Maduro diz que 'não tremerá' o pulso para prender o líder da oposição Guaidó

O mandato de Guaidó no Parlamento expira em janeiro de 2021, após as eleições legislativas de 6 de dezembro

Agência France-Presse
postado em 23/08/2020 15:26
 (crédito: Wenderson Araújo/AFP - 17/7/15)
(crédito: Wenderson Araújo/AFP - 17/7/15)

Caracas, Venezuela - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou neste domingo(23) que "seu pulso não vai tremer" para prender o presidente do Parlamento, Juan Guaidó, quando a justiça venezuelana assim determinar.

"No dia em que a promotoria e os tribunais ordenarem sua prisão, meu pulso como chefe de Estado não tremerá para cumprir as ordens do judiciário e do Ministério Público", disse Maduro em uma entrevista transmitida pela televisão estatal.

Como presidente da Assembleia Nacional - único poder nas mãos da oposição - Guaidó foi proclamado presidente da Venezuela em 23 de janeiro de 2019, depois que o legislativo declarou a "usurpação" do cargo por Maduro após ter sido reeleito em uma votação questionada em maio 2018.

Desde então, a justiça venezuelana, acusada de servir a Maduro, abriu vários processos contra Guaidó, mas o líder da oposição de 37 anos não foi detido. Questionado sobre por que Guaidó, reconhecido como o presidente interino por cinquenta países, ainda não foi detido, Maduro respondeu que a acusação e os tribunais ficarão encarregados de ordenar sua prisão.

"O tempo de Deus é perfeito, vamos esperar o tempo de Deus", respondeu o líder socialista. O mandato de Guaidó no Parlamento expira em janeiro de 2021, após as eleições legislativas de 6 de dezembro, boicotadas por cerca de trinta partidos da oposição que consideram o processo uma "fraude".

No entanto, Elliott Abrams, o principal diplomata do governo Donald Trump para os assuntos venezuelanos, declarou em 4 de agosto que Washington confia que os principais países continuarão a reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela.

Na prática, Guaidó não conseguiu derrotar o governo de Maduro, que exerce o controle territorial e institucional do país rico em petróleo mas afetado por seis anos de recessão e a maior inflação do mundo.

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