Envenenamento

Alemanha considerará 'todo tipo' de sanções contra a Rússia por caso Navalny

Navalny está internado em um hospital de Berlim desde 22 de agosto, após ser transferido da Rússia, onde entrou em coma após se sentir mal em um avião na Sibéria

Agência France-Presse
postado em 08/09/2020 14:22 / atualizado em 08/09/2020 14:24
O hospital Charite, onde Navalny é tratado, disse que agora o opositor russo saiu do coma induzido e está reagindo à fala, porém, ainda é muito cedo para determinar o impacto a longo prazo do envenenamento. -  (crédito: John MACDOUGALL / AFP)
O hospital Charite, onde Navalny é tratado, disse que agora o opositor russo saiu do coma induzido e está reagindo à fala, porém, ainda é muito cedo para determinar o impacto a longo prazo do envenenamento. - (crédito: John MACDOUGALL / AFP)

A Alemanha está disposta a considerar "toda uma bateria" de possíveis sanções contra a Rússia após o envenenamento, segundo Berlim, do opositor russo Alexei Navalny, declarou seu secretário de Estado para Assuntos Europeus em uma entrevista à AFP.

O governo deseja comunicar "que estamos abertos a todos os tipos de possibilidades de sanções" tomadas pela União Europeia (UE) contra Moscou, afirmou Michael Roth em Berlim.

Navalny está internado em um hospital de Berlim desde 22 de agosto, após ser transferido da Rússia, onde entrou em coma após se sentir mal em um avião na Sibéria.

Segundo Roth, tudo dependerá de Moscou, a quem os países ocidentais incitaram a esclarecer o envenenamento do principal opositor russo.

"As autoridades russas ainda têm a possibilidade de mostrar claramente sua vontade de cooperar e esclarecer um crime que continua me deixando sem palavras", ao invés de multiplicar as "cortinas de fumaça", disse o secretário de Estado alemão.

Neste momento, a Alemanha não descarta o congelamento do projeto de gasoduto Nord Stream 2, que deve ligar a Rússia à Europa através da Alemanha e do mar Báltico.

A decisão será "o resultado de discussões e consultas estreitas no nível europeu", disse Roth, que recebeu seu colega francês, Clément Baune, em Berlim segunda-feira à noite.

Ele recordou, porém, que o gasoduto, cujas obras estão paralisadas, "não é o único projeto alemão" e que as possíveis sanções afetariam toda a Europa, visto que existem uma centena de empresas europeias associadas.

O debate sobre o futuro do gigantesco projeto de energia foi reacendido na Alemanha, uma vez que Berlim considerou comprovado o envenenamento do opositor russo por um agente nervoso do tipo Novichok. O que Moscou rejeita.

O chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, mencionou no domingo a opção de sanções contra membros do aparato russo que teriam tido um papel no envenenamento.

Roth enfatizou que o mecanismo de sanções também pode ser aplicado às autoridades bielorrussas, que reprimem um amplo movimento de protesto no país.

Também nesta terça-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, exigiu uma "investigação profunda, transparente, independente e imparcial" por parte das autoridades russas sobre o "crime muito grave" cometido contra Navalny.

"Cabe às autoridades russas investigar em profundidade quem foi o responsável por este crime muito grave cometido em solo russo", afirmou.

Bachelet disse ainda que agentes neurotóxicos como o Novichok e Polônio-210 são substâncias sofisticadas extremamente difíceis de se obter.

"Isso levanta muitas questões", apontou.

"Por que usar substâncias como essas? Quem as usa? Como as conseguiram?", completou.

Ao ser questionado sobre os culpados, durante uma entrevista coletiva da ONU, em Genebra, o porta-voz de Bachelet, Rupert Colville, disse que "não estar em posição de fazer acusações diretas".

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