Racismo

Nos EUA, Nova York investiga morte de homem negro encapuzado pela polícia

A morte de Daniel Prude, de 41 anos, uma semana depois de sua prisão, foi divulgada por sua família nesta quarta-feira (2/9)

Agência France-Presse
postado em 03/09/2020 12:43 / atualizado em 03/09/2020 12:46
Em 23 de março de 2020, imagem tirada de um vídeo da câmera de vídeo divulgado pelo Departamento de Polícia de Rochester, Nova York, mostra a polícia prendendo Daniel Prude após supostamente colocar um capuz nele. -  (crédito: Departamento de Polícia de Rochester / AFP)
Em 23 de março de 2020, imagem tirada de um vídeo da câmera de vídeo divulgado pelo Departamento de Polícia de Rochester, Nova York, mostra a polícia prendendo Daniel Prude após supostamente colocar um capuz nele. - (crédito: Departamento de Polícia de Rochester / AFP)

A Procuradoria-Geral do estado de Nova York investiga a morte, em março deste ano, de um homem negro, após a divulgação de um vídeo nesta semana que mostra como a polícia o prendeu: colocando-lhe um capuz e forçando-o ficar de bruços no chão.

A morte de Daniel Prude, de 41 anos, em Rochester, norte do estado de Nova York, uma semana depois de sua prisão, foi divulgada por sua família nesta quarta-feira, e renovou a indignação pelo tratamento de pessoas negras por parte da polícia americana.

"A morte de Daniel Prude foi uma tragédia", disse a promotora Letitia James em um comunicado divulgado na quarta-feira, ao anunciar a investigação.

"Compartilho das preocupações da comunidade para garantir que haja uma investigação justa e independente sobre sua morte e apoio seu direito de protestar", acrescentou Letitia, que também é negra.

Em 23 de março, o irmão da vítima ligou para a polícia para que ajudasse Prude, que tinha problemas psicológicos, quando este saiu de madrugada nu pelas ruas cobertas de neve.

O vídeo recém-obtido pela família, filmado pelas câmeras colocadas nas vestes dos policiais, mostra Daniel Prude nu e desarmado.

A polícia ordenou que se jogasse no chão, ele obedeceu e foi algemado, mas depois mostrou-se agitado. Os policiais, então, colocaram-lhe um capuz feito para que os agentes evitem cuspes, ou mordidas, dos detidos. Ele foi obrigado a manter a cabeça para baixo durante dois minutos.

Prude perdeu a consciência. Os policiais tentaram reanimá-lo, mas não conseguiram e o levaram para um hospital, onde morreu uma semana depois, quando foi retirado das máquinas que o mantinham com vida.

Segundo o jornal local Democrat and Chronicle, a necropsia determinou que sua morte foi um homicídio causado por "complicações de asfixia devido a uma dominação física". Também detectou um baixo nível da droga alucinógena PCP no sangue de Prude, o que foi descrito como uma complicação.

"Chamei (a polícia) para que ajudassem meu irmão, não para que o linchassem", disse Joe Prude em coletiva de imprensa na quarta-feira.

Os policiais envolvidos não foram suspensos. Um protesto pela morte de Prude na quarta-feira em Rochester foi dispersado pela polícia com spray de pimenta e terminou com várias prisões, informou o jornal local. Outro protesto pelo caso está previsto para esta quinta-feira à noite na cidade de Nova York.

A morte em maio de George Floyd, outro homem negro, asfixiado por um policial branco em Minneapolis, desencadeou protestos gigantescos nos EUA e em outros países, convocados pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) contra o racismo e contra a violência policial.

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