Tensões na Rússia

Líder opositor russo Navalny sai do coma artificial

Navalny, um advogado de 44 anos conhecido por suas investigações sobre a corrupção na elite política russa, passou mal em 20 de agosto durante um voo e foi internado em caráter de urgência em um hospital de Omsk, na Sibéria

Agência France-Presse
postado em 07/09/2020 12:55
 (crédito: Dimitar DILKOFF / AFP)
(crédito: Dimitar DILKOFF / AFP)

O líder opositor russo Alexei Navalny, que de acordo com a Alemanha foi envenenado na Rússia, saiu do coma induzido e vai deixar de usar o respirador artificial "por etapas", anunciou nesta segunda-feira o Hospital Charité em Berlim.

Navalny, um advogado de 44 anos conhecido por suas investigações sobre a corrupção na elite política russa, passou mal em 20 de agosto durante um voo e foi internado em caráter de urgência em um hospital de Omsk, na Sibéria. Dois dias mais tarde ele foi transferido a Berlim, após pressão da família.

"Reage quando falam com ele", afirma um comunicado divulgado pelo hospital, onde Navalny, de 44 anos, é tratado desde 22 agosto. "O estado de saúde melhorou", completou o centro médico, um dos mais renomados da Europa, mas que destacou não ser possível descartar sequelas a longo prazo do "grave envenenamento".

O governo alemão afirma que existem "provas inequívocas" de que o principal opositor do Kremlin foi envenenado na Rússia com uma substância neurotóxica do tipo Novichok, desenvolvida no período soviético para fins militares e que já foi utilizada contra o ex-agente duplo russo Serguei Skripal e sua filha Yulia em 2018 na Inglaterra.

De acordo com a equipe de Navalny, o fato de ter sido envenenado com Novichok, substância de acesso estritamente militar, demonstra que o Estado russo seria responsável, mas o Kremlin nega qualquer envolvimento.

"Todas as tentativas de associar a Rússia de alguma maneira com o que aconteceu (com Navalny) são inaceitáveis para nós, são absurdas", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. As autoridades russas acusam a Alemamha de demorar a compartilhar os resultados das investigações, apesar dos pedidos dos promotores.

De acordo com Peskov, Moscou ainda não recebeu os elementos, mas espera que Berlim proporcione todas as informações necessárias à Rússia "nos próximos dias". "Estamos esperando com impaciência", completou.

Berlim advertiu que se Moscou não explicar o incidente, graves consequências podem acontecer, como por exemplo afetar o projeto do gasoduto Nord Stream 2, que deve abastecer a Alemanha e a Europa com gás russo.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, declarou no domingo que seu país, que ocupa a presidência semestral da União Europeia, apresentaria possíveis sanções contra a Rússia se o Kremlin não apresentar nenhuma explicação sobre o que aconteceu com Navalny.

 

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