Protestos

Milhares de manifestantes desafiam a repressão de Lukashenko em Belarus

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Viasna, pelo menos 37 pessoas foram presas à margem desta manifestação

Agência France-Presse
postado em 06/09/2020 14:55 / atualizado em 06/09/2020 14:55
 (crédito: TUT.BY / AFP)
(crédito: TUT.BY / AFP)

Dezenas de milhares de bielorrussos voltaram a desafiar, neste domingo (6), a feroz repressão do regime para protestar contra a reeleição de Alexander Lukashensko nas ruas de Minsk, onde as autoridades policiais isolaram o centro da cidade e veículos blindados protegem locais estratégicos.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Viasna, pelo menos 37 pessoas foram presas à margem desta manifestação. Diante de um presidente que rejeita qualquer diálogo, os opositores voltaram às ruas de Minsk para protestar contra a eleição presidencial de 9 de agosto, que consideram fraudulenta, apesar da repressão brutal das manifestações que ocorreram desde então.

Lukashenko, que denuncia uma conspiração ocidental desde o início dos protestos, recorreu ao apoio de Moscou, que parece disposto a fornecê-lo, conforme evidenciado pela visita esta semana a Minsk do primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin. Esta semana foi marcada pela severa resposta das autoridades às manifestações estudantis, com detenções de alunos e jornalistas.

Desde o início do ano letivo, em 1º de setembro, os estudantes entraram em greve e realizaram várias ações sob as cores vermelha e branca da oposição para denunciar o poder de Lukashenko, que há 26 anos lidera o país com mão de ferro. No sábado, cerca de 4.000 pessoas protestaram nas ruas de Minsk e 91 foram presas, segundo o ministério do Interior.

"Lembrem-se de que somos fortes enquanto estivermos unidos", declarou a líder da oposição Svetlana Tikanovskaya, refugiada na Lituânia e que se considera a vencedora da eleição, em uma curta mensagem de vídeo. Foi depois de seu chamado que os bielorrussos passaram a se reunir todos os domingos em Minsk para expressar sua oposição a Lukashenko. Essas manifestações históricas reuniram mais de 100.000 pessoas, um recorde na história do país.

Na sexta-feira, Tikanovskaya pediu à comunidade internacional sanções contra o regime de Lukashenko e o envio de uma missão da ONU para "documentar" as violações dos direitos humanos e a repressão das manifestações - que deixaram três mortos e dezenas de feridos, com denúncias de numerosos casos de tortura e maus-tratos.

Detenções

Este domingo, entre as dezenas de detidos estavam dois membros do "Conselho de Coordenação", cujo objetivo é promover uma transição pacífica de poder, Serguei Dilevsky e Olga Kovalkova, presos na entrada da fábrica de tratores MTZ em Minsk segundo seus colegas. Além de sua posição neste "Conselho", Dilevsky também é presidente do comitê de greve da fábrica.

O também presidente do comitê de greve de outra importante fábrica, a de veículos pesados MZKT, Alexander Lavrinovich, também foi preso esta manhã pela polícia no momento em que coletava assinaturas a favor de uma nova paralisação, informaram trabalhadores à AFP.

O co-presidente do comitê de greve da Belaruskali, uma empresa produtora de potássio, Bokun Anatoli, também foi preso hoje em Soligorsk, uma cidade industrial localizada cerca de 135 km ao sul de Minsk. Lukashenko, de 66 anos, mantém-se firme e aparece regularmente na mídia local com um fuzil em mãos para denunciar os "ratos" que protestam contra ele.

Moscou, que denunciou a interferência ocidental desde o início da crise, aumentou seu apoio com a visita de Mishustin a Minsk na quinta-feira. O primeiro-ministro russo não fez grandes declarações, mas sua viagem foi a primeira deste nível desde o início da crise.

Vladimir Putin também prometeu enviar forças russas para Belarus se os protestos se intensificarem e uma reunião com Lukashenko está prevista "nas próximas duas semanas", de acordo com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov. Lukashenko também parece disposto a fazer qualquer coisa para agradar seu vizinho russo.

Durante seu encontro com Mishustin, disse que seus serviços interceptaram uma comunicação entre Berlim e Varsóvia que mostrava que o envenenamento do opositor russo Alexei Navalny, hospitalizado em Berlim, era uma "armação" ocidental para dissuadir Moscou de intervir em Belarus.

 

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