Astronomia

Buraco negro inédito é descoberto

Correio Braziliense
postado em 02/09/2020 23:09
 (crédito: Mark Myers, ARC Centre of Excellence for Gravitational Wave Discovery (OzGrav))
(crédito: Mark Myers, ARC Centre of Excellence for Gravitational Wave Discovery (OzGrav))

Graças a um fenômeno previsto por Albert Einstein e confirmado em 2015, cientistas observaram um novo tipo de buraco negro, resultado da fusão de dois objetos do tipo. Devido à ação das ondas gravitacionais, foi possível detectá-lo a 7 bilhões de anos-luz da Terra.
A descoberta, descrita em dois artigos publicados em duas revistas científicas, é a primeira prova direta da existência de buracos negros de massa intermediária (entre 100 e 100 mil vezes mais massivos do que o Sol) e poderia explicar um dos enigmas da cosmologia: a formação desses objetos supermassivos presentes em várias galáxias, incluindo a Via Láctea.
“É uma porta que se abre para uma nova paisagem cósmica”, comemorou, em coletiva de imprensa, Stavros Katsanevas, diretor do Virgo, um dos dois detectores de ondas gravitacionais que captaram os sinais desse novo buraco negro. O misterioso objeto, chamado GW190521 e descrito nas revistas Physical Review Letters e Astrophysical Journal Letters por uma equipe internacional de mais de 1,5 mil cientistas, inclusive brasileiros, é provavelmente resultado da fusão de dois buracos negros. Ele tem uma massa 142 vezes maior do que a do Sol e é o objeto do tipo mais massivo já detectado por ondas gravitacionais.
Preditas por Albert Einstein em 1915, em sua teoria da relatividade geral, e observadas diretamente um século depois, as ondas gravitacionais são minúsculas deformações do espaço/tempo, semelhantes às ondulações da água na superfície de um lago. Nascem sob o efeito de fenômenos cósmicos violentos, como a fusão de dois buracos negros que emitem uma quantidade extraordinária de energia.
A onda gravitacional de GW190521 levou 7 bilhões de anos para ser observada da Terra e é o buraco negro mais distante e, portanto, mais antigo já descoberto. O sinal foi registrado em 21 de maio de 2019 pelos instrumentos Ligo (americano) e Virgo (europeu). Esse sinal era ultracurto (um décimo de segundo) e de baixíssima frequência (quanto mais voltamos no passado, mais as frequências diminuem).
Novos mistérios

Até agora, apenas evidências indiretas, por observações eletromagnéticas, sugeriam a existência dessa população de buracos negros intermediários. Mais pesados do que os resultantes do colapso de estrelas, mas muito mais leves do que os monstros supermassivos, eles poderiam ser a chave para um dos enigmas da astrofísica e da cosmologia: a origem desses objetos com massa muito superior à do Sol.
Uma das hipóteses que explicam o nascimento deles seria, justamente, a fusão repetida de buracos negros de massa intermediária. A detecção de GW190521 levanta novas questões. “Ela confirma que existe uma grande parte do universo ainda invisível para nós”, comentou o astrofísico KaranJani, do Ligo.

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