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Biden se reúne com familiares de Jacob Blake, jovem negro ferido pela polícia

Além disso, o candidato à presidência dos EUA disse que falou por telefone com Jacob Blake e que a vítima disse que "nada" irá derrotá-lo

Agência France-Presse
postado em 03/09/2020 17:50
 (crédito: Olivier DOULIERY / AFP)
(crédito: Olivier DOULIERY / AFP)

Apresentando-se como um unificador de um Estados Unidos em carne viva, o candidato democrata à presidência Joe Biden se encontrou com parentes de Jacob Blake, um jovem negro gravemente ferido pela polícia, na quinta-feira (3/9) visitando Wisconsin, um estado importante para as eleições nos EUA em novembro.

O ex-vice-presidente e sua esposa, Jill Biden, passaram uma hora com a família do afro-americano de 29 anos que foi baleado à queima-roupa por um policial branco na frente de seus filhos em 23 de agosto em Kenosha, nas margens do Lago Michigan.

Joe Biden disse que falou por telefone com Jacob Blake e que a vítima disse que "nada" irá derrotá-lo.

"Tive a oportunidade de passar algum tempo com Jacob ao telefone. Ele está fora da terapia intensiva, conversamos por cerca de 15 minutos", disse Biden em uma reunião comunitária em uma igreja em Kenosha.

"Ele falou sobre como nada iria derrotá-lo, que caminhando de novo ou não, ele não irá desistir", acrescentou Biden.

O incidente de Jacob Blake, gravado por um transeunte, reacendeu o movimento de protesto contra o racismo e a brutalidade policial que abala os Estados Unidos desde maio, e resultou em três noites de motins naquela cidade de 100 mil habitantes.

O presidente Donald Trump, rival republicano de Biden na eleição de 3 de novembro, visitou Kenosha na terça-feira, mas sem se encontrar com a família de Blake, ou mesmo dizer seu nome.

Assim que desceram do avião em Milwaukee, a maior cidade de Wisconsin, os Biden encontraram a família Blake, acompanhados por seus advogados.

Os jornalistas não puderam comparecer à reunião. Segundo sua equipe de campanha, o ex-vice-presidente de Barack Obama conversou pessoalmente com o pai de Blake, duas irmãs e um irmão, que está hospitalizado e paralisado da cintura para baixo. Sua mãe compareceu à reunião por telefone.

O propósito da sua visita teria sido "unir as pessoas, ser uma influência positiva", disse Biden em entrevista coletiva na quarta-feira.

"Devemos curar as feridas", disse o democrata, que denuncia incansavelmente o "racismo institucional" enquanto rejeita a violência nas manifestações.

"Lei e ordem" 

Dois meses antes das eleições presidenciais, Biden marca com esta viagem uma fase mais ativa de sua campanha.

O candidato democrata permaneceu confinado pela pandemia em sua casa em Wilmington, Delaware, por semanas, depois limitou suas viagens à região. Enquanto isso, Trump não parava de cruzar o país insistindo com sua mensagem de "lei e ordem".

O candidato republicano não ficará para trás: na noite desta quinta-feira, planeja discursar na cidade de Latrobe, na Pensilvânia, outro estado importante na disputa.

A campanha eleitoral de 2020 nos Estados Unidos é marcada por fatores sem precedentes: uma pandemia que ceifou mais de 180.000 vidas, uma profunda crise econômica e uma onda histórica de raiva contra o racismo.

Enquanto Biden aparece à frente do bilionário republicano nas pesquisas, a incerteza é mantida pelas pontuações mais apertadas nos estados com votação decisiva.

Biden, de quem Trump, de 74 anos, zomba implacavelmente de sua alegada "falta de energia", deu o sinal na segunda-feira de que adotará um ritmo de campanha mais sustentado com um discurso em Pittsburgh, Pensilvânia.

Em Kenosha, onde se apresentou como um defensor da segurança americana diante dos democratas "radicais", Trump inspecionou as ruínas das lojas incendiadas à margem dos protestos, agradeceu à polícia e equiparou as manifestações violentas com "terrorismo doméstico".

As tensões naquela cidade chegaram ao pico em 25 de agosto, quando Kyle Rittenhouse, de 17 anos, disparou um rifle semiautomático contra três manifestantes, matando dois.

Sua prisão no dia seguinte restaurou a precária calma da cidade.

Trump se recusou a condenar as ações de Rittenhouse, acusado de assassinato em primeiro grau.

Campanha silenciosa

Em 2016, Trump surpreendeu ao vencer por pouco em Wisconsin, onde a rival Hillary Clinton não havia feito campanha. Desta vez, todos estão olhando de perto para este estado do meio-oeste.

Cientes de sua importância, os democratas optaram por organizar sua convenção nacional em Milwaukee para lançar formalmente a candidatura de Biden. No entanto, o conclave teve que se tornar totalmente virtual devido à pandemia.

Paralelamente, Trump fez um discurso ao ar livre em Wisconsin no momento da convenção democrata e viajou para outros estados importantes nas últimas semanas: Minnesota, Iowa, Arizona, New Hampshire e Carolina do Norte.

Biden disse na quarta-feira que gostaria de sair mais e sentiu que "um presidente tem a responsabilidade de dar o exemplo", respeitando as medidas de contenção.

Em qualquer caso, sua campanha silenciosa valeu a pena até agora: o veterano político anunciou na quarta-feira que arrecadou US$ 364,5 milhões em agosto, um recorde.

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