Em mais um lance na corrida mundial para desenvolver uma vacina contra a covid-19, o governo de Donald Trump pediu aos estados norte-americanos que estejam preparados para distribuir as doses de imunização até 1º de novembro — dois dias antes das eleições presidenciais. A informação foi divulgada, ontem, por meios de comunicação dos Estados Unidos.
“Os CDC solicitam, urgentemente, sua ajuda para agilizar as solicitações para essas instalações de distribuição”, assinala o trecho de um comunicado assinado por Robert Redfield, diretor dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ao qual o The Wall Street Journal. A ideia, de acordo com o jornal, é que a operação esteja completa até o fim de outubro.
A Agência de Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) cogita a possibilidade de uma vacina receber aprovação emergencial antes do fim dos testes clínicos, que garantem sua segurança e eficácia. Um pedido para aprovação tão incomum teria que vir dos laboratórios desenvolvedores, explicou o chefe da FDA, Stephen Hahn, em entrevista publicada na edição do último domingo do Financial Times.
Os CDC providenciaram aos estados documentos com informações sobre o plano de distribuição da vacina, adiantando que os tratamentos poderão receber autorização emergencial de uso. Segundo esse detalhamento, provavelmente será necessário uma segunda dose no futuro.
“Vacinas e suprimentos auxiliares serão distribuídos pelo governo federal sem custo para provedores de vacinação da covid-19 cadastrados”, assinalam os documentos.
Trump vem insistindo na ideia de uma vacinação em um prazo breve nos Estados Unidos. No início do mês passado, numa entrevista a um programa de rádio, o presidente adiantou que era possível ter a vacina antes das eleições. “Sairá mais cedo do que o fim do ano”, estimou. “Antes de 3 de novembro?”, perguntou o jornalista, em referencia à data da votação. “Eu acho que, em alguns casos, sim, é possível antes, mas deve chegar nessa época”, disse o republicano.
Campanha
A pandemia do novo coronavírus tornou-se um dos principais temas das eleições presidenciais, nas quais Trump tenta um novo mandato de quatro anos. Ontem, ao participar de um evento em Wilmington, Delaware, o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, criticou a forma que o republicano gerenciou a crise sanitária. Para Biden, o adversário “não mostrou muita coragem”.
Biden ressaltou, por exemplo, que Trump não tem um “plano real” para a reabertura das escolas com segurança. “Ele não está oferecendo nada além de fracasso e delírios do início ao fim para as famílias americanas e nossos filhos. Eles estão pagando o preço por seus fracassos”, insistiu o democrata.
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Democrata vai a Kenosha
Depois do presidente Donald Trump, será a vez de Joe Biden viajar a Kenosha, no estado de Wisconsin. O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos viajará amanhã para a cidade, palco de protestos e de confrontos depois que a polícia feriu gravemente o afro-americano Jacob Blake, alvejado por sete disparos durante uma abordagem.
A agenda do democrata prevê um encontro com a família de Blake. Será a segunda viagem oficial de Biden depois de meses de extrema cautela, em razão da pandemia do novo coronavírus. Para analistas, um sinal de que o adversário de Trump mergulhou efetivamente na campanha. “Trata-se de garantir que continuemos avançando”, disse o democrata.
“Temos que curar, unir as pessoas. Então, meu propósito ao ir será exatamente esse. Ser uma influência positiva em meio ao que está acontecendo”, assinalou o ex-vice de Barack Obama. Trump, de 74 anos, que multiplica os comícios a dois meses das eleições de 3 de novembro, brinca com a “falta de energia” de Biden, três anos mais velho.
Espera-se que Wisconsin desempenhe um papel crucial na corrida à Casa Branca. Em 2016, Trump surpreendeu ao vencer no estado. Na visita de anteontem a Kenosha, ele fez um comício no qual ressaltou o lema “Lei e Ordem”. Ele classificou os protestos de “terrorismo doméstico”.