comentou Trump ao confirmar que aceitará a candidatura nos jardins da Casa Branca em 27 de agosto, algo questionado por seus críticos por considerarem que isso confunde os limites entre seu papel como presidente e sua campanha.

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