O Hospital da Mulher de La Paz reabriu suas portas, após duas semanas sem atendimentos devido a um contágio generalizado de coronavírus entre pacientes e funcionários, e agora funciona como um centro para grávidas com covid-19.
"Falamos com o Serviço Departamental de Saúde (de La Paz) para propor que precisávamos reestruturar o hospital, recuperar as pessoas e transformá-lo em um hospital-covid, exclusivamente para a atenção das mulheres grávidas", declarou à AFP o diretor do hospital, Yuri Pérez.
Em meados de agosto, o Hospital da Mulher registrou uma infecção generalizada da covid-19 que afetou a equipe. Com um número insuficiente de médicos, enfermeiras e equipe de apoio para atender os pacientes, precisou fechar imediatamente.
A causa desse contágio foi atribuída ao fato de que grande parte das mulheres que precisavam de atendimento médico tinham covid-19, mas eram assintomáticas. Foi detectado que havia 21 pacientes com o vírus.
O hospital fechou, foi desinfetado e reabriu para atender exclusivamente as grávidas com coronavírus.
Com 11 milhões de habitantes, a Bolívia vive uma fase crescente da pandemia, com 120 mil casos e mais de 7 mil mortos.
"Toda a emergência virá para cá em casos excepcionais, mas o hospital vai priorizar o atendimento para a proteção do binômio materno-fetal", afirmou a médica Débora Rodríguez, responsável pelo Serviço Departamental de Saúde de La Paz.
O hospital foi condicionado a enfrentar a pandemia e prevenir novas infecções.
Fitas amarelas coladas no chão demarcam os acessos às áreas de neonatologia e terapia intensiva (UTI). Cortinas de plástico transparente com gigantescos "X" em vermelho funcionam às vezes como paredes, proibindo a passagem para determinadas áreas e obrigando a circular por espaços higienizados.
Além disso, os profissionais de saúde do hospital receberam trajes de biossegurança para sua proteção.
O hospital viveu momentos difíceis no início de agosto. A vida dos bebês prematuros correu risco pela escassez de oxigênio medicinal devido aos bloqueios nas estradas.
"Poderei ter o meu bebê"
Durante 12 dias, aliados do ex-presidente Evo Morales bloquearam importantes estradas do país para protestar pelo adiamento das eleições gerais, o que impediu a circulação de caminhões de alimentos e suprimentos médicos.
Durante o período de desinfecção, as gestantes foram transferidas para outros centros de saúde, embora nem todas tenham recebido um atendimento adequado, principalmente aquelas suspeitas de portar o vírus.
Algumas futuras mães expressam sua confiança em um hospital especializado.
"Estou com covid-19. Acabaram de detectar no hospital La Paz e não quiseram me atender. Estou com risco. Graças à Deus o Hospital da Mulher está atendendo e poderei facilmente ter o meu bebê", conta Yoselín Quisbert.
Assim como ela, outras grávidas fazem filas nas portas do hospital à espera de receber uma ficha que lhes garantirá um atendimento especializado.
À beira das lágrimas, Marisol Huanc expressa sua preocupação diante da possibilidade de perder o filho que está para nascer. "O bebê já não está se movendo muito bem", disse. O hospital é sua única esperança.
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