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UE e Reino Unido trocam acusações por falta de avanços na negociação pós-Brexit

O negociador europeu Michel Barnier disse estar "desapontado e preocupado" após a sétima reunião com seus pares em Londres

Agência France-Presse
postado em 21/08/2020 12:16
 (crédito: YVES HERMAN / POOL / AFP)
(crédito: YVES HERMAN / POOL / AFP)

A União Europeia e o Reino Unido se acusaram mutuamente nesta sexta-feira pela estagnação nas negociações para chegar a um acordo sobre sua relação pós-Brexit, que deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2021.

O negociador europeu Michel Barnier disse estar "desapontado e preocupado" após a sétima reunião com seus pares em Londres.

"No momento, um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia parece impraticável. Não entendo por que estamos perdendo um tempo tão precioso", disse.

"Aqueles que esperavam uma aceleração esta semana vão ficar desapontados e, infelizmente, eu também estou francamente desapontado, preocupado e surpreso", desabafou.

Seu homólogo britânico, David Frost, acusou os europeus de tornarem a negociação "desnecessariamente difícil".

Frost censurou a UE por querer um acordo sobre ajuda pública e pesca, antes de avançar em outras questões.

"Isso torna qualquer avanço desnecessariamente difícil", avaliou o negociador britânico, embora considere um acordo "ainda possível" antes que o processo de transição termine.

No entanto, "para os europeus, de forma alguma as condições de concorrência e pesca devem ficar para o fim das negociações", comentou uma fonte europeia.

"Não podemos avançar nas outras questões quando existe um grande vazio nas questões centrais", acrescentou esta fonte.

O tempo pressiona

O tempo é curto desde o divórcio de 31 de janeiro entre o Reino Unido e a UE.

Um acordo deve ser concluído o mais tardar em outubro, para que haja tempo de ratificá-lo pelos parlamentos antes do final do período de transição e para que entre em vigor em 1º de janeiro de 2021.

As negociações estão estagnadas pelas condições de concorrência (regras sociais, ambientais, fiscais e relativas aos auxílios estatais), uma vez que a UE se recusa a ter um vizinho com uma economia desregulamentada à sua porta.

Além disso, persistem discrepâncias sobre o tema da pesca, essencial para muitos países europeus, especialmente a França, enquanto Londres quer retomar o controle sobre suas áreas de pesca.

Se não houver acordo antes de 31 de dezembro, as únicas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), com suas altas tarifas e controles alfandegários, serão aplicáveis às relações comerciais entre a UE e seu ex-parceiro Reino Unido.

A próxima sessão de negociação está agendada para Londres a partir de 7 de setembro. Nesse ínterim, Barnier e Frost estarão em "contato estreito", de acordo com o negociador britânico.

Uma falha teria consequências potencialmente desastrosas para todas as economias, já atingidas pela pandemia de covid-19.

O Reino Unido registrou uma queda recorde de 20,4% em sua economia no segundo trimestre, e sua pior recessão histórica nos primeiros seis meses.

A zona do euro (19 países da UE) também viu seu PIB cair drasticamente entre abril e junho (-12,1%).

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