Paris, França - O respiro durou pouco. As medidas para conter a propagação do coronavírus se multiplicam a cada dia, em meio a alertas de novos surtos da pandemia, que já deixa mais de 800.000 mortos no mundo.
O reconfinamento parcial e o uso de máscaras voltaram a ser obrigatórios em muitos países devido a um vírus que não para e já matou 800.004 pessoas e infectou 23 milhões desde seu surgimento em dezembro na China, segundo um balanço de AFP com base em fontes oficiais.
Geralmente escassas, as boas notícias são recebidas com esperança. A OMS considerou que a situação se estabilizou no Brasil, o mais afetado da América Latina, segundo país em números absolutos de casos (3,5 milhões) e mortes (113.358).
Na Europa, os novos surtos são mais que preocupantes. A Itália, um dos países mais afetados pela covid-19 registrou 1.000 novos contágios nas últimas 24 horas, o pior balanço desde o fim do confinamento em maio.
A Alemanha superou os 2.000 novos casos nas últimas 24 horas, um número que não era registrado desde o final de abril, durante o pico da pandemia. Em Madri, agora recomenda-se à população que se confine nas áreas mais afetadas pelo coronavírus, quando o número total de casos diagnosticados na Espanha aumentou em mais de 8.000 em 24 horas.
O mesmo rigor chega na Inglaterra, onde o confinamento se endureceu em várias áreas do noroeste e a segunda cidade mais populosa do país, Birmingham, está sob vigilância. Até ao momento por recomendação, a partir deste sábado a máscara será obrigatória nos transportes públicos da Dinamarca, que enfrenta um ressurgimento de focos e casos de contaminação.
Situação preocupante
Fora da Europa a situação também é preocupante. Coreia do Sul, que foi considerada um exemplo no combate à pandemia, registrou mais de 300 casos declarados em dois dias seguidos e anunciou neste sábado que aumentará as restrições a partir de domingo.
“Estamos numa fase muito instável que pode ser o início de uma segunda onda nacional”, avaliou o ministro da Saúde, Park Neung-hoo.
Em outro canto do planeta, a província argentina de Jujuy, na fronteira com a Bolívia, sofre um aumento exponencial de casos que a mantém à beira de um colapso sanitário.
"Esperamos acabar com esta pandemia em menos de dois anos. Principalmente se conseguirmos unir nossos esforços", disse na sexta-feira o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O país mais afetado do mundo, Estados Unidos, soma 5,6 milhões de casos e mais de 175.416 mortes. Mas os contágios diminuíram nas últimas três semanas e o número de mortes, estável em 1.000 por dia desde o final de julho, deve começar a diminuir, segundo autoridades médicas.
Máscaras transparentes
No entanto, para muitos em desemprego forçado, os dois anos mencionados pela OMS podem parecer uma eternidade.
A América Latina, que representa quase uma terça parte do saldo mortal da pandemia, com 254.897 mortos (6.575.960 casos), viu o coronavírus acentuar a pobreza e a desigualdade.
Só na região, segundo a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), a pandemia vai levar a pobreza a 45 milhões de pessoas, elevando o total para 231 milhões, 37,3% da população latino-americana.
Enquanto isso, os esforços não param. Vestidos com trajes de segurança e com equipamentos em mãos para detectar o vírus, cerca de 1.800 brigadistas começaram um rastreamento inédito a pé por bairros de La Paz na Bolívia para tentar evitar mais prejuízos da pandemia.
A Venezuela, que está imersa em uma crise política e econômica colossal, recebeu neste sábado 73 toneladas de suprimentos contra a covid-19 enviadas pela Espanha e Portugal.
E como isso vai durar muito, enquanto não chega a tão esperada vacina, há iniciativas como a de fazer máscaras transparentes na Europa, América do Norte e outras regiões. É fundamental para a comunicação dos surdos, embora seja necessário reduzir o preço para serem acessíveis a todos, como ocorreu com as cirúrgicas ou as de tecido nos últimos meses.
O lazer também começa a se adaptar a esta nova situação. Na Alemanha, pesquisadores iniciaram neste sábado um gigantesco experimento com 4.000 participantes para determinar se é possível autorizar shows pop novamente, apesar da covid-19.
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