RÚSSIA

Hospital autoriza remoção de Navalny

Após resistência, médicos voltam atrás e permitem a transferência de líder da oposição para a Alemanha. Segundo eles, não foi encontrado "nenhum veneno" no sangue do ativista

Correio Braziliense
postado em 21/08/2020 19:58
 (crédito: Dimitar Dilkoff/AFP)
(crédito: Dimitar Dilkoff/AFP)

A pressão da família e de aliados de Alexei Navalny teve efeito. Após uma relutância inicial, Anatoli Kalinishenko, diretor do hospital de Omsk, na Sibéria, onde o líder opositor ao Kremlin foi internado, autorizou a transferência dele para a Alemanha. Segundo a equipe médica, não foi encontrado veneno nas amostras sanguíneas do advogado, de 44 anos, que passou mal durante um voo. “Não achamos que tenha sido vítima de envenenamento”, disse Kalinishenko.
Horas antes, médicos alemães desembarcaram na cidade siberiana, em um avião fornecido pela ONG alemã Cinema for Peace. Depois de examinar Navalny, os especialistas garantiram estar preparados para levá-lo a Berlim. Segundo boletim do hospital de Omsk, o quadro clínico do adversário político do presidente Vladimir Putin havia se estabilizado.
Yulia Navalnaya, mulher do ativista, chegou a recorrer ao Kremlin para que a transferência do marido fosse autorizada, depois que os médicos relataram não ter encontrado “nenhum veneno” em seu corpo. “Acredito que Alexei Navalny precisa de ajuda médica qualificada na Alemanha”, destacou ela numa mensagem dirigida a Putin, publicada no Twitter.
Na postagem, Yulia Navalnaya considerou que o traslado seria supervisionado por médicos de “alto nível”, sem riscos. Por sua vez, Kira Iarmych, porta-voz do opositor, considerou que seria “fatalmente perigoso” deixá-lo no hospital siberiano. “A recusa da transferência só serve para ganhar tempo e esperar até que o veneno não seja mais detectado em seu corpo”, opinou.
Aliados e familiares de Navalny interpretaram a oposição do hospital de Omsk à transferência como uma “ameaça à vida” do opositor. Eles denunciaram a situação à Corte Europeia dos Direitos Humanos (CEDH), que solicitou ao Kremlin garantia de total acesso dos parentes ao ativista. Embora com quadro estável, Navalny permanecia em coma, ontem, conectado a um respirador.
A União Europeia e a Organização das Nações Unidas externaram preocupação com a situação e defenderam uma investigação rápida e transparente. Sobretudo porque Navalny foi vítima, anteriormente, de ataques físicos. Em 2017, ele sofreu queimaduras em um olho quando jogaram um líquido desinfetante em seu rosto.
Dois anos depois, o opositor disse ter sido envenenado na prisão. Autoridades russas afirmaram que ele teve uma reação alérgica e que nada foi encontrado em seu organismo. Nos últimos oito anos, Navalny tornou-se a voz mais crítica a Putin no país, após criar o Fundo de Combate à Corrupção (FBK).

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