Em setembro de 1906, o Zoológico do Bronx, em Nova York, anunciou uma nova atração: Ota Benga. O jovem africano havia sido trazido da África Central, onde seu povo, os Mbutis, vivia em uma região onde hoje fica a República Democrática do Congo. Ota foi colocado na Casa dos Macacos e exibido como mais um dos animais do zoo durante dias.
A absurda e desumana exposição só foi encerrada porque a população negra, conduzida por líderes religiosos fizeram protestos, exigindo que aquele tratamento fosse encerrado. Um reverendo chamado James Gordon levou Ota para um orfanato no bairro do Brooklyn, mas o jovem africano nunca se recuperou da perda de identidade que sofrera. Ele tirou a própria vida cerca de 10 anos depois.
Passados 114 anos, o Zoológico do Bronx finalmente reconheceu seu erro e pediu desculpas à Ota e à população negra. Em carta publicada no site da WCS, entidade que administra o zoo, o CEO Cristián Samper classifica o episódio como uma "intolerância racial inescrupulosa". "Em nome da igualdade, transparência e prestação de contas, devemos confrontar o papel histórico de nossa organização na promoção de injustiça racial à medida em que avançamos na nossa missão de salvar a fauna e a flora", escreve Samper. "Nos desculpamos e condenamos o tratamento dado a Ota", acrescenta.
Ideias racistas
No mesmo comunicado, Samper se desculpa pelo fato de a instituição, por meio de dois de seus fundadores, Madison Grant e Henry Fairfield Osborn, ter difundido ideias racistas com base em pensamentos "pseudocientíficos". Grant escreveu o livro The passing of the great race (A passagem da grande raça, em tradução livre). A obra, que tinha prefácio de Osborn, foi usado na defesa de um dos nazistas julgados no Tribunal de Nuremberg.
