Cerca de 200 migrantes armaram suas barracas em frente à prefeitura de Paris nesta segunda-feira (31/8) para chamar a atenção para a situação difícil nas ruas, onde vivem em condições insalubres.
Ao todo, 218 migrantes, incluindo famílias, mulheres solteiras e menores desacompanhados, principalmente da Somália, do Afeganistão e da Costa do Marfim, postaram-se diante do prédio da prefeitura, localizada no coração de Paris, pouco antes da meia-noite de ontem.
"É um grito de socorro. Estou cansado de viver na rua. Para as mulheres, é muito perigoso (...) Somos alvos fáceis", disse Rolande, uma costa-marfinense de 36 anos que pede alojamento decente.
"Se eles não nos ajudarem, se não pudermos trabalhar, continuaremos neste ciclo", acrescentou.
Na França, os demandantes de asilo não podem trabalhar até que seu status de refugiado seja aprovado.
Assim como muitos dos que participaram da manifestação, Rolande chegou há três meses, em meio à pandemia da covid-19, e vive nas ruas desde então.
"Não é normal que as pessoas que acabam de chegar (...) à França tenham, necessariamente, que passar um tempo nas ruas", disse Mael de Marcellus, coordenador do grupo de ajuda aos migrantes Utopia56.
Segundo ele, 50% dos presentes no protesto acabavam de chegar à França.
Ouga, uma grávida de 33 anos, também da Costa do Marfim, disse que cruzou o Mediterrâneo em um barco pesqueiro. Muitas pessoas morreram na travessia, incluindo sua irmã mais velha.
"Agora continuamos sofrendo nas ruas. Você se estabeleceu em algum lugar e expulsam você. A gente passa mal morando no meio do lixo", relatou, chorando.
Depois que a polícia desmontou as barracas nesta terça de manhã, a Câmara Municipal os convidou para conversar.
"Pedimos ao Estado que encontre uma solução, especialmente porque a maioria dessas pessoas é demandante de asilo e, portanto, deve ser tratada de alguma forma", defendeu o vereador Ian Brossat, em declaração à AFP.
Depois que o confinamento pela covid-19 foi anunciado na França em março, as autoridades removeram os migrantes de campos improvisados em torno de Paris, transferindo-os para academias e hotéis.
Com a suspensão do confinamento em maio, eles logo se viram dormindo de novo nas ruas.
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